Alex Stamos, ex-chefe de segurança do Facebook, acusou o atual CEO da Apple Tim Cook não praticar os cuidados com a privacidade usuários que tanto prega. Em discurso realizado ontem (24), Cook afirmou que “empresas de tecnologia” possuem um “complexo industrial de dados” pessoais voltado apenas para maximizar os lucros.
No discurso, Tim Cook falou o seguinte: “Todos os dias bilhões de dólares mudam de mãos e inúmeras decisões são tomadas com base em nossos gostos e desgostos, nossos amigos e familiares, nossos relacionamentos e conversas, nossos desejos e medos, nossas esperanças e sonhos. Esses segmentos de dados, cada um deles suficientemente inofensivo, são cuidadosamente montados, sintetizados, comercializados e vendidos. Levado ao extremo, esse processo cria um perfil digital duradouro e permite que as empresas o conheçam melhor do que você pode se conhecer. Não devemos sujar as consequências. Isso é vigilância. E esses estoques de dados pessoais servem apenas para enriquecer as empresas que os coletam. Isso deve nos deixar muito desconfortáveis. Isso deve nos inquietar”.
O ex-chefe de segurança do Facebook disse que a Apple não leva tão a sério questões de privacidade quando a China está na jogada.
Nominalmente, Tim Cook não atacou a Google e o Facebook, por exemplo, mas deixou claro que suas palavras envolvem as empresas.
Alex Stamos, no Twitter, resolveu apimentar a discussão. Um dos exemplos entregues pelo ex-chefe de segurança do Facebook, é que a Apple não leva tão a sério questões de privacidade quando a China está na jogada.
Stamos afirma que a Apple bloqueia serviços de privacidade fundamentais como aplicativos de mensagens com criptografia de ponta-a-ponta e a instalação de redes privadas virtuais (VPN) na China. Ainda, Stamos afirmou que a Apple moveu sua base de dados do iCloud na China para uma empresa controlada pelo governo.
“O contexto que falta? A Apple usa o DRM com base em hardware para impedir que usuários chineses instalem os aplicativos de mensagens VPN e E2E, o que permitiria evitar a censura e a vigilância generalizadas. A Apple transferiu os dados do iCloud para uma joint venture controlada pela RPC com impactos nada claros”, tweetou Stamos.
A China possui um ponto-cego quando se fala em ética para empresas de tecnologia
O ex-chefe de segurança do Facebook ainda comentou que a China possui um ponto-cego quando se fala em ética para empresas de tecnologia: elas se aproveitam dos fracos direitos trabalhistas na hora da fabricação de produtos e também ignoram os danos ambientais causados pelas fábricas chinesas de bitcoins e outras criptomoedas.
“Não queremos que a mídia crie uma estrutura de incentivos que ignore o tratamento dos cidadãos chineses como menos merecedores de proteção de privacidade, porque um CEO está disposto a falar mal do modelo de negócios de seu principal concorrente, que usa publicidade para subsidiar dispositivos mais baratos”, escreveu Stamos.
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