Os clubes de futebol Corinthians e Atlético Paranaense podem ser vítimas de um golpe envolvendo criptomoedas falsas, afirma o Guia do Bitcoin. De acordo com o site, o golpe é bizarro, se valendo de "audácia e amadorismo por detrás das ações aliados à ingenuidade e irresponsabilidade das vítimas".
Identidade visual amadora, mal desenvolvida e com comunicação falha
Sexta-feira passada (29), o Atlético Paranaense anunciou uma parceria com a empresa Inoovi, supostamente sediada em Hong Kong, na China. Em comunicado para a imprensa, a Inoovi "auxilia empresas ou indivíduos em todo o mundo a criar seu próprio dinheiro virtual". Além disso, a empresa chinesa possui uma criptomoeda chamada "IVI", desenvolvida exclusivamente para o mundo esportivo — e, no final das contas, a ideia é que essa criptomoeda possa ser usada para pagar até o salário de jogadores. Segundo a Inoovi, o Corinthians também fechou uma parceria e está adquirindo essas moedas digitais.
Na semana passada, o presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Mário Celso Petraglia, comentou o seguinte sobre essa empresa: "É um negócio grandioso, novo e moderno que entra no esporte mundial. Foram escolhidos pela Inoovi os principais clubes do mundo para essa inovação, e o Clube Atlético Paranaense está entre eles. É um dia muito importante e de bastante satisfação para todos nós. Faz parte de nossa história promovermos esse tipo de inovação".
- O TecMundo buscou contato com a Inoovi e não recebeu qualquer tipo de resposta até o fechamento desta matéria. Abaixo, você acompanha os detalhes da denúncia.
Inoovi
Não foi nem bem elaborado
A Inoovi, que ainda não se manifestou, pode ser encontrada via website e perfil no Facebook. Ambos com identidade visual amadora, mal desenvolvidos e com comunicação falha.
A empresa promete que a criptomoeda IVI e seu token ERC-20 serão usados em todo o mundo envolvendo o pagamento de salários e até transferências de atletas com fama internacional. "Chega a ser difícil escolher por onde começar a falar das inúmeras bandeiras vermelhas que surgem", nota o Guia do Bitcoin.
Não há qualquer fundamento técnico no material, como é de praxe em whitepapers de moedas sérias
"O token IVI se aparenta como 'o novo Bitcoin', o 'primeiro e único Bitcoin utilizado para transferências de jogadores de futebol'. Tais afirmações são de uma infelicidade ímpar. O Bitcoin é uma moeda digital revolucionária, nascida em 2008/9, com um time de desenvolvimento de experts em codificação computacional, milhões de usuários e entusiastas, ampla publicidade e reconhecimento mundial, com mais de cem bilhões de dólares de capitalização de mercado hoje, mesmo estando atualmente em relativa baixa à luz de outros momentos de sua história estrondosa de sucesso. Compare isso com o 'milagroso' token da Inoovi Ltd que tem quatro meses de vida, e um site suspeitíssimo". Primeira bandeira vermelha levantada pelo site.
O foco no mercado brasileiro também chama a atenção: na página de pagamentos, a empresa internacional exige o CPF do comprador das moedas, um documento que só os cidadãos brasileiros possuem. Segunda bandeira vermelha.
Whitepaper
Whitepaper
A terceira bandeira vermelha está no whitepaper. Caso você não saiba, whitepaper é um documento ou página web que informa qual os ideiais, os problemas a serem resolvidos e um guia para a empresa ou organização. O whitepaper da Inoovi é um desastre: "uma peça dantesca de propaganda de péssimo gosto", realça o Guia do Bitcoin.
"Não há qualquer fundamento técnico no material, como é de praxe em whitepapers de moedas sérias. Há uma quase infinita quantidade de erros de português no documento e o foco é unicamente a venda dos tokens a qualquer custo, inclusive mediante promessas fantasiosas", notam.
CPF
A Inoovi "é absolutamente desonesta com seu público. Não explica a tecnologia da blockchain. Não explica os riscos do mercado de criptomoedas. Despreza e minimiza o Bitcoin e demais Criptomoedas que, por sinal, existem a mais tempo do que a “ivi” e possuem muito maior valor, liquidez e capitalização de mercado. Enche os olhos dos desinformados com promessas extravagantes e irreais intercaladas o tempo todo no site com anúncios do tipo Comprar IVI – Clique aqui", afirma o Guia.
Já perdemos as contas de bandeiras vermelhas, mas mais uma aparece: a equipe por trás da Inoovi é representada por fotos fictícias de bancos de imagens. A biografia dos profissionais? "Em construção", é a mensagem que aparece no site oficial.
Outros problemas encontrados: grupo no Telegram com 550 pessoas sem conteúdo prático, "a “IVI” é um token gerado e gerenciado por uma equipe extremamente incompetente", utilização de frases como 'os lucros virão infinitamente, pode acreditar', além de, incrivelmente, usar "a sonegação de impostos" como uma espécie de commodity.
Equipe?
O Guia do Bitcoin deixa claro que o site oficial vende fácil a moeda para novos usuários, contudo, não há qualquer tutorial para que as pessoas consigam vender os tokens "por criptomoedas mais sérias, como o Ethereum (já que estamos falando de um token ERC-20), nem por nenhuma moeda fiduciária"
"O mais provável é que o investidor morra com a moeda na mão na incapacidade de trocá-la por qualquer coisa. Não encontramos a “ivi” listada em nenhum site sério, nem em nenhuma exchange séria. Aparentemente, portanto, talvez estejamos realmente diante de um golpe bizarro a olho nu", diz o site. "Há uma indicação no site de parceria com a Binance, mas essa informação não é confirmada pela famosa exchange de criptomoedas oficialmente em nenhum lugar ao qual pudéssemos ter acesso", finaliza o veículo, deixando claro em editorial o suposto golpe.
Caso a Inoovi responda as acusações, esta matéria será atualizada.
Fontes
Categorias