Os trolls são criaturas do folclore escandinavo retratados como criaturas grotescas, antissociais e habitantes de cavernas escuras. Essas características tornaram fácil associar o nome com o tipo de internauta que adora uma polêmica na internet. Porém, outro animal parece ameaçar o reinado dos trolls: o iaque (ou yak, em inglês), um bovino bastante peludo que existe de verdade. Apesar de ele ser bem tranquilo na vida real, está se tornando o terror de muita gente graças à rede social chamada Yik Yak, que permite postagens praticamente sem censura.
A professora Margaret Crouch, da Universidade de Eastern Michigan, acabou descobrindo que era assunto recorrente entre os seus estudantes da pior maneira. No recesso de um curso de cultura pós-apocalíptica que lecionava na instituição, uma assistente de ensino abordou Margaret e pediu que ela olhasse algo em seu celular. Abrindo o aplicativo com o ícone de yak a professora pôde ver que, enquanto ela ministrava a aula, grande parte dos alunos mantinham uma conversa com tom bastante pejorativo sobre ela e suas colegas de classe.
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“Fui difamada, minha reputação foi maculada. Fui vítima de assédio sexual e de abusos verbais”, escreveu Margaret ao sindicato depois de ler as dezenas de postagens feitas pelos estudantes. Porém, as reclamações não surtiram efeito por conta de um dos principais recursos da rede social: no Yik Yak, todos os usuários são anônimos. Isso é algo que vem se tornando preocupante nos EUA por conta da popularização cada vez maior que o serviço tem entre os universitários norte-americanos, criando uma horda de yaks sem piedade ou remorso.
Plataforma legal, usuários tóxicos
Criado no final de 2013 por dois ex-estudantes da Universidade de Furman, a ideia básica por trás do aplicativo era que ele servisse como um quadro de avisos comunitário. Isso fica reforçado por conta de o usuário só ter acesso a publicações postadas em um raio de 2,5 quilômetros à sua volta – uma área ideal para os campi de universidades. Promissora, a rede chegou a chamar atenção de profissionais da área, recebendo um investimento de US$ 62 milhões de um grande fundo do Vale do Silício.
Apesar disso, pouco mais de um ano após o seu lançamento, o que se vê é digno de mensagens e pichações deixadas nas portas e paredes de banheiros públicos, já que um dos principais usos do Yik Yak tem sido espalhar comentários de ódio ou ameaças. Diante desse quadro, os fundadores resolveram fazer pequenas alterações em seu produto, mas sem remover características essenciais do app.
Entre as mudanças trazidas recentemente está um filtro que impede que o nome completo da pessoa seja postado nas mensagens do serviço e um recurso que avalia palavras-chave para avisar o público sobre o teor da publicação antes de abri-la. Termos como “judeu” e “bomba”, por exemplo, habilitam avisos como: “Aperte os freios: esse yak pode conter linguagem ameaçadora”.
Mesmo com o “terreno pantanoso”, ainda há alunos que tentam manter a utilidade e o bom humor no aplicativo – de um modo bem mais inocente. “Desculpe, professor, a primeira mochila foi fechada. Não há mais como nos parar”, diz uma das postagens que podem ser vistas no site oficial da rede social, antecipando uma debandada da sala de aula. Caso queria experimentar, o Yik Yak conta com versões para Android e iOS. Por enquanto, os usuários de Windows Phone precisam se contentar com uma solução alternativa de app, chamada Yodel.
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