Muita gente por aqui deve ter ficado sabendo do caso de um velório invadido por policiais no Estados Unidos, no final de abril, quando os oficiais buscavam desbloquear o celular do morto usando suas digitais. O episódio chamou a atenção pelo fato de até ter sido uma ação legal, mas muito inapropriada. E daí ficaram algumas dúvidas: por que exatamente as autoridades podem fazer isso? E quanto tempo elas têm para agir? Vai acontecer com mais frequência?
Apple e FBI já discutiram bastante sobre o desbloqueio não autorizado de smartphones
Em primeiro lugar, o desbloqueio de smartphones é uma questão que se arrasta há alguns anos. A Apple e o FBI tretaram por causa disso, pois os investigadores queriam um programa específico para desbloquear aparelhos. Na situação do falecido recente, houve respaldo porque a intenção da polícia foi de usar a biometria para desvendar as circunstâncias da própria morte do envolvido — no que podemos chamar de “autenticação mórbida”.
De acordo com o Tampa Bay Times, o tenente Randall Chaney afirmou que, com essa justificativa de reunir evidências, “há uma janela de 48 a 72 horas para que o telefone possa ser acessado por meio do sensor de digitais”. Ou seja, se a moda pegar — e, acredite, já está acontecendo — qualquer um pode ver seu histórico de buscas, comportamento, nudes, enfim, tudo, incluindo as vergonhosas mensagens que um dia você mandou bêbado. Tudo “em nome da lei”, para descobrir como é que te mataram.
Primeiro caso semelhante aconteceu em 2016
Há quase dois anos, houve o primeiro registro de ocorrência semelhante. Agentes do FBI usaram um dedo ensanguentado de um assassino na Universidade Estadual de Ohio para encontrar mais informações sobre o episódio. Acontece que a tal janela de 48 a 72 horas já havia prescrevido, o que levou os oficiais a arrumarem outro “jeitinho” para desbloquear o gadget.
Esse foi o primeiro relato oficial conhecido de alguém tentando usar a mão de um morto para abrir um aparelho eletrônico. Desde então, isso vem acontecendo com mais frequência. Pouco tempo depois, a Forbes revelou que “diferentes fontes próximas dos policiais locais e federais de Nova York e Ohio, que pediram para permanecerem anônimas, disseram que o uso das impressões de digitais de falecidos em scanners da Apple passaram a ser normais”.
A discussão parece ainda render muito pano para manga, principalmente em outros lugares, como no Brasil, onde não sabemos ainda até que ponto isso pode ser usado para contribuir em uma investigação — ou se já tem sido usado. Muita gente já vem até sugerindo que hajam cláusulas, semelhantes às de doadores de órgãos, para que os usuários possam consentir na abertura de seus dispositivos no caso de suas mortes.
E você, o que acha disso tudo? Deixaria alguém abrir seu smartphone no caso de sua morte para encontrar o autor? Ou cederia as digitais de um amigo ou parente falecido? Deixem suas opiniões!
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