A mente do ser humano pode ser uma coisa inacreditavelmente fantástica. E, ao mesmo, pode ser algo assustadoramente doentio. A criação e o desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial e machine learning têm impressionado até os mais crentes nessas tecnologias, com uma infinidade de aplicações que vão desde a medicina até a melhoria de nossas vidas doméstica cotidianas. Mas e quando o recurso começa a ser usado para criar vídeos pornográficos falsos de celebridades?
Foi o que a publicação Motherboard descobriu e relatou em uma matéria: um vídeo pornográfico hospedado em uma plataforma com esse tipo de conteúdo mostrava a atriz Gal Gadot, famosa pelo recente papel como Mulher Maravilha no cinema, em cenas de sexo explícito. O problema é que a mulher presente no vídeo não é ela, mas sim uma atriz pornô que recebeu o rosto de Gadot sobre o seu próprio por meio de algoritmos de Inteligência artificial.
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Realidade manipulada
A tecnologia usada no vídeo pornográfico é bastante similar à que já é usada no cinema em alguns casos específicos
Em alguns momentos, a montagem é bastante realista, em outros nem tanto, mas devemos nos ater ao que isso representa: em pouco tempo, pode ser possível ter vídeos de todas as naturezas com o rosto de praticamente qualquer pessoa de modo realista e isso é um perigo muito maior do que podemos conceber à primeira vista.
A tecnologia usada no vídeo pornográfico é bastante similar à que já é usada no cinema em alguns casos específicos, como para criar a participação do falecido ator Paul Walker no filme “Velozes e Furiosos 7”. Fácil de usar para qualquer pessoa com um mínimo de experiência com machine learning, o recurso baseia-se em um algoritmo que tira suas informações de materiais de livre acesso e código aberto, como vídeos do YouTube e resultados do Google Imagens.
Mesmo depois de ter morrido, o ator Paul Walker fez uma ponta em "Velozes e Furiosos 7"
Qualquer um pode usar
Até onde se sabe, essa ferramenta já foi usada para criar vídeos impróprios envolvendo famosas como Emma Watson, Scarlett Johansson, Taylor Swift e diversas outras, obviamente sem o conhecimento ou consentimento das mesmas. O pesquisador de inteligência artificial Alex Champandard explicou que o hardware necessário para esse tipo de tarefa é bastante simples e que com uma placa de vídeo relativamente poderosa – mas de fácil acesso para o consumidor – é possível produzir vídeos com essa tecnologia em algumas horas.
Podemos estar entrando em uma era em que ninguém mais vai ter privacidade
A tecnologia ainda não é exatamente perfeita e fica bastante claro que se trata de uma montagem quando o vídeo é visto com mais atenção. No entanto, isso cria um alerta importante: podemos estar entrando em uma era em que ninguém mais vai ter privacidade e as principais vítimas, as mulheres, famosas ou não, vão ter mais um motivo para se preocuparem quando se trata de assédio sexual e abuso de sua imagem.
Fontes