Um sistema de reconhecimento facial ajudou a polícia baiana a prender 216 suspeitos em um período de três anos, segundo dados do governo da Bahia. Por enquanto, o projeto-piloto envolve 100 câmeras distribuídas por Salvador. Em breve, a tecnologia deve chegar a outras 77 cidades do estado, que terão mais de 4 mil câmeras instaladas em um contrato de R$ 665 milhões.
Os dispositivos de captura de imagem estão em postes, viaturas, entradas de eventos e também nas mãos dos policiais. As informações são transmitidas, em tempo real, para o Centro de Operações de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, onde são analisadas por um software que verifica um banco nacional de mandados de prisão em aberto, composto por cerca de 3 mil pessoas.
Quando o sistema encontra alguém com 90% ou mais de compatibilidade com um dos suspeitos de cometer crimes, uma equipe composta por cinco profissionais de segurança pública é alertada para avaliar a situação. Caso as informações sejam confirmadas, o policial mais próximo do evento é comunicado para efetuar a prisão.
O serviço também pode ser utilizado para encontrar pessoas desaparecidas e efetuar a leitura de placas. A tecnologia já encontrou 10 pessoas, inclusive crianças, que estavam perdidas. A análise de placas é capaz de identificar carros roubados ou com débitos de impostos em aberto.
Críticas ao sistema de reconhecimento facial
A decisão final sobre a prisão é tomada por um policial em um centro de segurança que reúne as imagens. (Fonte: Governo da Bahia/Carol Garcia/Reprodução)Fonte: Governo da Bahia/Carol Garcia/Reprodução
Os críticos apontam que o índice de acerto do sistema é baixo e pode levar à invasão da privacidade de pessoas inocentes. Na Micareta de Feira de Santana em 2019, apenas 3,6% dos alertas gerados geraram prisões. O software identificou 903 suspeitos em meio a uma multidão de mais de 1 milhão de pessoas, mas apenas 33 criminosos foram presos.
Além disso, a tecnologia pode reforçar o racismo. Mais de 90% das prisões por reconhecimento facial no Brasil foram de negros, segundo levantamento da Rede de Observatório de Segurança Pública, que analisou os números da tecnologia na Bahia, Ceará, Paraíba, Santa Catarina e Rio de Janeiro, onde existem sistemas similares sendo utilizados.
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