O visual de um smartphone e a sensação de qualidade que ele passa nas mãos são fatores que chamam a atenção de muita gente na hora de fazer a compra de um novo celular. Isso é especialmente verdade para aquele consumidor que não se preocupa muito com hardware e quer apenas um telefone bonito, com tela boa e câmera de qualidade. Essas três características normalmente são atribuídas a smartphones top de linha, mas existem modelos mais baratos que podem cumprir esses pré-requisitos também.
Eles são os intermediários premium, uma categoria que basicamente foi inventada pela Samsung, com a sua linha Galaxy A. O primeiro modelo nesse segmento foi o Galaxy Alpha, lançado em 2014, que chamou muita atenção pelo design e por ter sido o primeiro celular com carcaça metálica no catálogo de Androids da coreana. No ano seguinte, a empresa trouxe a primeira geração dos Galaxy A5 e A7. Em 2016, tivemos a segunda leva e, agora, a marca lançou no mercado brasileiro as versões 2017 desses modelos. Esta análise aqui é sobre o Galaxy A5 deste ano, e você vai conferir agora as minhas opiniões sobre ele.
Será que vale a pena gastar em design e qualidade de construção em vez de tentar obter o melhor hardware possível com a mesma grana?
Ele te pega pelo design
A primeira coisa que chama atenção no Galaxy A5 deste ano é o seu design. Na minha opinião, ele é o intermediário premium mais bem servido nesse quesito. Ele é certamente bonito, com um estilo bem coeso e detalhes posicionados na carcaça de forma cuidadosa. Apesar de a tampa traseira ser feita em vidro, não há efeitos muito extravagantes e toda essa harmonia meio arredondada nas bordas e na moldura tornam o A5 um celular de muito bom gosto e apelo visual.
A qualidade da construção pode ser percebida logo de cara
Isso também se reflete na hora em que você pega o smartphone nas mãos. A qualidade da construção pode ser percebida logo de cara, sendo esse dispositivo muito sólido. O acabamento é impecável e não notamos qualquer defeito que possa ser sentido nas mãos, como superfícies desniveladas ou mal-encaixadas, como é comum em aparelhos mais básicos. Há três opções de cor no mercado brasileiro: preto, dourado e rosa. Todas as cores caem muito bem no smartphone.
Em questão de design e qualidade de construção, nós só tínhamos duas reclamações sobre o A5 do ano passado: o botão home tinha um clique que passava a impressão de que não era durável, e a gaveta de chips era compartilhada com o cartão de memória. Assim, a pessoa tinha que escolher usar dois SIM ao mesmo tempo ou um SIM e um micro SD. Os três juntos não era algo possível.
No modelo de 2017, esses dois pontos foram corrigidos. Há uma gaveta dedicada para o SIM 1 e outra para o SIM 2 com espaço para o micro SD. Assim, os três itens podem estar em uso simultaneamente. O botão home agora tem um clique muito satisfatório, praticamente igual ao do Galaxy S7. Vale ressaltar que esse smartphone agora é à prova d’água e poeira, com certificação IP68, uma boa adição em relação à geração passada.
Roda praticamente qualquer coisa
O hardware do Galaxy A5 (2017) está longe de ser espetacular, mas ele consegue dar conta de praticamente tudo o que você encontrar na Google Play, desde games mais intensos aos mais casuais. Nós jogamos Uncharted e PinOut no celular da Samsung e não notamos qualquer tipo de lag, queda na taxa de quadros por segundo ou qualquer indício de que ele não estava dando conta do recado.
Mas isso não significa que ele está em par com os melhores modelos da marca. A diferença entre o A5 e o S7 é basicamente a agilidade, que é muito superior no top de linha, e as ferramentas extras. O A5 também tem menos RAM, menos armazenamento e, no geral, componentes com frequência de funcionamento mais baixas. Por isso, apesar de ser um intermediário premium bem caro, ele não consegue acompanhar o carro-chefe da coreana.
Ainda assim, em questão de desempenho, o A5 deste ano evoluiu bastante em comparação com a geração passada. Agora tem 3 GB de RAM contra 2 GB em 2016 e um processador mais moderno e com maior clock. A GPU também foi atualizada e, agora, é bem mais capaz. Mesmo assim, sob longos períodos de jogatina, o smartphone esquenta.
De frente com a concorrência
Para a realização desta análise, o Samsung Galaxy A5 (2017) foi submetido a três aplicativos de benchmark. São eles: 3D Mark (Ice Storm Unlimited), AnTuTu Benchmark 6 e Vellamo Mobile Benchmark (HTML5 e Metal).
