O Exército Brasileiro adquiriu um programa para extrair dados armazenados em celulares, sistemas na nuvem e também de redes sociais, conforme relatou a Folha de S.Paulo na quarta-feira (3). A compra do serviço, o mesmo utilizado na investigação do caso Henry, foi realizada no final do ano passado.
Segundo o jornal, o software é utilizado pelo Comando de Defesa Cibernética do Exército (ComDCiber) para auxiliar investigações do Ministério Público, Instituto Nacional de Criminalística e as polícias Federal e Civil, entre outros órgãos. A divisão é chefiada pelo general Heber Garcia Portella, um dos representantes do Ministério da Defesa na comissão de transparência das eleições.
Ele pode ser acionado para acessar informações em smartphones apreendidos a partir de decisões judiciais. Com a ferramenta, os especialistas da organização militar conseguem recuperar imagens apagadas da memória do telefone, verificar e-mails e mensagens, inclusive não lidas, mesmo com o aparelho bloqueado.
O software é capaz de hackear o celular e liberar acesso a diversos dados.Fonte: Unsplash
Checar dados de localização e permitir foco em pessoas com reconhecimento facial automático são algumas das outras funções disponíveis. O programa possibilita ainda acessar informações armazenadas em serviços na nuvem usados pelo proprietário e dados de plataformas como Twitter, Instagram e Facebook, de contas associadas ao celular.
Contrato tem duração até 2024
Documentos obtidos pela publicação indicam que a compra do software Cellebrite UFED, fornecido no Brasil pela TechBiz Forense Digital, teve como justificativa a “alta demanda” de perícias em dispositivos móveis registrada pelo ComDCiber nos últimos três anos. O serviço custou R$ 528 mil e o contrato tem validade até 27 de dezembro de 2024.
Em contato com a Folha, a fornecedora afirmou que o programa é utilizado somente na análise de conteúdos de celulares, serviço de treinamento e suporte técnico, além de ressaltar que “a finalidade específica é de responsabilidade do Exército”. A empresa disse ainda não possuir qualquer informação sobre os acessos feitos por seus clientes.
O programa do Exército para hackear celulares é utilizado em diversos países, mas com finalidades diferentes. Nos Estados Unidos, a ferramenta costuma ser ativada por autoridades policiais em investigações criminais, enquanto em nações com governos autocráticos, ela geralmente serve para acessar dados de opositores.
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