O Twitter verificou nesta semana o perfil de Jason Kessler, o homem que organizou a marcha neonazista em Charlottesville em agosto deste ano. O evento de suprematistas brancos terminou no assassinato por atropelamento de uma mulher que se manifestou contra o discurso de ódio sendo disseminado no local. Depois de muita polêmica envolvendo isso, a rede social parou de verificar perfis por tempo indeterminado.
A verificação de perfis do Twitter normalmente é entendida pelos usuários como um reconhecimento de importância ou de pessoa pública por parte da rede social. Isso faz com que perfis verificados tenham mais visibilidade, exibindo a estampa azul ao lado de seus nomes.
Kessler e seus seguidores neonazistas comemoraram a ação do Twitter, mas a rede social vem sendo duramente criticada, especialmente depois de ter refeito suas políticas de uso para proibir discurso de ódio. A verificação de Kessler, que publica mensagens quase que exclusivamente endossando racismo e preconceito contra outras minorias, é essencialmente o oposto do que a empresa prega em suas novas regras. Entretanto, é interessante notar que as novas regras entram em vigor apenas no dia 22 deste mês.
Seja como for, usuários já foram “punidos” perdendo seus símbolos de verificação por muito menos do que Kessler vem falando na rede social. Dessa maneira, usuários criticaram a ação do Twitter.
O ator e comediante Michael Ian Black perguntou se o Twitter valorizava mais usuários como ele ou como Kessler. “Verificar suprematistas brancos endossa a crescente ideia de que o site de vocês é uma plataforma para o discurso de ódio. Eu não quero desistir do Twitter, mas talvez eu tenha que fazer isso”, escreveu Black.
Hey @jack: very active user, 2.1M followers here: this is disgusting. Verifying white supremacists reinforces the increasing belief that your site is a platform for hate speech. I don't want to give up Twitter, but I may have to. Who do you value more, users like me or him? https://t.co/5ymcNfFvH0
— Michael Ian Black (@michaelianblack) 9 de novembro de 2017
O escritor Simran Jeet Singh também se pronunciou. “Espero que vocês percebam que não é possível ser neutro quando o assunto é o nazismo. Verificar Jason Kessler é um ato político e também coloca vocês do lado errado da história”, comentou.
Hi @Twitter,
— Simran Jeet Singh (@SikhProf) 9 de novembro de 2017
Hope you realize there's no such thing as being neutral when it comes to Nazis. Verifying Jason Kessler is a political act -- and one that puts you on the wrong side of history. https://t.co/VlvDaMwQO3
Em resposta, o Twitter admitiu que existe um problema com a verificação de personalidades, mas não assumiu que dar uma estampa azul para o neonazista foi um ato contrário a suas próprias políticas de uso.
We will now launch our policies on violent groups and hateful imagery and hate symbols on Nov 22. During the development process, we received valuable feedback that we’re implementing before these are published and enforced. See more on our policy development process here ?? https://t.co/wx3EeH39BI
— Twitter Safety (@TwitterSafety) 27 de outubro de 2017
“A verificação de perfis foi pensada para autenticar identidade e voz, mas é interpretada como um endosso ou indicador de importância. Nós reconhecemos que criamos essa confusão e precisamos resolvê-la. Nós pausamos todas as verificações de perfis gerais enquanto trabalhamos e vamos dar um retorno em breve”, diz a mensagem do perfil oficial da rede social.
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