O teste Ice Storm Unlimited, do 3D Mark, é utilizado para fazer comparações diretas entre processadores e GPUs. Fatores como resolução do display podem afetar o resultado final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
Um dos aplicativos de benchmark mais conceituados em sua categoria, o AnTuTu Benchmark 6 faz testes de interface, CPU, GPU e memória RAM. Os resultados são somados e geram uma pontuação final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
O Vellamo Mobile Benchmark aplica dois testes ao aparelho: HTML5 e Metal. No primeiro deles é avaliado o desempenho do celular no acesso direto à internet via browser. Já no teste Metal, o número final indica a performance do processador. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
Saia bem na foto
A Samsung vem entregando boas câmeras na linha Galaxy A há um bom tempo, e a tradição segue firme com o A5 deste ano. O smartphone tem dois sensores de 16 MP, um na frente e outro atrás, e ambos fazem boas fotos. Contudo, a qualidade das imagens registradas com a câmera traseira é consideravelmente melhor.
Em nossos testes, percebemos que isso tem a ver com a estabilização do sensor, que na parte de trás é aparentemente melhor. A câmera frontal tende a gerar imagens tremidas com frequência, e você tem que cuidar bastante para conseguir uma selfie bem nítida.
O app de câmera é muito rápido; você aperta duas vezes o botão home e ele já está pronto para fotografar
No geral, com a câmera de trás, as fotos saem com uma boa reprodução de cor, o foco é muito rápido e bem preciso e tivemos poucos problemas com exposição. Isso quer dizer que você não sofre tanto com fotos estouradas nem com áreas muito escuras. Fazer capturas com pouca luz também não é um grande problema, apesar de a qualidade das imagens ser afetada sensivelmente.
O app de câmera é muito rápido. Você aperta duas vezes o botão home e ele já está pronto para fotografar. Para tirar uma foto, a agilidade é a mesma. Tocou, capturou. Claro que, em alguns casos, você pode ter problemas de foco ou mesmo exposição se não tomar alguns cuidados.
A interface também foi atualizada, e agora o app de câmera é mais simples. Você arrasta o dedo da esquerda para a direita no visualizador, e os modos de captura aparecem: automático, profissional, panorama, HDR e por aí vai. Fazendo o movimento inverso, é possível acessar o banco de filtros da câmera, que funcionam em tempo real. São muitas opções interessantes.
Vale destacar que, para alternar entre a câmera principal e a de selfies, você só precisa arrastar o dedo de cima para baixo.
Brilho e contraste são aqui mesmo
O A5 de 2017 tem um display Super AMOLED, a mesma tecnologia encontrada nos smartphones top de linha da Samsung. A resolução dele não é 2K, naturalmente, mas o Full HD em uma tela de 5,2’’ já é mais que o suficiente e entrega uma ótima densidade de pixels. São 424 ppi, uma marca excelente para um intermediário.
Fora esses detalhes, a qualidade da tela é muito boa. Ela é muito viva e brilhosa, dando a impressão que você está realmente “tocando no software” e não em um pedaço de vidro qualquer. O fato de a calibração das cores estar muito boa também contribui para essa sensação de imersão, mesmo esse display sendo um pouco mais saturado do que seria natural.
A questão do brilho forte facilita enxergar as coisas mesmo sob a luz do Sol, e o contraste oferecido pela tecnologia AMOLED faz os pretos serem realmente pretos na tela, e não um cinza escuro estranho que aparece em displays LCD.
Parece que a coreana finalmente acertou no software
O Android que a Samsung entrega no A5 não é o mais atual, estamos aqui com o Android Marshmallow 6.0.1, mas é provável que o Nougat 7.0 chegue nos próximos meses. Isso, entretanto, não é o ponto mais interessante desse departamento. A interface que a empresa elaborou para esse smartphone é finalmente agradável de usar. Talvez ele seja um dos primeiros smartphones da Samsung que não me deixou irritado ao usar por conta dos brilhos desnecessários, efeitos e transparências bregas.
O visual do software ficou muito bonito, com elementos sólidos e cores mais suaves por toda parte. Ainda está bem longe do padrão do Android Puro, mas finalmente a Samsung acertou em sua interface e está entregando algo que eu realmente gostei de usar, sem passar nenhum incômodo. As animações são bonitas e lógicas, tudo é muito ágil e sem nenhum tipo de travadinha ou lag na interface. Celulares mais básicos da Samsung raramente puderam ser classificados dessa forma.
