Facebook aperta cerco sobre conteúdo para reduzir interferência em eleições

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Bem, a essa altura você deve estar ciente sobre o escândalo da Cambridge Analytica, que usou dados privados de 50 milhões de usuários do Facebook na campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Depois de anunciar mais medidas de segurança, Mark Zuckerberg também convocou uma “força-tarefa” para apertar o cerco contra as contas e notícias falsas, analisando a fundo fotos, gifs, vídeos, memes, enfim, tudo o que é compartilhado na Linha do Tempo e no Feed de Notícias.

“Durante as eleições de 2016, estrangeiros tentaram minar a integridade do processo eleitoral. O ataque deles incluiu o aproveitamento de plataformas online abertas — como o Facebook — para dividir os americanos e espalhar o medo, a incerteza e a dúvida. Não podemos voltar no tempo, mas somos todos responsáveis por garantir que o mesmo não aconteça novamente”, diz o vice-presidente de gerenciamento de produtos da rede, Guy Rosen, em comunicado oficial feito na quinta-feira (29).

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De acordo com o executivo, a iniciativa terá quatro tópicos principais: o combate à interferência estrangeira, a remoção de contas falsas, o aumento de transparência na publicidade e a redução da propagação de fake news.

Os adversários que propagam desinformação e a “nova proatividade”

Para não cometer injustiças, a companhia está de olho no que seriam os propagadores de desinformação. De acordo com o chefe de segurança Alex Stamos, os quatro principais pontos de referência são:

  • Identidade falsa: agentes que escondem sua identidade ou assumem a de outro indivíduo ou grupo
  • Audiência falsa: o uso de truques para expandir artificialmente o público ou a percepção de suporte para uma mensagem em particular
  • Fatos falsos: afirmação de informações falsas
  • Narrativas falsas: manchetes e linguagem intencionalmente divisivas, que exploram desentendimentos e semeiam conflitos.

“As narrativas falsas são as mais difíceis para nós, pois diferentes meios de comunicação e consumidores podem ter um comportamento completamente distinto sobre o que é uma narrativa apropriada, mesmo que concordem com os fatos”, anota Stamos

Segundo o gerente de produtos Samidh Chakrabarti, desde a revelação do escândalo da Cambridge Analytica já foram realizados vários investimentos e estão sendo contratados entre 10 mil a 20 mil pessoas somente para esse setor, incluindo consultores, engenheiros de sistemas e experts em segurança. E, com novas ferramentas de segurança, o monitoramento pode ser feito de forma proativa.

Conseguimos fazer isso graças aos avanços da máquina de aprendizado, que no permite encontrar comportamentos suspeitos, sem avaliar o conteúdo em si

“No ano passado, ficamos cada vez melhores em encontrar e desativar contas falsas. Estamos agora no ponto em que bloqueamos milhões de contas falsas todos os dias no ponto de criação antes que elas possam causar algum dano. Conseguimos fazer isso graças aos avanços da máquina de aprendizado, que no permite encontrar comportamentos suspeitos, sem avaliar o conteúdo em si”, diz.

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Chakrabarti afirma que há também uma varredura manual sobre páginas potencialmente prejudiciais, como as de origem estrangeira que distribuem conteúdo cívico não autêntico. Elas são revisadas uma a uma e caso alguma violação seja encontrada, elas são removidas automaticamente.

Colaboração de agências e publicidade mais transparente

A gerente de produtos para o Feed de Notícias, Tessa Lyons, vem rastreando com mais rigor todo o conteúdo que vai para na sua Linha do Tempo. E para reforçar esse monitoramento, ela conta com a parceria de organizações especializadas em checagem de dados. Para ilustrar como vem sendo esse trabalho colaborativo, ela destacou cinco pontos:

  • Usamos sinais, incluindo o feedback de pessoas no Facebook, para prever histórias potencialmente falsas
  • Quando os verificadores de fatos classificam uma matéria como falsa, reduzimos significativamente sua distribuição no Feed de notícias - descartando, em média, as visualizações futuras em mais de 80%
  • Notificamos as pessoas que compartilharam a história no passado e avisamos as pessoas sobre tentativas de compartilhá-la no futuro.
  • Para aqueles que ainda encontram a história em seu Feed de notícias, mostramos mais informações de verificadores de fatos em uma unidade de artigos relacionados
  • Usamos as informações dos verificadores de fatos para treinar nosso modelo máquina de aprendizado, para que possamos capturar mais notícias potencialmente falsas e fazer isso mais rapidamente

Tessa também disse que conta com a cooperação de repórteres da Associated Press em 50 estados e expandiu a participação de colaboradores internacionais, como no México, França (com a famosa France Presse) e na Itália, para ajudar a rastrear as fontes e veracidade das notícias.

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Para encerrar a rodada de novidades, Rob Leathern, da equipe de anúncios, adiantou que agora você pode saber mais a razão de você estar vendo certa publicidade ou quem pagou por ela, por exemplo. Com uma funcionalidade chamada View Ads, atualmente em teste no Canadá, é possível encontrar vários dados a respeito dele.

A avaliação sobre conteúdo eleitoral pago na plataforma terá um processo em três etapas:

  • Os administradores da página terão que enviar identidades emitidas pelo governo e fornecer um endereço físico para verificação
  • Cada endereço será confirmado por meio de uma carta, com um código de acesso exclusivo que apenas a conta específica do Facebook pode usar
  • Os anunciantes também terão que divulgar qual candidato, organização ou empresa eles representam

Ainda que todas essas medidas sejam bastante incisivas e relevantes, já tem gente dizendo que boa parte delas podem ou poderão ser facilmente burladas por adversários.  E você, o que achou disso? Acha que essas medidas são suficientes para reduzir drasticamente a interferência de agentes durante as Eleições no Facebook? Deixem seus comentários logo abaixo.

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