Até poucos anos, inteligência artificial era considerada algo que pertencia aos filmes de ficção científica. Pesquisadores trabalham nisso há muito tempo, mas só recentemente as aplicações práticas desse tipo de software começaram a tomar contorno. Primeiro, serviços web e aplicações baseadas em nuvem começaram a trazer a IA para as nossas vidas e, mais recentemente, nossos smartphones também passaram a ter hardware dedicado a esse “novo” tipo de tarefa computacional.
Pessoas que estão à frente de empresas como Google, Apple, Microsoft, Huawei e muitas outras sabem que inteligência artificial é sem dúvida o próximo grande objetivo da indústria mobile, mas ainda não existe um consenso geral sobre como esse tipo de software deve funcionar em nossos dispositivos pessoais.
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Google Pixel 2
A Google, que vem trabalhando com a tecnologia há um bom tempo, lançou nesta quarta-feira (24) um novo recurso no seu app gerenciador de arquivos para o Android. O Files Go agora utiliza inteligência artificial para identificar “imagens de bom dia” — aquelas que sua tia envia pelo WhatsApp — armazenadas no seu aparelho e as deleta automaticamente. O objetivo é limpar o armazenamento interno de aparelhos de baixo custo para que eles não fiquem sem espaço e, consequentemente, travem com frequência.
Foi identificado que esse tipo de saudação matinal é algo muito mais comum na Índia do que no Brasil, por exemplo. Tanto é que, de acordo com a Google, um terço de todos os celulares Android no país asiático travam com frequência por falta de espaço. Depois de meses trabalhando em uma IA que pudesse resolver a situação, a Google liberou o recurso no Files Go com exclusividade para a índia. Existe a possibilidade de essa ferramenta do gerenciador passar a funcionar em outros locais em algum momento, mas ainda não temos qualquer confirmação a esse respeito.
Capaz de identificar pessoas e animais de estimação pelo nome e permitir a filtragem de imagens na galeria por indivíduo que aparece
Mas essa está longe de ser a primeira vez que a Google resolve um problema que surge na era do smartphone com IA. A empresa revolucionou a forma como fotos são organizadas no celular através do Google Fotos, que não apenas agrupa imagens de forma organizada automaticamente, mas também é capaz de identificar pessoas e animais de estimação pelo nome e permitir a filtragem de imagens na galeria por indivíduo que aparece nas fotos. É possível também pesquisar com palavras chave qualquer coisa na galeria sem nunca ter atribuído tags às imagens. “Paisagens”, “marido”, “gato”, “cachorro” e “rua” são alguns exemplos.
Contudo, o primeiro esforço em hardware para inteligência artificial da Google veio com o lançamento dos Pixel 2 e 2 XL. Os aparelhos contam com um chip chamado Pixel Visual Core desenvolvido para trabalhar com tarefas de IA com mais desempenho e economia de energia do que seria possível em uma CPU ou GPU mobile qualquer. Essencialmente, esses aparelhos usam o chip dedicado para processar imagens com HDR+ ou trabalhar com recursos mais avançados, como o modo retrato. Com apenas uma câmera traseira, os celulares da Google conseguem tirar fotos melhores que qualquer outro modelo presente no mercado atualmente, tudo isso graças ao software inteligente.
O lado da Maçã
A Apple também está trabalhando em algo similar. O novo iPhone X conta com um chip dedicado conhecido como “neural engine” (ou “motor neural” em português). O conceito é similar ao do Pixel Visual Core, mas aqui ele é utilizado para atividades diferentes. O reconhecimento facial tridimensional do novo smartphone da Apple, por exemplo, depende desse chip para funcionar e autenticar usuários, tanto para desbloquear a tela do celular quanto para autorizar pagamentos no Apple Pay ou na App Store, entre outras possibilidades.
O chip dedicado ainda é utilizado em conjunto com a câmera de TrueDepth do iPhone X para permitir que os Animoji imitem o movimento do rosto dos usuários. Esse recurso da Apple certamente não é o mais útil, mas mostra que a IA pode também ter aplicações fúteis e divertidas. O chip também é utilizado para aplicações de realidade aumentada no iPhone X, dando mais desempenho para aplicações desenvolvidas com o ARKit.
Na China
Mas a primeira empresa que trouxe hardware dedicado para inteligência artificial para o mundo dos smartphones foi a chinesa Huawei. A empresa tem experimentando grande sucesso nas vendas na Ásia e na Europa e, com o seu Mate 10, avança nesse sentido.
O mais novo top de linha da marca tem o chipset chamado Kirin 970, que conta com um núcleo de processamento de inteligência artificial. Modelos anteriores da marca já contavam com o recurso similar, mas os atuais aperfeiçoam a característica com mais processamento de IA local. Ainda assim, a empresa chinesa continua utilizando uma combinação de IA em nuvem com a gerada localmente nos seus smartphones.
Huawei Mate 10
Os smartphones da Huawei com IA utilizam o recurso para uma vasta gama de atividades. Eles trabalham, por exemplo, no processamento de imagem para identificar objetos que aparecem no visor da câmera. Com isso, o aparelho consegue identificar em tempo real qual modo de fotografia deve usar para fazer a melhor imagem. IA também é usada para melhorar o gerenciamento de bateria em celulares da Huawei, bem como para melhorar a segurança deles.
Coreanas
A Samsung vem trabalhando com inteligência artificial desde o lançamento do Galaxy S8 com a assistente digital Bixby. Diferente do que faz a Siri, a assistente da Samsung é mais voltada para atividades que o celular pode realizar em vez de encontrar respostas objetivas na web. Através do recurso Bixby Vision, o celular também consegue identificar objetos utilizando a câmera, porém de uma forma talvez mais útil no cotidiano do que é feito pelos modelos da Huawei. Os da Samsung conseguem trazer informações contextuais sobre o que aparece na frente da câmera.
IA também é utilizada no processamento de voz da Bixby, mas ela só está disponível em inglês e coreano no momento. Boa parte de suas funções, contudo, ainda estão em desenvolvimento e, no momento, não funcionam em 100% das vezes. Espera-se que, com o lançamento dos Galaxy S9 e S9+ no fim de fevereiro, a empresa traga melhorias nesse sentido.
Conceito do Galaxy S9
A LG, por sua vez, ainda não tem produtos do tipo no mercado, mas rumores indicam que ela trabalha em uma versão do LG V30 que traria um chip dedicado a IA. A empresa não criaria suas próximas soluções de inteligência artificial, usando as da Google em vez disso. O que exatamente esse novo celular poderá fazer com isso, ainda não sabemos.
Outras empresas, como a Amazon, também estão trabalhando em ferramentas de inteligência artificial para smartphones, mas poucas estão em uma boa posição de mercado ou conseguem controlar uma experiência de uso coesa nesse sentido.
Para que IA deveria ser usada no celular?
Além do gerenciamento de bateria, de segurança e do processamento de imagens, para que outra aplicação você acredita que chips dedicados a IA poderiam ser utilizados em smartphones? Dê a sua opinião na seção de comentários.
Fontes