Na última sexta-feira (13), o governo da Rússia ordenou um bloqueio do aplicativo de mensagens Telegram em todo o país após a companhia responsável pelo mensageiro se recusar a entregar chaves de criptografia para as autoridades russas. Mas o bloqueio está causando efeitos colaterais em muitos usuários da internet do país.
Como o Telegram utiliza servidores da Amazon e do Google para funcionar, a solução para impedir quem mora na Rússia de usá-lo foi bloquear mais de 1,8 milhões de IPs nas plataformas de nuvem dessas empresas. Isso impediu o acesso ao aplicativo, mas também afetou diversas lojas e serviços bancários que não tinham relação com o caso.
Impacto pode ser ainda maior
Existe a possibilidade de o impacto ficar ainda maior que o atual, pois o Rozcomnadzor, órgão russo que supervisiona as telecomunicações, pediu que as operadoras bloqueiem o acesso a outros 13 milhões de IPs, caso o Telegram continue se recusando a entregar as chaves. O governo também exigiu a retirada do aplicativo da App Store, do Google Play e do site APK Mirror para visitantes da Rússia. A justificativa é que o mensageiro vem sendo utilizado para organizar ataques terroristas, por isso deveria dar ao governo acesso ao conteúdo das mensagens trocadas entre seus usuários.
A recomendação do governo é de que as pessoas migrem para o mensageiro TamTam como uma alternativa. O aplicativo é operado pela empresa Mail.ru, do empresário Alisher Burkhanovich Usmanov, que é próximo do presidente Vladimir Putin. Mas parece que nem isso será possível, já que o TamTam também está sofrendo com instabilidades por causa da tentativa de bloqueio. Uma das possibilidades para burlar essa barreira é o uso de redes virtuais privadas (VPN) para fingir que o acesso está sendo feito de outro país próximo.
Resposta do criador
O também russo Pavel Durov, criador do Telegram, publicou uma mensagem sobre o caso ainda na última sexta-feira: “O poder que os governos locais têm sobre as empresas de tecnologia é baseado no dinheiro. A qualquer momento, um governo pode derrubar suas ações com ameaças de bloquear fontes de renda e forçar essas companhias a fazerem coisas estranhas (lembrem-se de como a Apple mudou os servidores do iCloud para a China no ano passado”).
“No Telegram, nós temos o luxo de não nos preocupar com fontes de receitas ou vendas de anúncios. A privacidade não está à venda e os direitos humanos não podem ser comprometidos por causa de ganância ou medo”, concluiu Durov.
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