Mesmo com todas essas melhorias, a Samsung ainda é adepta do crapware
Eu gostei especialmente da nova área de notificações, que tem vários botões e até uma área de buscas. A forma como as notificações são agrupadas, entretanto, pode melhorar, o que deve ser corrigido com a atualização para o Nougat, já que a Google está meio que forçando as fabricantes a seguirem o padrão do software puro nesse ponto.
Mesmo com todas essas melhorias, a Samsung ainda é adepta do crapware. Há muitos apps extas instalados no celular que não precisariam estar ali. Você tem toda a suíte do Google, que vem em qualquer Android, mais uma pasta com 12 apps da própria Samsung e outra com seis da Microsoft. Alguns deles são de fato úteis, mas a maioria não é. Felizmente, você pode desativar quase todos, mas não remover completamente.
Seja como for, a experiência do usuário com smartphones da Samsung finalmente é de fato digna. Vamos torcer para que todos os Galaxy deste ano sigam essa linha.
Para não reclamar da bateria
A Samsung conseguiu entregar uma célula de 3.000 mAh em um smartphone bastante compacto. Somente isso já garantiria uma boa autonomia de bateria para o A5, mas a empresa fez uma boa otimização no gasto de energia do sistema, o que faz o celular durar muito tempo longe das tomadas.
Durante o meu tempo com ele em mãos, notei que o smartphone consegue ficar mais de um dia longe das tomadas sem maiores problemas. Se você for um usuário moderado, ele chega sem problema à marca de um dia e meio. Suspeitamos que o processador Exynos 7880 esteja muito bem alinhado para economia de bateria.
Isso ficou ainda mais evidente no nosso teste de execução de vídeo. O celular mostrou ser capaz de ficar tocando continuamente 14 horas e 17 minutos de vídeo no YouTube com WiFi ligado e brilho na tela no máximo. Para chegar a esse número, foram feitas três medições durante 60 minutos de execução.
A marca é realmente impressionante. Apenas para título de comparação, o último celular que eu analisei antes do A5 tinha 2.800 mAh e conseguiu apenas 5 horas redondas nas mesmas condições.
Considerando tudo isso, eu acredito que quem comprar o A5 não vai precisar ficar carregando power banks para cima e para baixo o tempo todo. Se você tiver um dia cheio de trabalho ou estudos e à noite for para um bar ou balada, certamente o smartphone da Samsung ainda terá carga mais que suficiente para dar conta do uso estendido.
Além do mais, quando a bateria acaba, você não precisa ficar muito tempo grudado à tomada. Com o carregador original do smartphone, você consegue sair de 0% a 100% em pouco mais de uma hora. Isso é possível graças à tecnologia de carregamento rápido da Samsung, combinada à conexão USB-C.
Falando em USB-C, como o Note 7 fora de linha, esse é o primeiro smartphone da Samsung a chegar ao Brasil com esse tipo de conexão.
Leitor de digitais e alguns extras
É necessário comentar também sobre o leitor de impressões digitais do A5. Ele continua na parte da frente do smartphone, embutido no botão home, mas sua qualidade não mudou muito em relação ao modelo anterior. Ele ainda é relativamente lento comparado ao dos sensores que encontramos em aparelhos top de linha e nem sempre consegue identificar o dedo do usuário.
No meu período de testes com o modelo, muitas vezes excedi a quantidade de tentativas possível, e o celular ficou bloqueado por 30 segundos. Isso nunca aconteceu com o meu Nexus 6P ou com qualquer outro smartphone com leitor de digitais circular mais espaçoso. Contudo, o desempenho do A5 nesse departamento é muito similar ao do Moto G4 Plus.
Entretanto, os concorrentes desse smartphone aqui são os Moto Z Play e Asus Zenfone 3, cujos leitores de digitais são sensivelmente melhores.
Deixando isso de lado, podemos falar sobre áudio. O A5 tem áudio mono, mas o som é de boa qualidade, mesmo quando está no volume mais alto. Não é excelente, mas é bom. A saída fica agora na lateral direita, um tanto acima do botão power. Nessa posição, é bem mais difícil de cobrir essa grade, mesmo quando você está jogando.
Dentro da caixa, temos um carregador rápido bem padrão da Samsung, junto com um cabo USB-C para USB-A e um adaptador de micro USB para USB-C. Com isso, se você encontrar um cabo antigo por aí, é possível colocar esse trequinho na ponta e carregar seu novo A5.
