Dmitry Itskov: conheça o maluco que pretende fazer você viver eternamente

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(Fonte da imagem: Reprodução/The Verge)

A imortalidade, seja ela física ou espiritual, é um dos desejos mais antigos da humanidade. Obras milenares do hinduísmo, filmes e livros de ficção científica e mitos como a pedra filosofal e a fonte da juventude abordam ações como o prolongamento da vida ou o transporte da consciência. Mas até que ponto essa longevidade sem limites é um mito?

O russo Dmitry Itskov acredita que a imortalidade é uma questão de tempo, dinheiro e, principalmente, tecnologia. Atualmente com 32 anos, o empresário já acumula muitas riquezas na área de comunicação em seu país natal com a companhia New Media Stars – o suficiente para dar o pontapé inicial em um projeto ambicioso que pode mudar radicalmente a espécie humana.

Itskov é o homem por trás do 2045 Project, uma iniciativa fundada em 2011 que, basicamente, pretende transportar a consciência humana para avatares robóticos, permitindo que qualquer pessoa viva para sempre, já que a mente estará segura em um “recipiente” artificial – algo que, por mais bizarro e utópico que possa parecer, faz bastante sentido.

Quem quer viver para sempre?

Em seu primeiro ano, o projeto não ganhava muito crédito: muita gente achava que o russo só queria atenção da mídia e ainda mais dinheiro. Ele só foi levado a sério um ano depois, quando conquistou o apoio de cientistas renomados de universidades de todo o mundo, com formação em robótica ou neurociência.

(Fonte da imagem: 2045 Project)

Por enquanto, a iniciativa ainda esbarra em várias questões, desde éticas até financeiras – uma verba acima da fortuna do empresário é necessária para custear tanto as pesquisas quanto a fabricação e manutenção dessas tecnologias. O projeto até enviou uma carta aberta à ONU, apresentando o programa e pedindo apoio. Por enquanto, não há resposta da entidade.

O argumento de Itskov começa com críticas à humanidade. Segundo ele, por causa de crises econômicas, antropológicas, políticas e ecológicas, nós temos duas opções: abraçar a degradação global e assistir ao fim da espécie ou encontrar um novo modelo de desenvolvimento, capaz de dar um novo significado à vida. O russo, claro, escolheu a segunda.

Mas o projeto não fala em imortalidade imediata. Apesar de otimista, Itskov tenta trabalhar com os pés no chão, propondo metas que devem ser cumpridas a cada cinco anos – até 2045, quando o ser humano não terá mais um prazo de validade.

Fase A: Highlander robotizado

De início, Itskov planeja a construção de um robô com aparência humana, começando apenas com rostos mecanizados e passando para corpos inteiros que podem andar, pular e falar. Os avanços são lentos: o protótipo que será apresentado em 2013 consiste apenas de uma cabeça com os moldes da face do russo e 36 motores para proporcionar movimentos realistas.

O rosto deve ser apresentado em junho de 2013. (Fonte da imagem: Brandon Thibodeaux/The New York Times)

Em seguida, é necessário conectar o cérebro de uma pessoa à máquina – e não é só ligar alguns fios, mas criar uma ligação sensorial que permita o controle do robô, mesmo remotamente.

O avatar, portanto, não seria apenas uma máquina que pensa: processos bioquímicos que reproduzam a atividade neural e até uma simulação do metabolismo desse órgão deixariam o imortal ainda com aspectos humanos. Essa captação criaria uma interface cérebro-computador (BCI, na sigla original) totalmente integrada – e é só a primeira das quatro fases do projeto. O prazo para tudo isso acontecer é até 2020.

Fase B: o imortal não morre no final

Estudos para “emular” o cérebro em um computador ou “salvar” memórias em uma máquina não são inéditos, mas falta muito para que eles atinjam resultados satisfatórios.

Por isso, a segunda fase do projeto de Itskov é transportar para um robô o cérebro de uma pessoa ao final da vida, quando a morte natural parece inevitável. O suporte de vida autônomo seria uma “sobrevida” não para a pessoa, mas apenas para seus pensamentos.

Itskov e um protótipo de olho esbugalhado de seu avatar. (Fonte da imagem: Reprodução/Agence France-Presse)

É necessário, portanto, garantir que o cérebro humano não sofra degradações e sobreviva aos procedimentos de integração com esse corpo robótico. Tal ação significa ainda estudar e desenvolver próteses artificiais com funções equivalentes ao cérebro. A meta deve ser cumprida até 2025.

Fase C: tudo digital

Na terceira das três metas de Itskov, o salto é ainda maior que os anteriores. Desta vez, o cérebro é totalmente artificial – e a personalidade humana em si, junto com memória, consciência e tudo mais, é transferida para o avatar, uma máquina já totalmente independente.

(Fonte da imagem: Thinkstock)

Criar um método de transmissão para elementos tão abstratos, como a personalidade, é o grande obstáculo – mas ultrapassá-lo seria uma revolução única na ciência. Essa inteligência artificial seria ainda totalmente personalizável, possibilitando a modificação da consciência e até a criação de seres considerados perfeitos. A ideia é conquistar tudo isso em 2035.

Fase D: fazendo a evolução

Em 2045, os robôs com cérebros acoplados serão considerados ultrapassados. Itskov acredita que a tecnologia estará tão avançada que serão duas as possibilidades: os avatares serão seres holográficos, com capacidades superiores às de qualquer ser humano, ou os corpos terão a constituição de nanorrobôs que podem tomar diferentes formas.

Para ele, ainda mais do que a conquista da imortalidade, o passo final significa a transição evolutiva da humanidade para uma nova espécie.

...

Em 15 e 16 de junho de 2013, o projeto será mostrado no evento Global Future 2045 International Congress. Lá, serão discutidas as próximas estratégias da iniciativa e, quem sabe, a formação de parcerias para que ele passe definitivamente a ser uma realidade.

Caso consiga atingir a imortalidade, o russo afirma que seu maior desejo é o desenvolvimento espiritual, mas ele também está curioso para saber quais tecnologias serão a base da humanidade em 2045. Se Dmitry Itskov é um visionário ou apenas mais um cientista maluco, entretanto, isso só saberemos daqui a 32 anos – se ainda estivermos aqui, claro.

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