Um questionário disponibilizado pelo Facebook a seus usuários no último domingo (4) trazia ao menos duas perguntas extremamente perturbadoras. Em suma, a plataforma solicitou aos usuários para que se posicionassem sobre como lidariam com pedidos de imagens pornográficas feitas por um homem adulto a uma criança de 14 anos.
“Há uma ampla variedade de tópicos e comportamentos no Facebook”, começa a primeira pergunta. “Pensando em um mundo ideal onde você poderia definir as políticas do Facebook, como lidaria com o seguinte: uma mensagem privada na qual um homem adulto pede fotos sexuais de uma garota de 14 anos”.
Quatro repostas estavam disponíveis para esse questionamento:
A. Este conteúdo deveria ser permitido e eu não me importaria em vê-lo,
B. Este conteúdo deveria ser permitido, mas eu não quero vê-lo
C. Este conteúdo não deveria ser permitido e ninguém deveria visualizar a foto
D. Não tenho preferência em relação a esse tópico
A segunda pergunta era uma sequência da primeira e pedia a opinião sobre quem deveria moderar a liberação ou não deste tipo de conteúdo.
“Imagine o regulamento para decidir quando uma mensagem privada na qual um homem adulto pede fotos sexuais a uma garota de 14 anos deveria ou não ser permitida no Facebook, quem você pensa ser ideal para decidir a respeito disso?” As quatro respostas disponíveis eram:
A. O Facebook decide as suas regras por conta
B. O Facebook decide as regras assessorado por especialistas de fora
C. Especialistas de fora decidem as regras e as ordenam ao Facebook
D. Não tenho preferência
Se para alguns as perguntas podem soar apenas como uma tentativa de “sentir” a opinião de seus usuários sobre um tema sensível, essa opinião não é compartilhada por todos. Uma das pessoas a discordar do questionário foi Yvette Cooper, líder da Comissão de Assuntos Internos do parlamento britânico.
“Esta é uma pesquisa estúpida e irresponsável”, declarou a parlamentar. “Homens adultos pedindo fotos sexuais para pessoas de 14 anos não é apenas contra a lei, mas completamente errado, um abuso terrível e exploração de crianças. Não consigo imaginar que os executivos do Facebook sequer quisessem isso em sua plataforma, mas eles não deveriam enviar pesquisas que sugerem tolerância a isso ou que os usuários do Facebook deveriam achar isso aceitável.”
Facebook responde
O vice-presidente de produto do Facebook Guy Rosen afirmou que a existência do questionamento foi um erro.
“Realizamos pesquisas para entender o que a comunidade pensa sobre as nossas políticas”, informou o executivo no Twitter. “Mas esse tipo de atividade é e sempre será completamente inaceitável no Facebook. Nós trabalhamos regularmente com autoridades caso identifiquemos [algo do tipo]. Isso não deveria fazer parte dessa pesquisa. Foi um erro.”
Em um comunicado enviado ao The Guardian, o Facebook afirmou que esse tipo de comportamento já é proibido na rede social e que a plataforma “não tem a intenção de permiti-lo, por isso a pesquisa foi interrompida”.
Fontes
Categorias