Depois de iniciar sua campanha contra fake news no período eleitoral brasileiro, o WhatsApp baniu entre 1,5 milhão e 2 milhões de contas da plataforma entre outubro de 2018 e setembro deste ano, um número impressionante de usuários, com alguns ainda em atividade mesmo 1 ano depois.
A informação vem de uma investigação do UOL, levando em conta os cinco comunicados mais recentes do WhatsApp e informações de especialistas em tecnologia da informação próximos ao trabalho da plataforma. A empresa não respondeu ao levantamento e não fará comentários.
Outra matéria do mesmo site aponta que 80% de uma rede de compartilhamento de fake news a favor do atual presidente, Jair Bolsonaro, ainda se encontrava ativa. Agora, no entanto, o foco do grupo é compartilhar matérias não verificadas ou falsas que defendam o político eleito.
"Uma conta que registrou 5 minutos de tentativas de enviar 100 mensagens em 15 segundos é quase certa de estar engajada em abuso"
Todos os banimentos foram feitos de forma automatizada, utilizando algoritmos de machine learning e inteligência artificial para encontrar comportamento suspeito. Algumas das contas excluídas chegaram a compartilhar 14 mensagens diferentes em 30 segundos, comprovando serem operadas por máquinas.
Em pronunciamento anterior da empresa, as avaliações e os banimentos acontecem independentemente das denúncias da comunidade. "Por exemplo, uma conta que registrou 5 minutos de tentativas de enviar 100 mensagens em 15 segundos é quase certa de estar engajada em abuso", afirma o documento.
Campanha mundial
No mesmo estudo, estima-se que o WhatsApp tenha cancelado 22 milhões de contas internacionalmente. O uso de aprendizado de máquina foi fundamental para identificar comportamento anormal e uso de bots para o envio de mensagens.
Apesar disso, a empresa afirma que ainda há criptografia de ponta-a-ponta no mensageiro e que a privacidade de todos é garantida, embora provavelmente ainda haja acesso a dados de quantidade de mensagens enviadas e existência de grupos.
A direção do WhatsApp afirma que contas são avaliadas em três ocasiões: no registro, no comportamento em troca de mensagens e em denúncias feitas por outros usuários. Portanto, não há real necessidade de violar a privacidade dos usuários para identificar bots.
Um mercado ativo
Não é difícil encontrar tutoriais ou métodos online de criação de contas falsas de WhatsApp. A possibilidade dificulta ainda mais a campanha de controle de fake news, e sempre que um método é descoberto e corrigido outro surge como alternativa — e o problema continua.
Entretanto, vale lembrar que a prática é considerada ilegal no Brasil. Depois de o congresso derrubar o veto do presidente em exercício, o crime pode dar de 2 anos a 8 anos de prisão.
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