Um homem morador de Baltimore, no Estado de Maryland, nos Estados Unidos, acusa a Amazon de ter “desconectado” sua casa inteligente após supostos comentários racistas. De acordo com o relato, sua Echo Show foi desligada e por isso ele não conseguiu mais interagir com os dispositivos inteligentes da casa.
A história foi contada por Brandon Jackson, homem preto que trabalha como engenheiro na Microsoft. Ele revelou o caso em um texto publicado na semana passada no site Medium.
Segundo Jackson, a situação ocorreu em 24 de maio deste ano, quando ele recebeu uma encomenda de um entregador. O trabalhador disse ter sido vítima de comentários racistas que ouviu pela campainha digital de Jackson e enviou uma reclamação para a Amazon.
Brandon Jackson ficou com problemas para conectar a casa inteligente depois que sua Alexa foi desligada
Já no dia seguinte da entrega, a Echo Show de Jackson foi desativada e consequentemente todos os equipamentos inteligentes ficaram fora do ar, já que o device da Amazon servia como hub.
“Esse incidente me deixou com uma casa cheia de dispositivos que não respondem, uma Alexa silenciosa e muitas perguntas”, escreveu no blog.
Contato com a Amazon
O morador de Baltimore contou ter achado de início que ele tinha sido vítima de um ataque cibernético, já que utiliza uma conta antiga de e-mail. Contudo, após não encontrar nenhum sinal de atividade hacker, resolveu ligar para o atendimento ao cliente.
Após conversar com outro executivo da big tech, ele descobriu que estava sendo acusado de racismo e por isso sua Echo Show havia sido desligada.
“Aqui é onde as coisas ficaram ainda mais desconcertantes. Primeiro, tenho várias câmeras gravando tudo o que acontece na minha propriedade. Se as alegações do entregador fossem precisas, eu poderia verificá-las facilmente com imagens de vídeo. Em segundo lugar, a maioria dos entregadores da minha região compartilha a mesma raça que eu e minha família. Parecia altamente improvável que faríamos tais comentários”, se defendeu no blog.
Echo Show 5
Ele conferiu com o atendente os detalhes da suposta ocorrência e disse ter verificado que, pelo horário da entrega, muito provavelmente não havia ninguém em casa. No vídeo das câmeras, Jackson informou que o entregador apertou a campainha digital e recebeu uma resposta automática do tipo “com licença, como posso ajudar?”.
“O entregador, que se afastava e usava fones de ouvido, deve ter interpretado mal a mensagem”, argumentou.
Acesso recuperado e questionamento
Depois de muitas idas e vindas no contato com o suporte da Amazon, Brandon Jackson teve a Echo Show reativada. Contudo, ele reclamou de não ter recebido nenhum comunicado sobre a resolução do caso, incluindo se havia algum indício de que o entregador recebeu uma ofensa racista.
Ele pontuou que depois dessa experiência está “pensando seriamente” em não usar mais os aparelhos da Amazon e que considera a troca por dispositivos Raspberry Pi.
“[Eu] apoio totalmente a adoção de medidas pela Amazon para garantir a segurança de seus entregadores. No entanto, questiono por que todo o meu sistema doméstico inteligente foi inutilizado durante a investigação interna. Parece mais sensato impor uma restrição temporária de entrega ou proibição de compra na conta”, defendeu.
Echo Show 15
O engenheiro da Microsoft compartilhou a história para “encorajar a Amazon a reformar e repensar sua abordagem para lidar com tais situações no futuro”. Ele defendeu que é preciso que as empresas passem confiança em seus produtos e serviços principalmente quando eles estão conectados à funcionalidade da casa.
O que diz a Amazon
O TecMundo entrou em contato com a Amazon para verificar se a companhia tem algum posicionamento sobre o assunto. Porém, até o momento a marca não respondeu aos pedidos de comentário.
[Atualização - 14/06/2023, às 12h34]: Em nota enviada ao TecMundo, a Amazon admitiu que não houve comprovação de qualquer fala racista de Brandon Jackson e que ele teve seu dispositivo Alexa bloqueado de maneira indevida. Confira, abaixo, a íntegra do comunicado da empresa:
“Trabalhamos muito para oferecer aos clientes uma ótima experiência e, ao mesmo tempo, garantir que os motoristas que entregam pacotes da Amazon se sintam seguros. Neste caso, descobrimos por meio de nossa investigação que o cliente não agiu de forma inadequada e estamos trabalhando diretamente com este cliente para sanar suas preocupações, procurando maneiras de evitar que uma situação semelhante aconteça novamente”.
Fontes