Um projeto desenvolvido por um grupo de jovens com a ajuda de um financiamento via crowdfunding pode ajudar a acabar com problemas de corrupção em nosso governo de maneira bastante interessante: analisando quando nossos deputados federais fazem alguns gastos “inapropriados” com suas despesas.
Fomos ensinando o robô a combater a corrupção. Ele entende padrões e identifica o que está fora
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Desenvolvido por uma equipe de oito membros – desde desenvolvedores a sociólogos envolvidos no mercado de tecnologia, espalhados por parte do Brasil e até na Itália –, o bot, de nome “Rosie”, foi criado em uma maratona de análise computacional e humana na semana passada. Ele funciona de maneira simples, identificando padrões de gastos feitos pelos deputados e apontando anomalias.
Essas anomalias, por sua vez, são analisadas por pessoas caso a caso. Se a incongruência nos gastos realmente exista, a equipe encaminha uma denúncia à Câmara; só depois, com as respostas das acusações, a equipe divulga o ocorrido.
Acima, Bruno Pazzim, Irio Musskopf e Ana Schewndler, parte do grupo que criou o projeto
"Fomos ensinando o robô a combater a corrupção. Ele entende padrões e identifica o que está fora", explicou o jornalista Pedro Vilanova, que faz parte do grupo que criou Rosie. Segundo a Folha de S.Paulo, a ação – que ganhou o nome de “Operação Serenata de Amor” – já contestou os reembolsos de quase 380 mil reais feitos pelos deputados desde 2011. São nada menos do que 629 denúncias contra 216 membros da Câmara.
Aprendendo a monitorar gastos
É importante notar que, até o momento, a equipe ainda está enfrentando o desafio de ensinar Rosie a identificar tais casos. Até o momento, o software, que está em sua fase inicial, está apenas trabalhando em notar gastos estranhos com refeições.
Que tipos de “gastos estranhos” seriam esses? Exemplos não faltam, na verdade, indo bem além de um simples gasto muito alto para uma refeição. Rosie está programada para notar casos como pagamentos ocorrendo em cidades muito distantes umas das outras em um espaço de tempo curto demais, bem como gastos feitos fora de Brasília enquanto o deputado estava no plenário; esses são apenas alguns deles, é claro.
A gente acredita que a corrupção não começa em milhões
Mesmo ainda estando longe de completo, o software já mostrou bons resultados, visto que Rosie identificou 40 anomalias em seus primeiros testes, ainda em novembro, com nove delas sendo reconhecidas pela Câmara.
Entre os casos citados por eles estão o de Vitor Lippi, que reembolsou seu gasto com a compra de cinco garrafas de cerveja em Las Vegas, e de Celso Maldener, que reembolsou 13 almoços: ambas vão contra suas cotas de gastos, já que bebidas alcoólicas são proibidas de receber tal benefício, assim como o gasto para outros que não o parlamentar. Ambos teriam culpado suas assessorias por não retirarem esses gastos da soliticação, e devolveram os valores à Câmara.
"A gente acredita que a corrupção não começa em milhões. A gente corta desde o início, no momento em que o deputado pode pedir uma nota fiscal para um taxista de R$ 80 quando ele na verdade gastou R$ 40. Se ele souber que tem alguém olhando, talvez não chegue a roubar dinheiro de merenda", disse o desenvolvedor Irio Musskops, que idealizou o projeto.
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