Estamos ouvindo falar de um sistema operacional alternativo da Google, o Fuchsia, já há algum tempo e ontem (19) ficamos sabendo que ele deve chegar primeiro aos dispositivos de smart home — assim, todos estariam conectados por um hub central de operações. Segundo o Bloomberg, a novidade não deve parar por aí: o Fuchsia estaria sendo preparado já há dois anos, por uma equipe de 100 engenheiros, para tomar o lugar do Android em todos os aparelhos nos próximos cinco anos.
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Objetivo da Google é usar menos a tela sensível ao toque e explorar melhor os comandos vocais e inteligência artificial
O Android foi criado em código aberto para suprir as necessidades geradas pelo uso das telas sensíveis ao toque, de smartphones e tablets. Já o Fuchsia seria uma versão própria da companhia de Mountain View e teria como foco os comandos por voz e amplo uso da inteligência artificial. Ele estaria sendo projetado para acomodar melhor as interações orais e as frequentes atualizações de segurança — para esse último quesito, a Google recrutou o expert Nick Kralevich, que trabalhou oito anos no robozinho verde e conhece bem as limitações anteriores.
Outra preocupação é oferecer a mesma aparência em todas as plataformas, desde os convencionais telefones até laptops e minúsculos sensores conectados à web. Ou seja, o objetivo é realmente ter um padrão mais coeso para todos os tipos de aparelhos, incluindo TVs, carros e geladeiras.
Seria uma ótima maneira de “resetar” o sistema operacional mobile, corrigir todos os equívocos registrados nos últimos dez anos e reconquistar os poderes que a empresa teve que ceder para fabricantes e operadoras.
Fuchsia pode causar troca completa de tecnologia
A grande equipe responsável pelo Fuchsia espera distribuir as primeiras versões estáveis nos próximos três anos, a começar pelos smart speakers, que seriam ideais para testar o suporte aos comandos vocais. Em seguida, a experiência iria para outros dispositivos maiores, a exemplo dos laptops. Contudo, há muito a se adaptar antes que os planos da Google se tornem realidade. A substituição pode significar a troca completa da tecnologia atual por uma nova, o que pode levar mais tempo do que os especialistas esperam.
Equipes internas estariam tendo problemas para chegar a um consenso sobre políticas de privacidade e segurança e monetização de dados para anúncios
A arquitetura do Fuchsia é baseada no micronúcleo batizado de Zircon, ao invés do Linux do Android. A substituição pode trazer uma série de incompatibilidades, principalmente com os aparelhos mais antigos. Isso representaria uma revitalização em toda uma geração de produtos. Além disso, há muita coisa conectada atualmente ao Chrome OS, que assim fatura uma fortuna com publicidade online.
Relatos de insiders indicam que ainda não há nem mesmo uma definição do visual da interface de usuário ou dos apps — afinal, como a proposta é diminuir o uso das mãos, tudo deve ser redesenhado para receber ordens orais. Há até rumores sobre uma edição de YouTube sendo desenvolvida com essa acessibilidade, mas ainda é muito pouco a respeito.
Acrescente aí as recentes multas impostas pela União Europeia, que devem mudar diretrizes e influenciar diretamente nas políticas de monetização e privacidade do Fuchsia. E ainda existem relatos de conflitos internos, entre os engenheiros das aplicações de segurança e os grupos que exploram os dados e transformam em receitas com anúncios.
Como dá para notar, a ideia é boa e a Google segue na direção para centralizar o poder de seu sistema operacional móvel, mas isso tem poucas chances de acontecer em um espaço de tempo tão curto.