Aleksandr Kogan, o pesquisador da Universidade de Cambridge que está no centro do escândalo que o Facebook vem enfrentando durante a semana, acredita que está sendo usado como um bode expiatório pela rede social e pela empresa Cambridge Analytica, que utilizou os dados privados de 50 milhões de usuários para direcionar publicidade política durante a campanha de Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos.
Os comentários do acadêmico foram feitos durante um programa da BBC Radio 4, no qual Aleksandr disse ter recebido a garantia da Cambridge Analytica de que dezenas de milhares de aplicativos faziam a mesma coisa que o dele e que isso era um uso bem comum das informações de usuários do Facebook.
A violação de privacidade aconteceu em 2015, quando Aleksandr criou um teste que pedia acesso aos dados das pessoas para ser feito – neste texto você pode ver todos os detalhes do caso. A versão do Facebook é de que o pesquisador descumpriu as políticas de uso dessas informações ao utilizá-las com fins comerciais.
Como esses dados eram usados
O problema é que diversas fontes, incluindo desenvolvedores de aplicativos para a plataforma e ex-funcionários do Facebook, já deram entrevistas afirmando que a empresa nunca tomou muito cuidado com o uso que era feito desses dados, exigindo apenas a assinatura de um acordo. No entanto, não havia interesse em investigar quem descumprisse com o combinado. Uma das fontes disse ao The Wall Street Journal que, no máximo, alguém do Facebook ligava para dar uma bronca em desenvolvedores que infringissem as regras.
Embora o mau uso desses dados fosse corriqueiro, a situação atual chamou mais atenção por ter sido parte de duas campanhas eleitorais vitoriosas: tanto a de Donald Trump, nos Estados Unidos, como a que votou pela saída do Reino Unido da União Europeia tiveram participação da Cambridge Analytica, que é liderada por Steve Bannon, conselheiro de Trump na Casa Branca até agosto de 2017.
Uma das fontes diz que, no máximo, alguém do Facebook ligava para dar uma bronca em desenvolvedores que infringissem as regras.
Apesar disso tudo, Aleksandr acredita que esses dados não foram fundamentais para o resultado desses pleitos. Para o pesquisador, a Cambridge Analytica tentou vender “mágica”. Ele acha que a exatidão desses dados foi extremamente exagerada e utilizá-los para direcionar publicidade na rede social não seria eficiente.
De qualquer maneira, a situação levantou questionamentos sobre a forma com a qual o Facebook utiliza os dados de seus usuários. A campanha #DeleteFacebook ganhou força nos últimos dias, contando com o apoio de um dos criadores do WhatsApp; a empresa também sofreu uma desvalorização de cerca de US$ 60 bilhões e o diretor executivo Mark Zuckerberg continua sem dar declarações públicas sobre o caso.
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