A Meta, novo nome do conglomerado Facebook, está restringindo o acesso a informações sensíveis entre seus empregados, com o objetivo de tentar conter a onda de vazamentos que está atingindo a empresa. O último deles, provocado pela ex-funcionária Frances Haugen, pode ter efeito em legislações mais restritivas para as redes sociais na Europa e nos Estados Unidos.
A empresa resolveu submeter a uma segunda revisão mais rigorosa dez das 70 palestras aprovadas que seriam apresentadas em um encontro com seus colaboradores para mostrar números de pesquisas internas no início de novembro. Os eventos sumiram da programação dias antes, sob recomendação dos departamentos jurídico e de comunicação.
Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.
Assine já o The BRIEF, a newsletter diária que te deixa por dentro de tudo
Em outubro, a Meta lançou um novo “Integrity Umbrella” com o objetivo específico de evitar vazamentos. Apenas uma lista restrita de funcionários passou a ter acesso aos grupos privados do departamento de integridade no Workplace, plataforma interna de relacionamento entre os colaboradores da empresa.
Cultura empresarial abalada
Ainda que os vazamentos de relatórios internos não tenham provocado mudanças significativas nos produtos das plataformas controladas pela Meta, como Facebook, Instagram, Messenger e Whatsapp, a cultura da empresa foi abalada.
A cultura de trabalho na big tech é baseada em cinco pilares principais, entre eles, “Be Open” (“estar aberto”, em tradução livre do inglês), a partir da consideração de que o máximo de informações disponíveis sobre a companhia entre os funcionários é requisito fundamental para a tomada de decisões melhores e com maior impacto.
A filosofia vem diretamente de Mark Zuckerberg, que costumava compartilhar livremente os dados do Facebook até 2016. De lá para cá, o número de funcionários da big tech saiu de 17 mil para 68 mil atualmente, acompanhado por uma série de vazamento de relatórios internos.
Dentro desse contexto, a decisão de tornar as informações mais sigilosas pode até fazer sentido para proteger a companhia, mas poderá trazer efeitos colaterais negativos. Com menos pessoas com acesso a informações, o maior sigilo dificulta a colaboração com funcionários de outros departamentos e pode, inclusive, incentivar mais vazamentos.
Categorias