O que é MarmitaGate? Entenda o caso que viralizou

4 min de leitura
Imagem de: O que é MarmitaGate? Entenda o caso que viralizou
Imagem: Pexels

Recentemente, um caso bastante peculiar ganhou destaque no Twitter. Batizado de "MarmitaGate", em referência ao escândalo político Watergate, o episódio trata-se de um possível e elaborado golpe envolvendo o desvio de doações para pessoas em situação de vulnerabilidade — e conta com uma série de reviravoltas dignas de uma tradicional novela mexicana.

Recapitulando os fatos, confira a trajetória cronológica do caso até os eventos mais recentes a seguir, nesta matéria especial do TecMundo!

Projeto "Absorvendo Necessidades"

Os primeiros eventos do caso ocorreram ainda em junho do ano passado, com a criação do suposto projeto beneficente "Absorvendo Necessidades". A iniciativa foi fundada e administrada por Maria Eduarda Poleza, de 19 anos, que solicitava doações em PIX para ajudar mulheres da cidade de Blumenau, em Santa Catarina, na compra de produtos de higiene pessoal.

Com milhares de seguidores no Instagram, o projeto já levantava suspeitas desde então. Na época, Poleza não respondia ofertas de doação alternativas ao dinheiro e não prestava contas sobre o uso dos fundos arrecadados. Outra peculiaridade era a conta utilizada para o recebimento dos valores, em nome da mãe da fundadora, Graziela Poleza.

Nesse mesmo intervalo, a fundadora do projeto realizava uma série de rifas em sua página no Instagram — incluindo cupons no iFood e até produtos mais caros, como um iPhone 7 Plus —, mas supostamente nunca teria concluído a entrega dos prêmios.

Por si só, a prática é proibida no Instagram e não deve ser realizada por pessoas físicas — segundo a Lei n° 5.768, de 1971, e a Portaria n° 20.749, de 2020. Mesmo com a devida autorização a uma empresa ou pessoa jurídica, ainda é necessário prestar contas ao final do sorteio, algo que não aconteceu neste caso.


Em abril deste ano, Poleza realizou sua última postagem no Instagram, onde é possível conferir uma série de comentários não respondidos. Entre eles, os mais comuns são questionamentos acerca de doações enviadas, bem como o resultado dos supostos sorteios. A conta da iniciativa no TikTok, aparentemente, foi banida da plataforma.

Projeto "Alimentando Necessidades"

Em paralelo, durante o mês de outubro do ano passado, outro projeto social nos mesmos moldes era iniciado por Poleza e sua amiga Taynara Motta. Desta vez, a iniciativa prometia levar refeições prontas — ou "marmitas", no termo popular — para pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Assim como a última empreitada, o projeto rapidamente ganhou notoriedade nas redes sociais, entretanto, por motivos externos à causa. No Twitter, Motta e Poleza repercutiam com relatos comoventes, que eventualmente se tornaram cada vez mais exagerados. As contas revezavam nas narrativas, mas conseguiam angariar novos doadores sensibilizados com as histórias — que chegavam a envolver temas como assédio sexual e estupro.

Junto da notoriedade comovente, alguns usuários começaram uma investigação quase coletiva acerca do projeto e de suas fundadoras. Inicialmente, o padrão nos temas e na frequência dos relatos foi reconhecido; adiante, notaram que as fotos utilizadas por elas eram, na verdade, de outras pessoas; em um dos relatos tratando de importunação sexual, foi descoberto que uma suposta foto enviada, na verdade, pertencia a uma postagem do Twitter.

E não para por aí: o caso piorou quando Poleza divulgou uma suposta doação de carne vencida para o projeto. Na imagem, é possível ver que a peça foi comprada e embalada no mesmo dia da postagem, em um mercado onde ela costumava realizar as compras dos itens a serem doados — conforme ilustrado nas postagens do Instagram da iniciativa anterior.

Antes só do que mal-acompanhada

Entre tantas evidências de que algo poderia estar errado com o projeto, a maior delas também é a mais imprevisível. Segundo a investigação coletiva de usuários, Taynara Motta seria uma personagem criada por Poleza, visando aumentar a credibilidade da empreitada.

Após as acusações repercutirem na rede, Poleza tentou se defender de diversas maneiras, mas acabou por complicar sua situação. Ela compartilhou dois vídeos objetivando provar a existência das duas pessoas, que nunca apareciam juntas. O material, fortemente modificado por filtros faciais, denunciava algo errado com a situação.

Adiante, foi compartilhada a inscrição no Enem como atestado de existência de Motta, entretanto, as fontes não batiam com o design padrão utilizado pelo Ministério da Educação. Indo além, os usuários verificaram que há apenas duas pessoas com o nome "Taynara Motta" no estado de Santa Catarina, mas nenhuma mora em Blumenau.

Mais uma vez, a conta de Motta tornou-se inativa no Twitter.

Arrecadação imprópria?

Durante o fervor das investigações, que dominavam agora os tópicos em alta no Twitter, Poleza começou a apagar uma série de tweets supostamente prestando contas das doações. Na sequência, foi possível conferir um extrato bancário com valores de entrada que ultrapassam R$ 30 mil — e que, segundo a fundadora, seriam insuficientes para adicionar carnes nas marmitas, doadas para apenas 26 pessoas.

Investigação policial

Após a comoção nas redes sociais, um Boletim de Ocorrência foi realizado, dando início a uma investigação oficial da Polícia Civil na última quarta-feira (28). Até o momento, as autoridades confirmaram que estão entrevistando possíveis vítimas e apurando a autenticidade das supostas evidências.

Confira mais informações sobre o comunicado clicando neste link!

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.