O Facebook publicou, na última quarta-feira (29), dois trechos de uma pesquisa que realizou para verificar o quanto o Instagram prejudica a saúde mental de adolescentes. A rede social é acusada de falta de transparência na divulgação de relatórios sobre o impacto das publicações, principalmente entre o público jovem.
A gigante da tecnologia resolveu publicar trechos da pesquisa após o Wall Street Journal (WSJ) divulgar uma matéria com seis páginas do estudo. A divulgação pelo veículo veio horas antes de os executivos do Facebook falarem aos congressistas do Senado dos Estados Unidos (EUA) sobre o assunto.
O WSJ chegou a acusar, inclusive, o Facebook de saber a influência negativa que o Instagram tem na saúde mental dos jovens do mundo todo. Os executivos da empresa deverão se defender das acusações e, para isso, utilizarão esse relatório produzido.
O efeito do Instagram nos jovens
Apesar de ressalvas sobre a interpretação dos dados, o relatório (que entrevistou 565 adolescentes nos EUA, e outros 557 no Reino Unido) mostra que a rede social realmente afeta os menores de idade. Segundo a pesquisa, pelo menos 1% dos jovens (16 pessoas) chegou a responder à pesquisa dizendo ter tido pensamentos suicidas por causa do Instagram.
A maioria dos adolescentes do Reino Unido (51%) disseram também ter pensamentos sobre a necessidade de criar "uma imagem perfeita" após acessarem o Instagram. Em relação aos norte-americanos, a maior reclamação (42%) foi que a rede os fez começar a pensar que não tinham muito dinheiro.
Além da correlação com a rede social, o estudo pesquisou questões gerais sobre a saúde psicológica dos adolescentes norte-americanos e britânicos. Os resultados mostram que, de maneira geral, os meninos dizem ter um melhor bem-estar do que as meninas.
A maioria dos jovens (75% dos britânicos e 67% dos norte-americanos) também respondeu que se sente socialmente pressionada a ter determinada aparência.
A defesa do Facebook
Apesar de não negar o impacto negativo do Instagram na saúde mental de adolescentes, a companhia se defendeu no próprio relatório dizendo que a pesquisa não procurou saber a causalidade entre a rede social e a saúde ou bem-estar dos jovens.
De acordo com um trecho da pesquisa, embora algumas respostas enfatizem aspectos negativos, também há respostas neutras e até positivas, ou seja, indicando que algumas pessoas se sentem melhor com si mesmas após utilizar a plataforma.
Para fazer a defesa, a empresa utiliza o trecho em que mostra que mais de 70% dos adolescentes disseram se sentir bem ao interagir com memes ou perfis de humoristas que seguem na rede, por exemplo.
Sobre os jovens que tiveram pensamentos suicidas após interagirem com o Instagram, a empresa disse que a taxa é bastante baixa, mas complementou: "Uma pessoa que usa o Instagram e já tem uma sensação suicida é o bastante para nos preocuparmos. É por isso que nós investimos tanto em suporte, recursos e intervenções para as pessoas que utilizam os nossos serviços".
Outra questão que o Facebook reforçou na própria pesquisa foi de que os efeitos positivos e negativos do Instagram dependem muito do bem-estar subjetivo dos adolescentes. "Adolescentes com menor satisfação em relação à vida têm mais probabilidade de dizer que o Instagram torna sua saúde mental ou a maneira como eles se sentem sobre si mesmos piores do que adolescentes que estão satisfeitos com suas vidas", segundo argumento do trecho do relatório.
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