Há muitos anos, a possibilidade de que a segurança das criptomoedas seja quebrada com a computação quântica toma conta dos debates entre especialistas. Apesar disso, profissionais e pelo menos uma empresa dizem que essa possibilidade não existe.
Enquanto os computadores tradicionais operam com "bits", que codificam 0 ou 1, os computadores quânticos usam os "qubits", que podem ser 0 e 1 ao mesmo tempo. Chamado de “superposição”, esse fenômeno permite que uma grande quantidade de cálculos seja feito simultaneamente.
O assunto voltou à tona nesta semana após o anúncio da IBM da instalação do primeiro computador quântico fora dos laboratórios da companhia. A cliente, no caso, foi a Cleveland Clinic, empreendimento localizado na cidade homônima. Com a máquina em mãos, a clínica poderia minerar bitcoins? Na verdade, não.
A máquina adquirida pelo empreendimento tem bem menos de 1 mil qubits de processamento, sendo que para quebrar um código do bitcoin seriam necessários cerca de 4 mil qubits, segundo estimativas.
E mesmo para o futuro não deveríamos ficar tão preocupados. Pelo menos é o que diz Roger Huang, especialista em blockchain. Em um artigo publicado no final do ano passado, na Forbes, o técnico diz que a chamada “supremacia quântica” é bastante superestimada pelas pessoas.
Ele disse que atualmente os computadores quânticos não são tão melhores do que computadores “comuns”, e a maioria das tarefas que eles têm um desempenho impressionante é "trivial".
Perigo quântico?
O especialista argumentou que, para o perigo existir, o desenvolvimento das máquinas teria que ser em direção às tarefas que podem “afetar materialmente as criptomoedas e criptografias para que a supremacia quântica seja importante”.
Sobre isso, ele admitiu que a utilização do Algoritmo de Shor, que consegue fatorar números primos em uma velocidade incrível, o que computadores comuns não conseguem, até pode ser um problema. O conceito pode, sim, ser utilizado para quebrar criptografia. Porém, já existem contrapontos para isso.
“O Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) dos Estados Unidos já começou a reunir propostas para criptografias pós-quânticas, que funcionariam e não seriam quebradas mesmo com computadores quânticos muito maiores do que os que atualmente somos capazes de construir”, Huang explicou.
Ele completou que, mesmo supondo a existência de uma máquina potente, o que deve ocorrer somente daqui 20 anos, segundo a NIST, os possíveis fraudadores teriam que encontrar as chaves públicas das pessoas e deixá-las sujeitas aos ataques.
Visão comercial
A visão mais otimista sobre esse cenário também é compartilhada pela LocalBitcoins, espécie de casa de câmbio de criptomoedas. No final do ano passado, a companhia divulgou um comunicado dizendo que as moedas digitais vieram se aperfeiçoando ao longo do tempo e continuarão nesse caminho durante os próximos anos.
Apesar da preocupação, de acordo com a loja vários fatores geram tranquilidade e apontam para um futuro em que a criptografia será resistente à computação quântica. “Quando a ameaça quântica se tornar mais iminente, a criptografia terá mudado para algoritmos mais à prova do universo quântico”, defendeu a companhia.
No caso especificamente do bitcoin, a marca lembrou que o algoritmo Elliptic Curve Digital Signature Algorithm (ECDSA) é o que corre mais risco. Ele é usado para gerar as chaves públicas ou privadas que assinam as transações com segurança.
“Os computadores quânticos de hoje só existem em laboratórios e terão um longo caminho para ameaçar as criptomoedas”, diz o texto da LocalBitcoinstratou para tranquilizar os entusiastas.
Fontes
Categorias