Grupos de direitos civis pedem fim de scanner de fotos da Apple

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Um grupo formado por mais de 90 organizações de direitos civis ao redor do mundo assinou uma carta aberta direcionada ao CEO da Apple, Tim Cook. O documento pede a revisão e suspensão da tecnologia que faz uma varredura constante nas plataformas de armazenamento de fotos em dispositivos da fabricante.

As críticas são direcionadas a possíveis riscos dessa ferramenta que vão além do propósito original, que é escanear o dispositivo em busca de materiais, como imagens de abuso infantil. Os grupos ainda pedem que a Apple converse com entidades do setor para implementar melhor políticas que tenham como objetivo combater exploração infantil e crimes similares.

Outro recurso bastante criticado é o alerta enviado às contas de adultos responsáveis, especialmente porque o algoritmo costuma gerar falsos positivos ao marcar como sexuais conteúdos que não se enquadram na categoria.

Quais são os riscos?

Segundo a carta, grupos vulneráveis, como jovens LGBTQ+ sem grande aceitação ou boa relação com os pais, podem ter a privacidade exposta em serviços como o iMessage. A própria fonte de um abuso podem ser pessoas consideradas responsáveis — e alertá-las em vez de denunciar às autoridades, por exemplo, pode apenas piorar o problema.

Além disso, o fato de o escaneamento acontecer embutido no dispositivo e por padrão no iCloud é criticado pelos grupos. O motivo é uma eventual pressão que essas companhias sofrerão para utilizar a ferramenta em outros casos, como requerimentos judiciais ou pedidos de governos por conteúdos que eles consideram ofensivos — o que poderia gerar uma série de censuras e perseguições.

As ações da Maçã já geraram críticas e preocupações dos próprios funcionários da empresa, do ativista Edward Snowden e até de uma startup que foi processada pela marca.

Leia a carta na íntegra

Seis das organizações que assinam a carta são do Brasil: Instituto Beta: Internet & Democracia (IBIDEM), Instituto de Referência em Internet e Sociedade (IRIS), Instituto Liberdade Digital (ILD), Instituto Nupef, Instituto de Pesquisa em Direito e Tecnologia do Recife (IP.rec) e ISOC Brazil.

O documento completo pode ser consultado no site do Center for Democracy and Technology (em inglês).

Fontes

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