Alguns dias depois do escândalo envolvendo o spyware Pegasus, que estaria sendo usado para vigiar 50 mil pessoas em todo o mundo, mais uma startup israelita especializada na vigilância de celulares ganha destaque. Trata-se da Paragon Solutions, sediada em Tel Aviv e que tem financiamento americano.
Conforme noticiou a Forbes na quinta-feira (29), a empresa foi fundada em 2019 por quatro ex-agentes da Unit 8200, serviço israelense equivalente à Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA). Ela possui um produto similar ao programa espião do NSO Group, criticado por especialistas em privacidade.
O software em questão é capaz de acessar remotamente as mensagens criptografadas trocadas por meio de apps como o WhatsApp e até o Signal, que possui foco em privacidade. As comunicações feitas pelo Facebook Messenger e a caixa de entrada do Gmail também estariam entre os alvos do malware.
As mensagens do telefone invadido pelo spyware podem ser visualizadas remotamente.Fonte: Pixabay
Fontes ouvidas pela publicação disseram ainda que o spyware da Paragon concede acesso permanente aos dispositivos nos quais se instala, explorando vulnerabilidades nos mensageiros. Dessa forma, o smartphone continuaria a ser monitorado remotamente mesmo se o proprietário reiniciar o aparelho.
Sem clientes, por enquanto
Focado em fornecer acesso às mensagens instantâneas, em vez de permitir o controle total do telefone, este programa invasor aparentemente ainda não foi utilizado. Em entrevista à revista, um executivo da startup disse que a companhia está sem clientes no momento.
O profissional, cuja identidade não foi revelada, contou que só venderá a solução para países que cumpram as normas internacionais e respeitem os direitos e liberdades fundamentais. Líderes de regimes não democráticos ou autoritários não terão acesso à ferramenta, conforme o entrevistado.
Para o pesquisador do Citizen Lab John Scott-Railton, a Paragon e o seu investidor americano precisam ser investigados, para que não cometam os mesmos abusos de outras empresas de vigilância. Sediada em Boston (EUA), a Battery Ventures, que investiu de US$ 5 a US$ 10 milhões no projeto, não se pronunciou.
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