Um grupo de hackers identificados no Twitter como DigitalSp4ce afirma ter invadido sistemas do Hospital das Forças Armadas (HFA), mas não encontrado vestígios de que o Presidente da República Jair Bolsonaro tenha feito qualquer coleta de sangue para ser testado para a covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2).
Em contato com o TecMundo, um dos representantes afirmou ter buscado o nome do presidente, bem como alguns de seus supostos pseudônimos, na base de dados do hospital e não obtido resultados. O grupo acredita, portanto, que Bolsonaro não fez nenhum teste para a doença no HFA. Em consequência disso, o laudo entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) e divulgado nesta quinta-feira (14) seria falso, segundo eles.
Laudo do teste para covid-19 entregue pelo presidente ao STF. (Fonte: G1/Reprodução)
A informação foi publicada pelos hackers na madrugada de hoje (14), mas o tweet e o perfil original deles foram apagados pela rede social. O site do grupo que acusa a suposta falsificação do exame foi tirado do ar temporariamente e a brecha de segurança explorada por eles para invadir os sistemas do HFA também não está mais disponível.
... Somente apos meses o presidente resolveu mostras seus exames, isso intrigou nosso grupo, resolvemos ir atras e invadimos o Banco de Dados do hospital onde foi realizada a coleta, e adivinhem? Nada comprova que foi feita tal coleta, nem mesmo com pseudônimo.
— DigitalSp4ce (@DSp4ce) May 14, 2020
O TecMundo não conseguiu repetir os passos determinados pelo grupo hacker para verificar as informações do HFA na manhã de hoje. O DigitalSp4ce, contudo, alega que vários usuários do Twitter que acessaram a brecha ainda durante a madrugada foram capazes de conferir as supostas informações.
A situação coloca ainda mais dúvidas sobre a validade do exame de covid-19 apresentado pelo presidente ao STF em processo que exige acesso a informações de pessoa pública movido pelo jornal O Estado de S.Paulo. O laudo do exame entregue traz o registro de outra pessoa no lugar do nome do presidente, porém estava atrelado ao número original do CPF de Bolsonaro. Juristas consultados por Helio Gurovitz, do G1, disseram que tal prática poderia inclusive ser encarada como falsidade ideológica.
Supostos registros de entrada de Bolsonaro no HFA
Supostos laudos não citam Sars-CoV-2 ou covid-19
Dados encontrados pelos hackers
Ao invadirem o sistema do HFA, os hackers teriam encontrado vários registros de atendimentos ao presidente da República no hospital em Brasília (DF), mas sua última visita teria sido em janeiro, sendo que o primeiro exame feito por ele dataria de 12 de março. Uma segunda coleta teria sido feita em 17 de março.
O DigitalSp4ce ainda buscou dados de Michele Bolsonaro, esposa do presidente, mas ela também não tem registros recentes de entrada no HFA.
O TecMundo entrou em contato com a presidência da República, mas os assessores informaram que o "Planalto não comentaria o caso".
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