A Avast, velha conhecida dos internautas brasileiros, e uma das líderes globais em segurança digital, realizou uma pesquisa com pais que moram no Brasil, sobre o “compartilhamento” de conteúdo de seus filhos em redes sociais, incluindo fotos, desde bebês, e também das crianças, à medida que elas crescem.
Sharenting
A palavra “sharenting” é uma combinação dos termos “share” (compartilhar) e “parenting” (relacionado ao ato de ser pai ou mãe). O tema não é novidade, e surgiu antes mesmo da popularização da internet.
No dia 28 de julho de 1998, o Jornal Nacional parou o Brasil ao exibir as primeiras imagens da recém-nascida Sasha Meneghel, primeira e única filha de Xuxa, diretamente da casa da apresentadora.
Fonte: Unsplash/Marisa Howenstine/ReproduçãoFonte: Unsplash/Marisa Howenstine
Como podemos perceber, a exposição pública de pessoas, enquanto elas ainda são crianças, não é exclusividade dos dias atuais, nem de pessoas comuns, por meio de perfis em redes sociais disponíveis a qualquer um que tenha acesso à internet.
Quarentena tem impulsionado a exposição
Atualmente, o isolamento social recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no intuito de conter o avanço da pandemia do novo coronavírus, tem alterado a rotina de milhares de pessoas em todo o mundo. Essa mudança repentina de hábitos tem contribuído para o agravamento da exposição pública de crianças e adolescentes em mídias sociais, já que a única forma de se fazer “presente” tem sido por meio da internet, com a publicação de fotos e vídeos.
Fonte: Unsplash/Annie Spratt/ReproduçãoFonte: Unsplash/Annie Spratt
Sobre os dados da pesquisa
A pesquisa da Avast foi realizada em fevereiro, com mais de 500 pais e mães do Brasil, e revelou dados sobre suas práticas e opiniões sobre o compartilhamento de imagens de seus filhos em mídias sociais.
É necessário ressaltar que alguns dos entrevistados podem não ter dado as respostas mais condizentes com seu comportamento, seja qual for o motivo, o que influencia o resultado final do estudo.
De qualquer forma, os resultados mostram que as práticas de sharenting no Brasil estão longe do que poderia ser considerado o ideal. Observe os dados apresentados:
- 33% dos entrevistados informaram já ter publicado uma foto do seu filho menor de idade, sem pedir sua permissão e sem nenhum tipo de restrição que impeça a identificação da criança;
- 12% admitiram ter publicado uma foto das crianças, mas borrando ou cobrindo seus rostos, para impedir a identificação;
- 24% disseram que só compartilham imagens dos filhos sob sua permissão, mas não cobrem seus rostos;
- 29% dos pais disseram que só compartilham imagens que contenham outras crianças com a permissão de seus próprios pais;
- Apenas 29% dos entrevistados possuem perfis em redes sociais, mas nunca compartilharam nenhuma imagem de seus filhos.
Fonte: Pixabay/ReproduçãoFonte: Pixabay
Após a massificação da internet, essa é a primeira geração de pessoas que se acostumou a tornar pública sua própria imagem e rotina. Agora, vários desses indivíduos já se tornaram pais, e o problema foi estendido aos seus filhos, que, em grande parte das vezes, têm sua imagem compartilhada sem nem mesmo ter o conhecimento sobre isso. A contemporaneidade da prática, talvez, seja a razão pela qual a consciência sobre ela ainda seja tão mal difundida.
Sobre os riscos associados
Após questionar os entrevistados sobre suas práticas de compartilhamento do conteúdo de seus filhos menores de idade em redes sociais, e pesquisa coletou dados sobre os riscos que eles associam à prática.
Os números divulgados afirmam que:
- 60% dos entrevistados consideram que a possibilidade das imagens “fugirem” do ciclo de amigos e familiares, e alcançar pessoas estranhas, é um dos maiores riscos para as crianças;
- 63% declararam que o risco mais preocupante é o de que as crianças possam ser vistas ou contatadas por abusadores sexuais;
- 40% dos pais relataram sobre o risco das crianças serem vítimas de cyberbullies;
- 34% deles acreditam que essas publicações possam infringir o direito à privacidade dos menores;
- 27% pensam que as publicações possam envergonhar as crianças, quando elas se tornarem um pouco mais velhas, ou até adultas;
- 10% dos pais disseram que a exposição pública de seus filhos não deve gerar nenhum tipo de risco ou problema.
Dicas de como proteger as crianças da exposição pública
Diante do tema, e da importância de preservar a privacidade desses pequenos, que, algumas vezes, acabam pagando pela conduta impulsiva e irresponsável de seus pais, André Munhoz, Country Manager da Avast no Brasil, compartilhou algumas dicas de como publicar imagens das crianças, sem que a prática se torne uma dor de cabeça para elas ou para a família. Confira:
- Ajuste as configurações de privacidade para definir o alcance das publicações. Ao publicar as imagens do seu filho, se certifique que apenas as pessoas confiáveis tenham acesso a elas. Adicionalmente, procure não fazer marcações de locais;
- Observe bem os perfis dos seus seguidores e dos seguidores de seus filhos, caso eles tenham conta nas redes. Criminosos podem criar perfis fake para tentar se passar por um amigo ou alguém com a mesma faixa etária;
- Fique atento sobre o que está postando. O tema ainda será interessante daqui a um tempo, ou poderá envergonhar o seu filho de alguma forma? O que é engraçado para uma criança de oito anos pode não ser para um adolescente de 15;
- Configure um Alerta do Google com o nome do seu filho, para garantir que apenas as informações que você deseja divulgar sobre ele estejam disponíveis;
- Considere adotar restrições nas imagens compartilhadas, evitando mostrar o rosto da criança nas fotos, para proteger sua privacidade e identidade;
- Acompanhe a interação dos seus filhos com as mídias sociais, buscando sua segurança, e só compartilhe algo sobre eles com sua permissão;
- Só compartilhe imagens de outras crianças com a permissão de seus pais.
Devido ao estado atual de isolamento social, a apresentação dos resultados da pesquisa foi feita durante uma videoconferência entre Munhoz e jornalistas, na quarta-feira (15).
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