Durante a edição mais recente da Hannover Messe, uma feira de tecnologia industrial na Alemanha, a Moley Robotics revelou aquilo que parece ser um dos principais passos na direção da criação de Rosie, a robô-doméstica do desenho Os Jetsons. Exageros à parte, a empresa apresentou no evento o protótipo funcional daquilo que chama de “a primeira cozinha automatizada do mundo”.
Composta por dois braços robóticos portando ágeis mãos biomiméticas – isto é, imitando as de humanos – e capazes de agir em uma cozinha especialmente projetada, o dispositivo pode usar bocas de fogão, utensílios e uma pia para criar refeições complexas inteiras. O robô é capaz de imitar movimentos de um chef após o profissional ter suas ações capturadas por uma câmera 3D enquanto prepara o prato em questão.
Mãos na massa – ou na sopa
Algumas semanas antes de levar o protótipo ao evento, a Moley convidou alguns veículos de imprensa internacional para conferir a novidade funcionando ao vivo. Em menos de meia hora, o robô preparou um bisque de caranguejo (uma espécie de caldo) utilizando como base a receita e a técnica de Tim Anderson, vencedor da edição de 2011 do reality show MasterChef em sua variação britânica.
Para que tudo funcione como deve, todos os ingredientes e utensílios devem ser posicionados nos locais certos da cozinha automatizada. Feito isso, basta observar enquanto a máquina seleciona a temperatura ideal das chamas nas bocas do fogão e acrescenta os materiais corretos na mistura, justamente antes de operar um pequeno liquidificador. O robô até colocou a refeição nos pratos e raspou a concha na panela para evitar derramar gotas da sopa.
Explicando a escolha do bisque de caranguejo, Anderson – que está trabalhando com a Moley no projeto –, afirmou que o prato já seria desafiador para um chef humano, de forma que seria o teste perfeito para a habilidade do aparelho. “Se ele consegue fazer o bisque, então é capaz de cozinhar muitas outras coisas”, afirma o profissional.
Sua fábrica gourmet
A habilidade demonstrada pelo protótipo rapidamente levanta questões com relação ao risco aos empregos de pessoas como o próprio Anderson, já que bastaria ter a máquina para fazer pratos requintados. Questionado sobre o assunto, o chef disse acreditar que a cozinha autônoma na verdade gera novos empregos e permite que os profissionais da culinária possam criar suas próprias marcas.
A ideia é que os chefs possam gravar seus próprios movimentos para que o robô imite suas técnicas e reproduza o prato, criando uma verdadeira linha de produção de refeições, que podem ser vendida em grande escala. Além disso, Anderson diz imaginar um futuro em que as pessoas poderão aprender a cozinhar melhor ao observar os robôs em ação.
Por enquanto, o bisque de caranguejo é o único prato que o protótipo é capaz de concluir, mas a Moley tem planos de construir uma biblioteca digital com 2 mil receitas antes que a cozinha automatizada seja disponibilizada para o público. A companhia tem planos de iniciar a produção em massa dos robôs em 2017, com cada unidade saindo por £ 10 mil – o equivalente a R$ 45,3 mil, sem considerar impostos.
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