Em um movimento considerado surpreendente por muitos, a Microsoft anunciou hoje (10) a sua entrada na Open Invention Network (OIN). Com isso, a empresa vai compartilhar praticamente todo o seu portfólio de patentes com outras empresas e desenvolvedores de projetos de código aberto, protegendo especialmente quem trabalha com o Linux de processo judiciais envolvendo propriedade intelectual.
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Para isso, a Microsoft abriu mais de 60 mil de suas patentes, tendo mantido fechadas apenas aquelas referentes ao Windows desktop e algumas aplicações também desenvolvidas para esse segmento. Dessa maneira, deixará de ganhar bilhões de dólares com licenciamento de patentes para fabricantes de smartphones Android, por exemplo.
Só em 2014, a empresa de Bill Gates lucrou US$ 3,4 bilhões com o licenciamento de patentes de software para empresas como a Samsung. Com sua participação na OIN, a empresa deixará de ganhar essa receita, mas também terá acesso gratuito às centenas de milhares de patentes de outras companhias.
A cereja do bolo
A Microsoft vem apoiando a comunidade de desenvolvedores de software livre nos últimos anos, mas as plataformas da empresa voltadas para esse público são sempre encaradas com ceticismo. Isso porque, em décadas passadas, a empresa teve incontáveis brigas judiciais com empresas que trabalhavam com Linux e conseguiu ganhar muito dinheiro com isso.
Nós disponibilizamos todo o nosso portfólio de patentes para o sistema Linux. Isso não é apenas referente ao kernel do Linux
Dessa maneira, deixar de cobrar de fabricantes de aparelhos Android uma boa soma de seus lucros por conta de patentes era a última grande ação que a Microsoft poderia fazer para provar que de fato é uma aliada, e não mais uma inimiga.
"Nós disponibilizamos todo o nosso portfólio de patentes para o sistema Linux. Isso não é apenas referente ao kernel do Linux, mas também para outros pacotes construídos a partir disso", disse Erich Andersen, chefe do departamento de PI da Microsoft, em comunicado oficial.
Mudança filosófica
A Microsoft passou de “principal inimiga do Linux” e de empresas que desenvolviam projetos abertos baseados nesse SO para uma de suas principais aliadas. Mais de 2,5 mil funcionários da companhia estão no GitHub e compartilham constantemente projetos de código aberto com a comunidade de desenvolvedores.
Nós mostrados com nossas atitudes que estamos comprometidos com o software livre
Falando em GitHub, a Microsoft comprou a plataforma em 2018 e, diferente do que pensavam os mais pessimistas, a empresa não acabou com a comunidade, tampouco está caçando infratores de suas patentes.
“Nós viemos de uma posição em que não éramos nada amigáveis com a comunidade de software livre”, disse Scott Guthrie, líder do setor de computação em nuvem da Microsoft ao ZDNet. “Mas você deveria observar nossas ações nos últimos cinco ou seis anos. No fim das contas, nós mostramos com nossas atitudes que estamos comprometidos com o software livre”.
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