A história do Opera

7 min de leitura
Imagem de: A história do Opera
Imagem: TecMundo

A história do Opera começou em 1994, ano em que o mercado de navegadores estava apenas engatinhando. O líder era o Netscape Navigator, e foi nesse período que a empresa estatal de telecomunicações da Noruega chamada Telenor começou a desenvolver um programa para navegar na intranet, a rede interna da companhia.

smart people are cooler

Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.

Assine já o The BRIEF, a newsletter diária que te deixa por dentro de tudo

O nascimento da Opera Software

As duas pessoas por trás do projeto eram Jon Stephenson von Tetzchner e Geir Ivarsoy. O negócio era tão bom, cresceu tanto e deu tão certo que a empresa resolveu desenvolver o navegador para uma versão comercial voltada ao público em geral. O resultado chegou em agosto de 1995, com a criação da Opera Software.

A primeira versão demorou um pouquinho para sair. Ela se chamava MultiTorg Opera 2.1, vinha disponível só em disquete para Windows 95 e OS/2. Essa versão era um shareware (uma palavrinha que muita gente não escuta faz alguns anos), que é uma mistura da palavra "software" com share (que significa compartilhar), porque a ideia é que fosse distribuído pelas pessoas por meio de cópias emprestadas. Só que o acesso ao programa era cobrado em algum momento, gerando renda para o desenvolvedor; então, alguns travavam funções, outros cobravam desde o começo e outros liberavam um período de testes gratuitos. Esse era o caso do Opera no início da vida.

Isso faz dele um dos navegadores mais antigos do mundo ainda em atividade. Isso porque a imensa maioria dos softwares desse período simplesmente faliram, foram absorvidos por outros projetos ou foram descontinuados por sucessores que nada tem a ver com o original, como o Internet Explorer que virou o Edge.

Opera Mobile

Logo no começo, o Opera foi elogiado por ser um navegador construído do zero, o que garantiu alguns recursos inéditos e exclusivos por vários anos. Além disso, ele entendeu rápido que o futuro era oferecer também uma versão para dispositivos móveis, e isso foi feito em 1998. O Opera Mobile rodou em dispositivos com Symbian, como o Psion Series 5, além de outros computadores de bolso ou PDAs.

Ele também foi um dos primeiros navegadores a suportar o padrão Cascading Style Sheets (CSS) e, em 2000, o Opera 4.0 já facilitava a expansão para outras plataformas e sistemas operacionais. Ainda nesse ano, o Opera 5.0 chegou ao mercado com uma novidade: ele deixou de ser pago e virou gratuito para baixar e usar, mas com anúncios.

Precisando criar cada vez mais recursos para tentar arranhar o domínio do Internet Explorer e da AOL, em 2001 a empresa lançou uma plataforma chamada My Opera, um serviço que tinha blog, álbum, e-mail e mais outros itens para quem era usuário fiel.

Outra grande mudança aconteceu em 2003. Esse foi o ano do Opera 7 e da estreia da engine de navegação Presto, que o deixou com um aspecto ainda mais único. Esse motor posteriormente foi utilizado nos navegadores do Nintendo DS e do Wii Internet Channel, além de aplicativos da Adobe Creative Suite. Em boa fase, a empresa entrou no mercado de ações da Noruega em 2004 e, em 2005, mudou de novo o modelo de monetização. Devido a uma parceria com a Google, que virou o buscador padrão do navegador, os anúncios foram removidos.

Opera Mobile StoreOpera Mobile Store (Imagem: Opera/Reprodução)

A chegada do Opera Mini

No mesmo ano, saiu o sucessor do Opera Mobile. O Opera Mini é um aplicativo para dispositivos móveis que virou um fenômeno ao redor do mundo, sendo muito usado até hoje. O grande trunfo é que ele lida melhor com o carregamento de páginas mesmo em conexões não tão boas, por processar internamente as páginas e compactar imagens, além de ter outros recursos.

Antes do Chrome virar padrão no Android, o Opera Mini era um dos mais recomendados.

Com ajuda da tecnologia da GeoTrust, em 2006 o navegador ganhou um sistema de proteção antifraude. Ao longo dos anos, houve bastante foco em privacidade e segurança. Já em 2007, nasce o que talvez seja um dos recursos mais conhecidos do programa: o Speed Dial, uma página inicial com atalhos e informações úteis bem personalizáveis.

Foi em 2010 que o Opera 11 finalmente adicionou um recurso que era muito pedido pela comunidade e ainda não tinha sido atendido: o suporte para extensões. No mesmo ano, nasceu a Opera Mobile Store, uma loja virtual de aplicativos pagos e gratuitos para aparelhos móveis — Android, BlackBerry, Palm, Symbian, Windows Mobile e outros desenvolvidos em Java.