O fone de ouvido é intra-auricular e tem qualidade muito semelhante à daquele que acompanha o Galaxy S7, tanto em construção quanto em áudio. Tudo é reproduzido de forma muito clara, com uma configuração sonora neutra.
Vale a pena?
Não há dúvida de que estamos diante de um smartphone de ótima qualidade aqui. Ele tem um bom desempenho, traz um bom par de câmeras e também tem um design e qualidade de construção que simplesmente não existem na categoria. Fora isso, ele é muito confortável de segurar por conta do tamanho da tela, apenas 5,2’’, e também da traseira com vidro curvado.
O celular da Samsung é melhor que o da Motorola em câmera e tela, mas perde em desempenho
O smartphone que consideramos o seu principal concorrente no momento é o Moto Z Play, da Lenovo/Motorola. Esse aparelho também tem um acabamento com materiais mais premium e um design interessante. Contudo, nesses dois pontos, o A5 vence o adversário, mesmo considerando as capacidades modulares do Moto Z Play. O celular da Samsung também é melhor que o da Motorola em câmera e tela, mas perde em desempenho. O software do Moto Z, por sua vez, é bem mais próximo do Android Puro, apesar de a interface da Samsung ter melhorado muito neste ano.
A gente pode até considerar o Zenfone 3 um concorrente, mas ele é inferior ao da Samsung em vários pontos, e a faixa de preço é muito distante. O Moto Z Play também é mais barato, mas está um tanto mais próximo. O Galaxy A5 (2017) chegou ao mercado custando oficialmente R$ 2.099, bem caro para um intermediário premium.
O atual top de linha da Samsung já está há um ano no mercado, mas ele é melhor que o A5
Por esse valor, dá para comprar um Galaxy S7 e ainda sobra alguns trocadinhos. Portanto, não temos como dizer que o A5 vale a pena enquanto ele não ficar pelo menos uns R$ 400 mais barato que o S7.
O atual top de linha da Samsung já está há um ano no mercado, mas ele é melhor que o A5 em praticamente todos os aspectos: o hardware é muito mais parrudo, as câmeras são excelentes, a autonomia de bateria é praticamente a mesma e o design é ainda mais refinado.
Não faz sentido investir mais de dois mil reais em um intermediário premium quando o top de linha da mesma marca custa isso também. A gente espera que o A5 caia de preço nos próximos meses (felizmente, já há promoções com valores à vista bem mais em conta), e nós realmente esperamos que esse seja o caso, pois ele é um bom celular. Se ele chegar pelo menos à mesma faixa do Moto Z Play, que gira em torno dos R$ 1,8 mil atualmente, já dá para considerar fazer a compra.
Mas, enquanto isso não acontece, é melhor colocar seu dinheiro no top de linha do que ficar com o intermediário, por mais premium que ele seja.
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Perguntas dos leitores
Daniel Xavier: Gostaria de saber se ele tem o LED de notificação e se o teclado Samsung dele tem opção de colocar para vibrar .
R: O celular não tem LED de notificações, mas possui uma função chamada “Always On Display”, que funciona mais ou menos como a Moto Tela dos celulares Motorola, mostrando hora e detalhes de notificações o tempo todo. O teclado original da Samsung também não tem função para vibrar ao tocar nas teclas.
Gabriella Maria Couto Oliveira: Funciona OTG?
R: Sim. Testamos com um adaptador USB-C e um pendrive. Foi possível abrir e ler os arquivos sem a necessidade de nenhuma “gambiarra” ou app extra.
Ronaldo Correia: Tem estabilização ótica?
R: Infelizmente, não.
Samuka Tech: Como ficou o leitor de digitais? Como está o gerenciamento de RAM?
R: O leitor de digitais funciona bem, mas pode ser bastante impreciso e lento algumas vezes. Para ter o melhor resultado, é preciso tomar muito cuidado na hora de cadastrar as digitais, fazendo movimentos lentos e ir limpando o dedo e o sensor com frequência até o fim do cadastro.
O gerenciamento de RAM parece ter funcionado normalmente. Não tivemos qualquer problema no carregamento de apps ou na retomada de outros que ficaram em segundo plano.
Luiz Gabriell: Compensa comprá-lo em vez do Galaxy S6, que está mais barato em algumas lojas online?
R: Compensa comprar o Galaxy S7 de uma vez, pois o preço é o mesmo, e o S6 já está ficando muito defasado, visto que o Galaxy S8 deve chegar ao mercado muito em breve.
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