A Apple vai passar a exigir ordem judicial das autoridades interessadas em acessar dados de notificações no formato push enviadas para os usuários do iPhone. A nova política surgiu após o senador americano, Ron Wyden, denunciar o repasse dos dados para governos de diferentes países, como destacou a Reuters nesta quarta-feira (13).
Na última semana, o democrata revelou ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos que tanto a Apple quanto o Google recebem pedidos oficiais de compartilhamento dessas informações com frequência. Conforme Wyden, isso facilitaria a espionagem de determinados usuários, dependendo dos dados enviados.
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Autoridades governamentais podem ter acesso aos dados das notificações que você recebe no celular.Fonte: Getty Images/Reprodução
Após a denúncia, as companhias responsáveis pelos sistemas iOS e Android confirmaram o recebimento dessas solicitações. E com a repercussão do caso, a Apple decidiu alterar sua política de privacidade, para tornar mais rigoroso o acesso às notificações do celular por agências governamentais.
A mudança ocorreu sem qualquer anúncio por parte da Apple, na segunda-feira (11), sendo identificada em um trecho adicionado à página de diretrizes para aplicação da lei.
Com este acréscimo, a gigante de Cupertino passou a especificar, de forma mais clara, a exigência de mandados de busca e ordens judiciais para o repasse das notificações, se alinhando ao que o Google faz.
Quais dados são compartilhados?
Em sua denúncia, o senador Wyden disse que os governos podem ter acesso aos conteúdos não criptografados enviados com as notificações push, após a solicitação feita às big techs. Este material inclui de códigos associados ao app em questão ao próprio texto que chega para o usuário, dependendo do caso.
Com esse conteúdo em mãos, também é possível que as autoridades consigam identificar qual app enviou a notificação, quando ela foi lançada e qual o modelo do celular que a recebeu, por meio dos metadados. Até mesmo o Apple ID ou a conta Google usada no dispositivo podem ser descobertos.
Ao Departamento de Justiça dos EUA, Wyden pediu que as duas empresas forneçam informações mais detalhadas sobre as solicitações feitas pelos governos, aumentando a transparência do processo. No momento, as marcas são impedidas de revelar esses dados ao público.