Nesse período, o Opera acumulava recursos paralelos, que funcionavam embutidos ou eram oferecidos junto do navegador. Claro que não dá para citar todos, mas olhe só alguns:

  • Opera Turbo: que compacta os dados das páginas acessadas e permite a visualização mesmo em conexões ruins.
  • Opera Link: que sincroniza navegadores usando uma conta da empresa.
  • Opera Dragonfly: um ambiente de criação para navegadores compatíveis.
  • Opera Unite: que é um servidor para a hospedagem de serviços e armazenamento de arquivos.

Opera TV Store

Precisando expandir para outros segmentos, a empresa criou a Opera TV Store em 2012. Um serviço que pode ser adicionado a TVs, reprodutores de Blu-ray e outros aparelhos para permitir a reprodução de aplicativos em HTML5.

Além disso, em 2013 ela substituiu a engine própria Presto pela WebKit — uma engine Chromium, criada pela Google — que deixa o navegador com mais suporte a outros recursos, mas também menos original como era no começo. No mesmo ano, foi experimentado o Opera Coast, um novo navegador mobile feito do zero com movimentos por gestos, mas ele não deu certo e foi descontinuado poucos anos depois.

Opera TVOpera TV (Imagem: Opera/Reprodução)

Novas mudanças

Em 2014, a comunidade My Opera foi encerrada, mas ganhou uma sucessora espiritual: a Vivaldi.net. Reconheceu o nome? Um ano depois, ela virou um navegador próprio, o Vivaldi, que está até hoje comandada por um dos cofundadores do original, o Jon. Ele saiu da empresa ainda em 2011, por discordâncias com a nova gerência, depois de já ter deixado o cargo de CEO e só atuar como consultor estratégico.

No mesmo ano, o Opera Mini entrou em celulares da Nokia como navegador padrão, e a Opera Mobile Store substitui a loja da fabricante finlandesa, que no período estava finalizando a sua absorção pela Microsoft. O ano de 2015 foi carregado de notícias: a primeira foi o lançamento do Opera Max, que reduz o consumo de dados por quem acessa serviços de streaming no Android para economizar no plano.

A compra da brasileira Bemobi, uma desenvolvedora de uma plataforma de clube de aplicativos mobile, também foi um marco importante. Por outro lado, boa parte dos empreendimentos do passado e do presente não estavam dando resultado para os investidores. Com isso, a Opera Software entrou na pior crise financeira por não cumprir a projeção de lucros, e o jeito foi mudar de mãos.

Sob nova direção

Como resultado, em 2016, a divisão do navegador foi comprada por um consórcio chinês por US$ 600 milhões. Praticamente nada mudou na estrutura ou na qualidade do navegador. A sede continua na Noruega e um escritório na Polônia hoje divide as responsabilidades. A divisão do Opera TV foi posteriormente vendida para outro grupo, assim como a desenvolvedora SurfEasy, que também era do grupo e cuidava de uma VPN.

A partir disso, passou por uma grande reestruturação, focando apenas em alguns negócios específicos de navegadores e aplicativos de conteúdo. Um deles foi a VPN embutida no navegador, um recurso simples, mas gratuito e funcional.

Já em 2017, o lançamento foi duplo. Houve o "Neon", uma versão conceitual com funções ainda em beta, e o “Reborn”, versão principal que insere atalhos para mensageiros no menu da lateral esquerda. Assim, é possível acessar versões web de WhatsApp, Telegram, Instagram, Twitter e Messenger do Facebook de forma rápida e até com notificações.

Também houve o lançamento do Opera News, uma curadoria que reúne notícias e outros conteúdos publicados. E, como a grana ainda estava em falta, a marca começou a vender espaços para anúncios para não depender só do buscador do Google. Em termos de mobile, tivemos ainda em 2018 o Opera Touch, uma versão do navegador com foco na fluidez e na integração multiplataforma, pensado inclusive para ser mais bem utilizado com apenas uma mão.

As novidades dos últimos anos a gente vai passar mais rapidinho, mas dá para resumir dizendo que o Opera foi o pioneiro, ou um dos primeiros, a adicionar diversos recursos no navegador. Confira.

2018

O Opera adicionou suporte nativo de criptomoedas com carteira de Ethereum embutida e finalmente passou a aceitar uso de extensões do Chrome. Também vimos o Opera mini virar exclusivo do Android e adicionar ao catálogo o Opera GX, um navegador para jogos com otimizações automáticas e recursos exclusivos. Já a versão para Android passa a aceitar domínios descentralizados e expande a compra de criptomoedas.

2021

A empresa já adquiriu a YoYo Games, criadora da engine GameMaker Studio 2, e lançou uma submarca no setor de fintechs, a Dify, com algumas funções de banco virtual. Atualmente, o Opera é o quinto navegador do mercado, atrás de Chrome, Safari, Firefox e Edge no desktop. Ele acumula 350 milhões de usuários e está longe de ser o líder, mas vai fazendo o seu trabalho desde o começo da trajetória dos navegadores.

smart people are cooler

Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.

Assine já o The BRIEF, a newsletter diária que te deixa por dentro de tudo

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.