FaceApp não rouba dados, mas tem falhas de privacidade

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Durante os últimos dias, o aplicativo FaceApp voltou a fazer sucesso nas redes sociais com o filtro de envelhecimento que tenta imaginar como será sua versão idosa. No entanto, não demorou para que o programa, disponível para Android e iOS, fosse alvo de acusações envolvendo violações de privacidade dos usuários.

O caso chamou a atenção quando alguns veículos de notícias começaram a repercutir comentários feitos pelo desenvolvedor Joshua Nozzi no Twitter. Ele afirmava que as fotos da galeria exibidas no FaceApp carregavam lentamente e não era possível selecionar imagens quando o celular estava em Modo Avião. Nozzi acreditou que esses elementos eram suficientes para afirmar que o FaceApp fazia upload de todas as suas fotos no momento em que o acesso era concedido.

Não demorou para que o argumento fosse derrubado, desta vez pelo especialista em segurança Elliot Alderson. Ele baixou o aplicativo e analisou todo o tráfego da rede enquanto usava a ferramenta, confirmando que as únicas fotos enviadas para os servidores do FaceApp são aquelas nas quais o filtro é utilizado. Isso acontece porque o processamento do efeito é feito na nuvem.

Nozzi reconheceu o erro, deletou o tweet original com a acusação e publicou um pedido de desculpas por ter feito o comentário sem embasamento. Mas seu texto levanta outros pontos que merecem atenção, como o fato de que a política de privacidade do FaceApp não dá muitos detalhes sobre o que é feito com seus dados. De fato, o Manual do Usuário pegou um trecho desse documento e jogou no Google, encontrando mais de 2 mil políticas de privacidade idênticas em diversos serviços.

Ou seja, não há provas de que o FaceApp rouba suas fotos, mas existe um forte indício de que a empresa responsável pelo aplicativo não teve cuidado ao formular o documento. Em entrevista à Folha, o especialista em privacidade e vigilância Dennys Antonialli, diretor presidente do InternetLab, afirmou que a política de privacidade do aplicativo é genérica, mas não difere muito do que pode ser encontrado no mercado.

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FaceApp responde às acusações

Após a repercussão do caso, o FaceApp emitiu um comunicado oficial para esclarecer os questionamentos. A empresa afirma que faz envio apenas das fotos selecionadas para edição por causa do processamento na nuvem, dizendo ainda que “a maioria das imagens são deletadas dos nossos servidores em até 48 horas após a data do upload”.

Você também pode requisitar que todos os seus dados sejam deletados dos servidores da empresa acessando a opção de reportar erros e mandando uma mensagem com a palavra “privacy” no campo de assunto.

Outra acusação envolvia o fato de a empresa responsável pelo FaceApp ser russa. O comunicado diz que “apesar de a equipe principal de pesquisa e desenvolvimento ficar na Rússia, os dados dos usuários não são transferidos para a Rússia”. Ela também afirma que não vende ou compartilha esses dados com terceiros.

Em resumo, o FaceApp tem uma política de privacidade ruim para um aplicativo que pede acesso a fotos pessoais, mas tudo indica que ele envia para seus servidores apenas aquelas imagens que você deseja editar. O programa se sustenta vendendo filtros pagos e exibindo anúncios das redes de publicidade do Google e do Facebook.

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