China usa bots e pornografia para esconder protestos no Twitter

Uma onda de postagens de pornografia e jogos de azar têm tomado conta do Twitter nos últimos dias, sendo exibidas como resultado de pesquisas relacionadas a algumas cidades chinesas. Os tweets estariam sendo patrocinados pelo governo do país, conforme relatório divulgado pelo The Washington Post no domingo (27).

O objetivo destas mensagens de spam no microblog é dificultar o acesso às postagens relacionadas à onda de protestos que toma o país, como indica a publicação. É importante destacar que a China enfrenta vários protestos contra as restrições impostas pelo governo como forma de impedir o aumento dos casos de covid-19, neste momento.

Ao pesquisar por termos como “Pequim” ou “Xangai”, por exemplo, na língua nativa, o internauta recebe uma enxurrada de tweets feitos por bots com conteúdos pornográficos, serviços de acompanhantes e apostas. Com isso, chegar aos posts sobre os protestos se torna uma tarefa complicada.

Still working on our own analysis, but here is some good initial data that points to this being an intentional attack to throw up informational chaff and reduce external visibility into protests in China (Twitter being blocked for most PRC citizens):https://t.co/kPK7nMeCPu

— Alex Stamos (@alexstamos) November 28, 2022

Conforme o especialista do Stanford Internet Observatory, Alex Stamos, mais de 95% dos tweets relacionados à cidade de Pequim exibidos na pesquisa do microblog, no domingo, eram de contas de spam. Ele revelou ainda que 70% desses perfis começaram a postar tais conteúdos apenas recentemente, alguns com milhares de mensagens diariamente, indicando se tratar de bots, provavelmente.

VPN como forma de fugir da censura

Proibidas na China, plataformas como Twitter e Telegram estão sendo acessadas pelos moradores do país por meio de serviços de rede virtual privada (VPN), possibilitando a coordenação dos protestos contra os bloqueios da covid-19. Por conta disso, a administração de Pequim teria iniciado a campanha de spam, tentando dificultar o trabalho dos manifestantes.

Os protestos se intensificaram após 10 pessoas morrerem em um incêndio que afetou um apartamento na província de Xinjiang. Um morador do edifício disse que as restrições causadas pela pandemia dificultaram a fuga dos residentes, resultando na tragédia.