Um novo estudo apresentado pela Academia de Oftalmologia norte-americana mostrou que a utilização de câmeras vestíveis com reconhecimento de faces e escrita pode ajudar pessoas legalmente cegas a voltar a conseguir realizar tarefas que envolvam leitura. De acordo com a pesquisa, os participantes que passaram a utilizar os dispositivos mais do que triplicaram sua precisão em atividades que requereriam que lessem – e até em algumas que não dependem disso.
A avaliação foi feita com uso da OrCam MyEye, que é montada em um par de óculos e conta com fones de ouvido embutidos. O acessório utiliza uma tecnologia de detecção de caracteres para ler o conteúdo de textos para os usuários. Somando-se a isso, o sistema reconhece a face das pessoas para quem o portador está olhando, informando-o sobre a identidade de seu interlocutor.
Da água para o vinho
Os participantes do estudo consistiram de 12 pessoas que, em um total de 200 pontos, possuíam pontuações de capacidade visual na faixa dos 20 ou menos – o que significa que são consideradas legalmente cegas. O teste aplicado pedia que os envolvidos executassem uma lista de 10 tarefas que simulavam atividades cotidianas, como ler um jornal ou uma placa, algo que deveria ser feito tanto com quanto sem a câmera vestível.
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Os resultados mostraram que, em média, os participantes só acertaram 25% do conteúdo do exame quando tentaram conclui-lo sem nenhum tipo de ajuda. Cerca de metade dos envolvidos recebeu outros tipos de auxílio, como o uso de lentes de aumento comuns, e chegou a responder corretamente a 60% dos desafios. Já quando puderam utilizar a câmera especial, a pontuação final chegou a impressionantes 95%.
A pesquisa continuou por mais algum tempo e, depois de cerca de uma semana, a utilização da OrCam MyEye levou as pessoas legalmente cegas a conseguir realizar com sucesso 98% das tarefas propostas, em média. O dispositivo foi lançado no ano passado, mas esse é o primeiro estudo a medir quais seus efeitos reais, ainda que a quantidade de participantes tenha sido pequena.
Ajudando mais gente
De acordo com a empresa responsável pela câmera, ela também pode ser usada para ajudar pessoas que problemas como dislexia, distúrbio que dificulta a leitura. De acordo com o cientista que liderou o projeto, Elad Moisseiev, estudos adicionais com uma quantidade maior de voluntários ajudariam a expandir os resultados dessa primeira pesquisa.