Se você tem acompanhado as notícias, deve saber como a vida dos refugiados está longe de ser fácil; afinal, eles estão fugindo de seus países porque a situação lá faz com que seja impossível continuar vivendo no local, e querem simplesmente tentar ter uma vida digna em algum lugar novo com pessoas novas.
Porém, todos sabem que não é sempre que as coisas dão certo, tanto pelas dificuldades de adaptação quanto pelo critério de distribuição de famílias utilizado. Quando os refugiados são enviados para os Estados Unidos, por exemplo, um dos critérios mais aplicados na hora de selecionar para onde eles vão é verificar onde há locais que possam abrigá-los naquele momento. Já no caso da Suíça, as coisas ficam ainda mais diferentes: as famílias são distribuídas aleatoriamente pelos cantões do país. Nada disso parece muito prático, né?
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Contudo, estudos recentes descobriram algo que pode ajudar a mudar a situação dessas pessoas. Os resultados ainda serão publicados na revista “Science”, mas tudo indica que a localização tem uma grande influência nas chances de um refugiado conseguir emprego ou se adaptar no lugar onde será sua nova casa. Assim, para encontrar um jeito de deixar as coisas um pouco mais simples para eles, pesquisadores de Ciência Política da Universidade de Stanford, da Universidade de Dartmouth e do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique desenvolveram um algoritmo capaz de mostrar as melhores combinações entre possíveis locais e as características dos refugiados.
O funcionamento é bem simples. Em linhas gerais, o processo é iniciado com alguns modelos que eram baseados em dados já existentes, para poder calcular se um refugiado teria condições de encontrar emprego no novo país — levando em conta, claro, características pessoais como formação, idioma, idade e até tamanho da comunidade de origem. O passo seguinte foi calcular a chance de pelo menos um membro de uma família encontrar trabalho nos lugares disponíveis. Depois, cada caso foi combinado com a localização que tem maior probabilidade de emprego.
Para terem um contraponto, os pesquisadores colocaram algumas restrições já existentes, como a quantidade máxima de reassentamentos disponíveis em cada local. Assim, o algoritmo calcula todas as possibilidades, justamente para determinar o melhor destino para todos os casos.
Você deve estar se perguntando como isso tudo seria aplicado na prática, certo? Bom, acontece que alguns testes já foram feitos, utilizando dados de famílias de refugiados que já foram acomodadas. Os resultados são bem otimistas: se o algoritmo tivesse sido utilizado anteriormente, pelo menos 1 das famílias teria conseguido trabalho. Em números, isso significa que as chances de eles encontrarem emprego aumentaram para 50% com o uso do algoritmo, contra 25% de probabilidade sem ele.
Atualmente, os pesquisadores envolvidos no projeto estão entrando em contato com agências de reassentamento tanto dos Estados Unidos quanto da Suíça, com o objetivo de testar o algoritmo em programas com casos reais.
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