O impacto do Edge Computing nas redes de telecomunicações

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Equipe TecMundo

Edge Computing ou computação de borda, nuvem, internet e redes de telecomunicações são conceitos que estão intrinsecamente ligados e é fundamental entender cada um para compreender suas evoluções e impactos.  

Hoje em dia, quando se usa a expressão “está na nuvem”,  temos a impressão de algo etéreo, de alguma coisa que não é física e palpável. Ledo engano. O que está por trás destes conceitos é bem real e grandioso.  

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É muito comum e trivial usarmos a internet para tudo, porém você tem ideia do que é a internet e onde ela fica fisicamente? De maneira simples, um conjunto de grandes computadores distribuídos geograficamente e conectados fisicamente entre si (via cabos) formam a primeira camada da internet. Este conjunto de computadores é chamado de “Sistema Autônomo” (AS, na sigla em inglês) de nível 1.

Cada AS neste nível também se conecta fisicamente a outros ASs de menor porte, formando a segunda camada da Internet. Cada AS de segundo nível se conecta a outros ASs menores e assim sucessivamente, até chegar a você, que se conecta a eles via um “Provedor de Internet” (AS de último nível), formando uma grande hierarquia de conexões entre dispositivos conectados em todo o mundo, ao qual chamamos internet.

Edge ComputingQuando buscamos algo na nuvem, viajamos por meio das conexões entre os ASs até encontrarmos o destino final.

Já a nuvem é apenas um espaço (de armazenamento ou processamento) alocado em um ou mais servidores (computadores de grande porte) localizados nesta grande hierarquia de conexões que é a internet. De maneira simplificada, quando buscamos algo na nuvem, viajamos por meio destas conexões entre os ASs até chegarmos ao local exato onde o nosso conteúdo está armazenado. 

Qual a relação entre o Edge Computing e as telecomunicações?

Como comentei no meu último artigo, com o avanço da internet e seu crescimento exponencial, a arquitetura em nuvem passou a marcar presença no dia a dia das pessoas e empresas. Soluções completas de software agora são disponibilizadas via navegador, sem a necessidade de instalar nada localmente no computador. 

Companhias passaram a investir em serviços como AWS (Amazon) e Azure (Microsoft), movendo suas soluções totalmente para a “nuvem”, possibilitando um enorme crescimento sem que fosse necessário grandes investimentos em infraestrutura. 

Apesar da euforia inicial em relação à nuvem, com o tempo percebeu-se que tal tecnologia não podia ser aplicada a tudo e logo as dificuldades começaram a aparecer. Soluções que possuíam um alto volume de dados e exigiam respostas rápidas não se comportavam bem na nuvem. 

Imagine que você chega a uma cidade nova, totalmente desconhecida. Aluga um carro, programa o seu destino no GPS e começa a dirigir seguindo as direções apontadas. A cada trecho que você percorre, sua localização (latitude e longitude) é atualizada no mapa, e as condições de tráfego e todos os caminhos possíveis também precisam ser atualizados na mesma velocidade. 

CloudAs atualizações em nuvem necessitam de agilidade e segurança.

Agora pense no longo caminho que o seu navegador GPS precisa percorrer na hierarquia de ASs para chegar ao local onde os dados do Google Maps ou do Waze estão armazenados e o tempo que leva para que estes mesmos dados cheguem de volta até o seu navegador, a cada mudança de latitude e longitude, para atualização do mapa na sua tela. 

Afinal, como essas ações são possíveis pelo Edge Computing? 

O segredo está no Edge Computing que adiciona poder computacional o mais próximo possível de onde os dados são gerados, dotando de capacidade e inteligência os dispositivos que estão perto de nós. No caso do GPS, os dados são “baixados” da nuvem no momento que você solicita um destino.

O seu navegador GPS (exemplo de edge device) tem inteligência suficiente para te guiar pela rota sem a necessidade de obter dados da nuvem (este é o motivo pelo qual o navegador segue funcionando mesmo quando você fica sem conexão com a internet no meio de uma viagem). Ele solicita apenas atualizações de tráfego e ocorrências, que não requerem uma velocidade tão grande de resposta. 

O Edge Computing permitiu a criação de novas aplicações e a resolução de problemas que seriam impossíveis com a abordagem na “nuvem”. Os impactos desta abordagem nas redes de telecomunicações são inúmeros, mas podemos citar alguns principais:

  • Redução de Latência: com o processamento de dados mais próximo de onde são gerados, o tempo de resposta é muito mais rápido do que a abordagem em nuvem, tornando a experiência de uso da rede e dos serviços muito superior; 

  • Eficiência: como a maior parte dos dados é processada “localmente”, a quantidade de dados que trafega na hierarquia dos ASs é muito menor, o que permite que as empresas não necessitem aumentar seus links de conexão para manter os serviços funcionando na medida em que crescem; 

  • Segurança: o processamento local dos dados torna possível manter os dados sensíveis isolados sem a necessidade de que trafeguem via internet; 

  • Maior escalabilidade: com o Edge Computing as empresas podem escalar mais facilmente suas operações para atender um número maior de usuários finais. Isso é especialmente importante em aplicativos que exigem alto desempenho e capacidade de processamento, com análise de dados em tempo real e inteligência artificial. 

Certamente a adoção do Edge Computing nas redes de telecomunicações pode melhorar significativamente a eficiência, segurança e experiência do usuário. Essa tecnologia oferece uma nova abordagem para o processamento de dados, que pode ajudar as empresas a se adaptarem melhor às demandas do mercado e às necessidades dos usuários finais. 

Com sua expansão, presenciaremos o lançamento de serviços cada vez mais inovadores e a simplificação de processos que antes eram inimagináveis! 

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*Júlio Martins é diretor de Inovação da Roost, empresa de tecnologia especializada em soluções de edge computing.

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