O site The Intercept publicou na noite de domingo (9) quatro reportagens que revelam conversas entre o atual ministro da Justiça Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. De acordo com o site, foram recebidos lotes de mensagens trocadas por ambos no aplicativo Telegram indicando falhas na imparcialidade que deveria ser julgado e conduzido o caso do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.
Moro alegou que teve o celular invadido na semana passada, mas o Intercept afirma que o vazamento de mensagens é anterior
A Operação Lava Jato, usada para prender o ex-presidente, foi batizada de “Vaza Jato” pela equipe do The Intercept. Após a publicação das quatro reportagens, a internet “explodiu”: hoje (10), no Twitter Brasil, das 10 hashtags mais compartilhadas, 6 falam exatamente sobre as mensagens trazidas a luz pelo site. No Twitter Mundial, a hashtag #EuApoioaLavaJato marca presença e #VazaJato chegou a ficar em primeiro lugar na madrugada de ontem. No buscador do Google, o termo “Vaza Jato”, cunhado há menos de 20 horas, já conta com mais de 7 mil respostas.
Praticamente todas as partes envolvidas já se pronunciaram sobre o caso — influentes digitais do governo e oposição também se digladiam sobre a veracidade e peso das conversas divulgadas.
Vale lembrar que, na semana passada, o ministro Sergio Moro alegou que teve o seu celular invadido. Segundo as reportagens da “Vaza Jato”, as mensagens de texto recebidas foram anteriores a divulgação da invasão ao celular do ministro.
Quer entender como o celular de Sergio Moro ou de Deltan Dallagnol pode ter sido hackeado? A matéria “Sergio Moro teve o celular hackeado: como isso aconteceu?” tenta responder essa pergunta.
Entenda o caso
“Muito barulho por conta de publicação por site de supostas mensagens obtidas por meios criminosos de celulares de procuradores da Lava Jato. Leitura atenta revela que não tem nada ali apesar das matérias sensacionalistas. Abaixo nota”, escreveu o ministro Moro poucas horas após a publicação do The Intercept. O ministro divulgou nota ao veículo O Antagonista e reproduziu a mesma: “Sobre supostas mensagens que me envolveriam publicadas pelo site Intercept neste domingo, 9 de junho, lamenta-se a falta de indicação de fonte de pessoa responsável pela invasão criminosa de celulares de procuradores. Assim como a postura do site que não entrou em contato antes da publicação, contrariando regra básica do jornalismo. Quanto ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado, apesar de terem sido retiradas de contexto e do sensacionalismo das matérias, que ignoram o gigantesco esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato”.
O procurador Deltan Dallagnol, mais rápido que Moro, correu para se defender e também divulgou uma nota — diferente do ministro, no site do próprio MPF, e não em veículo de imprensa: “A atuação sórdida daqueles que vierem a se aproveitar da ação do “hacker” para deturpar fatos, apresentar fatos retirados de contexto e falsificar integral ou parcialmente informações atende interesses inconfessáveis de criminosos atingidos pela Lava Jato”.
Sergio Moro, Deltan Dallagnol e a defesa de Lula, os principais envolvidos, já se manifestaram
Entre as reações, é interessante notar a do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filhos que o presidente Jair Bolsonaro também trouxe para a política. No Twitter, o deputado diz: “Glenn Greenwald, ex-CNN, foi o porta-voz do Snowden para vazar tudo que ele sabia sobre dados confidenciais dos EUA no caso conhecido como WikiLeaks. Além disso, Glenn vendeu no exterior a tese que o impeachment da Dilma foi golpe”.
Greenwald é responsável pelo site The Intercept e nunca trabalhou na rede norte-americana CNN. Além disso, não foi “porta-voz” do caso Snowden: foi o jornalista que compilou e apurou as informações entregues por Edward Snowden — e ainda ganhou um prêmio Pulitzer por isso. Por último, o WikiLeaks não tem qualquer relação com o caso.
A defesa do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva também correu para preparar uma nota, visto que Lula é tema central das mensagens vazadas pelo Intercept. “A atuação ajustada dos procuradores e do ex-juiz da causa, com objetivos políticos, sujeitou Lula e sua família às mais diversas arbitrariedades. A esse cenário devem ser somadas diversas outras grosseiras ilegalidades, como a interceptação do principal ramal do nosso escritório de advocacia para que fosse acompanhada em tempo real a estratégia da defesa de Lula, além da prática de outros atos de intimidação e com o claro objetivo de inviabilizar a defesa do ex-Presidente", escreve a defesa.
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