A Apple divulgou, nesta quarta-feira (13), um documento rebatendo a um projeto da União Europeia que pode forçar a empresa a permitir a instalação de softwares fora da App Store. A empresa disse que se isso acontecer, o número de crimes cibernéticos em seu ecossistema pode aumentar.
A Comissão Europeia para a Concorrência, liderada pela dinamarquesa Margrethe Vestager, está mirando práticas anticompetitivas principalmente de marcas de tecnologia. A ideia da entidade é fazer com que as empresas se abram para a prática da instalação dos chamados "sideloadings apps", ou seja, programas de terceiros e de outras lojas virtuais.
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"Se a Apple fosse forçada a oferecer suporte ao sideload, aplicativos mais prejudiciais atingiriam os usuários porque seria mais fácil para os cibercriminosos atacá-los — mesmo que o sideload fosse limitado apenas a lojas de aplicativos de terceiros", diz um trecho do relatório.
O documento, que se chama "Building a Trusted Ecosystem for Millions of Apps", tem mais de 30 páginas e apresenta conclusões parecidas a um outro que foi divulgado em junho. Antes disso, o próprio CEO da marca, Tim Cook, já havia dito em entrevista que o ecossistema da companhia é fechado para garantir privacidade e segurança aos usuários.
Ataques ao Android
O arquivo divulgado pela Maçã cita com bastante frequência o Android. O texto sugere que uma possível permissão de apps que estão na loja virtual do concorrente pode ser prejudicial para quem tem dispositivos da Apple. "Nos últimos quatro anos, os dispositivos Android tiveram de 15 a 47 vezes mais infecções por malware do que o iPhone", informa.
Citando dados da empresa de cibersegurança Kaspersky, o relatório diz que em 2020 quase seis milhões de ataques foram detectados mensalmente em dispositivos Android. "Como o Android suporta sideload, o malware pode se espalhar nesta plataforma com mais facilidade. Os smartphones Android são os dispositivos móveis mais comuns alvos de malware", cita.
Além de lembrar sobre o possível perigo de abrir o próprio sistema para outras lojas, a gigante de Cupertino também lembrou que outras modalidades, como download de apps via browser, também oferecem bastante risco, já que os cibercriminosos costumam distribuir malwares em softwares que são baixados desta forma.
Por causa disso tudo, a Apple argumenta de maneira incisiva que não encara de forma positiva a proposta da Comissão Europeia para a Concorrência de obrigar as marcas a abrirem seus sistemas dessa forma.
"Se as regulações forçarem as plataformas a oferecerem suporte ao sideload sem qualquer proteção, a ameaça de malware, pirataria e roubo de propriedade intelectual em ambas as plataformas provavelmente será maior", dispara.
O projeto encabeçado por Vestager ainda precisa de aprovação dos legisladores da União Europeia e dos países do bloco. Isso pode ocorrer daqui cerca de dois anos.