Envolvido em polêmicas com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por não atender apelos para conter a desinformação nas redes sociais, o Telegram se vê ligado a outro tipo de crime: a pornografia infantil. Segundo a SaferNet Brasil, uma sociedade civil privada sem fins lucrativos, o serviço de mensagens instantâneas teve um aumento de 99,5% nas denúncias de pedofilia na internet, envolvendo crianças e adolescentes durante o ano de 2021.
A ONG, conhecida por denunciar também outros problemas relacionados ao uso indevido da internet, como racismo, neonazismo, intolerância religiosa, homofobia e apologia e incitação a crimes contra a vida, concedeu uma entrevista ao site Mobile Time na sexta-feira (18). De acordo com um porta-voz da empresa, a associação recebeu 1.203 denúncias sobre esse tipo de crime durante o ano passado, contra 603 em 2020.
Ainda conforme o representante, houve "uma clara migração destes grupos do WhatsApp para o Telegram. A tendência do WhatsApp é de queda [de 32 denúncias em 2020 para nove em 2021], enquanto o Telegram é de subida". Para a SaferNet Brasil, isso ocorre porque o aplicativo da Meta, além de ter uma série de ferramentas de detecção de fotos e de títulos suspeitos, possui uma política clara de combate à pedofilia na internet.
O que diz o Telegram?
Fonte: TechCrunch/Flickr/Reprodução.Fonte: TechCrunch/Flickr
Embora o Mobile Time tenha feito várias tentativas infrutíferas de contato com o Telegram, como ocorreu com o TSE, o fundador e CEO do mensageiro, Pavel Durov, tem divulgado frequentemente em sua conta social que "nada — ou quase nada — pode ser bloqueado ou proibido no Telegram". O executivo, que é um desafeto de Vladimir Putin, defende o que chama de total e irrestrita liberdade de expressão.
O porta-voz da SaferNet não concorda com essa tese. “Instrumentalizaram o conceito de liberdade. Imagem de abuso sexual contra crianças pequenas, inclusive bebês, não é liberdade, é crime", diz. Para a ONG, o Telegram “conta com um ambiente propício para atuações criminosas. Há uma ausência de compliance. A empresa não coopera, não dialoga, não responde a autoridades”.
“Conteúdo que encoraja o abuso de menores não tem espaço no Telegram”, informou o app de mensagens em nota ao TecMundo. O porta-voz Remi Vaughn também citou que a plataforma “usa uma combinação de moderação proativa de conteúdo visível publicamente e relatos de usuários para combater esses conteúdos prejudiciais em espaços privados”.
“Cada denúncia recebida é cuidadosamente examinada pelos moderadores e o conteúdo que viola nossos termos de serviço é removido”, diz a nota. De acordo com o Telegram, até o momento, mais de 17.400 grupos e canais com conteúdo nocivo foram removidos em fevereiro.
Ainda de acordo com a empresa, os usuários podem denunciar mensagens que violem os termos de uso dentro do próprio app, ou enviando um e-mail para o entedeço StopCA@Telegram.org.
*Matéria atualizada em 23/02/2022, às 10:25, com posicionamento do Telegram.
Fontes
Categorias