(Fonte da imagem: Suturi)
Pornografia, pedófilos disfarçados, redes de cibercriminosos, sites fraudulentos, links de phishing, cyberbullying... Se o mundo digital é um lugar agressivo para os adultos, quem dirá para as crianças e adolescentes.
Não é de hoje que a comunidade tecnológica internacional discute sobre a melhor forma de garantir a segurança dos jovens enquanto eles navegam na internet – e, com o mundo cada vez mais conectado e com a crescente popularização dos dispositivos móveis, torna-se ainda mais necessária a adoção de medidas que visem preservar a integridade de nossos filhos no universo dos bytes.
Uma pesquisa encomendada pela McAfee e conduzida pela Abaco Marketing Research constatou que, no Brasil, 75% dos pais não acompanham a rotina de seus filhos na web alegando “falta de tempo para acompanhar tais atividades. O estudo ouviu 821 internautas (415 jovens de 10 até 23 anos e 406 pais de 28 até 65 anos) para tentar descobrir se há desacordo entre pais e filhos no que tange à sua segurança e integridade de suas informações privadas frente aos perigos encontrados na internet.
(Fonte da imagem: El Progreseño)
Os dois lados da situação
E a pesquisa prossegue apresentando outras estatísticas ainda mais preocupantes: 6 em cada 10 pais acreditam saber tudo o que os filhos fazem na internet, e 61% dos entrevistados acham difícil que os pequenos arrumem problemas graves através da web. Além disso, 79% dos familiares afirmaram ter orientado suas crianças sobre como agir em situações de cyberbullying; por outro lado, 39% dos jovens dizem não saber o que fazer caso sejam vítimas desse tipo de violência.
No geral, o estudo mostrou que os pais possuem grande sentimento de confiança quanto ao comportamento dos filhos na internet, acreditando que os próprios tomam todos os cuidados necessários para proteger sua integridade na rede. Mas a realidade é diferente – 60% dos jovens entrevistados confessaram que fazem “coisas escondidas” e 41% deles já marcaram encontros reais com desconhecidos que conheceram na web (sendo que 18% destes relataram experiências negativas em relação a esse fato).
Além disso, 40% convivem com apelidos desagradáveis, 15% já sofreram violência moral online e 64% já apagaram históricos (logs) comprometedores, como uma forma de escapar de eventuais investigações por parte de seus pais. No geral, nota-se que o jovem prefere omitir detalhes sobre sua vida pessoal na web e dominam formas de contornar a vigilância de seus familiares caso esta venha a ocorrer.
15% dos entrevistados já sofreram violência online (Fonte da imagem: EastBayRI)
Melhor prevenir do que remediar
Especialistas em segurança digital dão várias dicas de como os pais podem ter maior influência na rotina de seus filhos nas redes sociais. É importante sobretudo que o familiar marque presença na vida dos jovens, educando-os em relação aos perigos que podem ser encontrados na rede e servindo como bom exemplo de uso da internet.
“Jovens imitam, você tem que ser um bom modelo”, afirma Cristiano Nabuco de Abreu, psiquiatra chefe do Grupo de Dependências Tecnológicas do Programa Integrado dos Transtornos do Impulso (PRO-AMITI) da USP.
(Fonte da imagem: Thriving Pastor)
Também é essencial redobrar os cuidados clássicos que todos nós já conhecemos: usar senhas fortes e atualizadas, não confiar em “amigos virtuais”, não publicar fotos comprometedoras ou que revelem seus hábitos cotidianos, evitar check-ins, não clicar em qualquer tipo de link suspeito e não instalar aplicativos (sejam de desktop ou de dispositivos móveis) sem conferir a procedência dos próprios.
Por sinal, no que diz respeito às crianças, vale ressaltar a importância de respeitar a classificação indicativa dos apps baixados, evitando que os pequenos acessem conteúdos indevidos através desses softwares.
Por fim, também é bom ter sempre em mente que questões enfrentadas por jovens na web costumam ser nada além de reflexos de dificuldades sociais já existentes na vida real. “A internet é um palco para problemas familiares clássicos”, afirma Cristiano. Sendo assim, o diálogo e a compreensão mútua continua sendo de suma importância para uma relação saudável entre os pais, os filhos e a rede mundial de computadores.
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