Em 1639, o pintor holandês Rembrandt van Rijn, na época com 36 anos, recebeu a encomenda de uma pintura para decorar a sede da Corporação dos Arcabuzeiros de Amsterdã. Concluído em 1642, esse quadro, hoje conhecido como A Ronda Noturna, é considerado uma das maiores pinturas do Ocidente e o maior representante do Barroco holandês.
A obra de arte já atraiu milhões de visitantes ao Rijksmuseum, na capital holandesa, mas o que poucos sabem é que o quadro é incompleto. Adquirido pela prefeitura de Amsterdã, em 1715, a pintura não cabia entre as duas portas do prédio, e a solução encontrada para o problema foi simples: cortar a pintura.
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Dos 363 cm x 437 cm originais, foi tirada uma fatia de 60 cm do lado esquerdo, 22 cm da parte superior, 12 cm da inferior e 7 cm à direita. Como se percebe, a pintura é tão grande que os personagens são retratados quase em seu tamanho natural. Mas o que a destaca é a forma dramática com a qual Rembrandt usou os recursos de luz e sombra, além de imprimir uma percepção de movimento única.
A Inteligência Artificial a serviço da arte
Fonte: Rijksmuseum/DivulgaçãoFonte: Rijksmuseum
Passados mais de 300 anos do desastroso corte, os representantes do museu resolveram utilizar um software de computador para restaurar as peças que faltavam. Utilizando recursos de inteligência artificial, pesquisadores alimentaram o funcionamento do algoritmo com duas imagens do quadro.
A primeira imagem foi uma digitalização em alta resolução do próprio original, e a segunda era uma cópia pintada antes do corte, por Gerrit Lundens, um artista contemporâneo de Rembrandt.
A imagem resultante do processo cibernético foi impressa e montada exatamente ao lado da pintura original, para que os visitantes consigam admirar a obra em sua completude. A nova visualização permite notar um menino fugindo da polícia, e desloca o comandante do batalhão, do centro da pintura para o lado, sugerindo movimento de marcha, como em uma cena de cinema.
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