Uma novidade vem ganhando cada vez mais corpo na internet, tanto aqui quanto lá fora. É o Musical.ly, uma rede social dedicada aos vídeos curtos com direito efeitos e filtros, transmissões ao vivo e até mesmo monetização. Lançada em 2014, a plataforma conta com versões para Android e iPhone e não para de crescer, alcançando uma base de 200 milhões de usuários em todo o mundo, 7,5 milhões deles apenas no Brasil.
Apesar do sucesso, é bem provável que você nunca tenha ouvido falar nessa rede social, especialmente se você já é adulto. Isso porque boa parte do público aqui é composto por crianças e adolescentes. E se você acha que estamos falando de um nicho pouco explorado, está enganado: alguns perfis brasileiros já reúnem milhares de seguidores e o Musical.ly começa, inclusive, a atrair a atenção de empresas que enxergam o potencial comercial da rede.
Como funciona
Se você já usou o Vine e se lembra da febre que foi o Dubsmash, então já compreendeu 80% de como o Musical.ly funciona. A plataforma é basicamente isso: um espaço no qual você cria vídeos curtos dublando uma música. Há ainda um toque de Snapchat, com filtros que podem ser adicionados sobre o seu rosto durante a gravação.
Mas essa é uma definição simplista e um pouco grosseira, porque o potencial da rede vai muito além. O Musical.ly é também uma plataforma de streaming por meio da qual os usuários podem fazer transmissões ao vivo — ele conta até com um app exclusivo para isso, o Live.ly —, além de poder ser usado ainda para gravações convencionais de vídeos. Em suma, ele é um grande amontoado dos recursos audiovisuais que podem ser encontrados nas principais redes sociais do momento.
Nova febre
O Musical.ly é focado em vídeo, então a sua timeline se organiza dessa forma — você começa a seguir pessoas e as suas publicações aparecem diretamente na linha do tempo. Assim como no Vine, que reinou soberano por alguns anos quando se falava em vídeos curtos, mas teve seu potencial “roubado” pelo Instagram e acabou sendo descontinuado, o grande lance aqui é a produção de cada participante.
A plataforma oferece filtros, máscaras e tudo mais, mas é a criatividade dos usuários que resulta em vídeos criativos. A combinação de tomadas diferentes, filtros, dublagens e outros elementos resulta em vídeos interessantes e que podem ter grande apelo junto ao público.
Prova da capacidade da plataforma é o número de 12 milhões de novas postagens feitas diariamente pelos mais de 40 milhões de usuários ativos (dado de dezembro de 2016) da rede. Tudo isso gerando uma retenção média de 30 minutos, algo bastante valioso especialmente para uma rede dedicada aos vídeos de poucos segundos.
Dindin
Se há potencial de monetização, uma ferramenta tem grandes chances de prosperar na internet. E esse parece ser o caso do Musical.ly, que permite aos usuários dar dinheiro uns aos outros durante transmissões ao vivo.
É possível acumular moedas assistindo a anúncios ou comprando com dinheiro vivo para, então, presentear um perfil que você gosta. Sim, os influenciadores aqui podem ganhar dinheiro — de fato, qualquer um pode —, e há quem diga que isso é mais rentável aqui do que nas transmissões ao vivo do YouTube.
Brincadeira profissional
O sucesso do Musical.ly passa também pelo seu potencial de criação profissional de conteúdo. Quem olha isso tudo apenas como uma “brincadeira de criança” — segundo uma reportagem da revista Vice, ano passado, 64% dos usuários da rede tinham entre 13 e 24 anos — está equivocado.
Prova disso e o interesse cada vez maior de profissionais e empresas na plataforma. Influenciadores de outras redes foram convidados a adentrar o Musical.ly e, agora, até mesmo grandes grupos de mídia miram seus olhos para o app, resultando até mesmo em acordos com empresas como NBCUniversal e Viacom para a produção de conteúdo original. E é justamente esse foco do aplicativo para tentar sobreviver na selva das redes sociais.
“O Musical.ly está essencialmente seguindo a cartilha do Snapchat”, crava o consultor de mídia Peter Csathy em entrevista ao site Digiday. “Ele tem uma pegada massiva e uma audiência crescente, mas agora precisa de monetização. O conteúdo original é essa esperança.”
Engajamento
O grande obstáculo do Musical.ly, agora, passa por manter o engajamento de seus usuários. Se a base total é de 200 milhões, mas apenas um quinto disso acessa mensalmente o app, é preciso pensar em novas maneiras de reter a atenção do público. Indo além das questões técnicas, como o empecilho criado pelas baixas velocidades de conexões nas redes móveis por aqui, quem sabe novos recursos e integração com outras plataformas sejam um caminho.
Esse misto de Snapchat, Vine, Dubsmash e Periscope aparenta ter potencial para crescer e se consolidar, mas fica a pergunta: uma nova rede social dedicada exclusivamente aos vídeos curtos tem demanda o suficiente para se manter sozinha? A perda de mercado do Snapchat e a derrocada do Vine graças aos novos recursos do Instagram, por exemplo, são indícios de que a segmentação pode vir ser um problema.
De qualquer forma, a atenção que a plataforma vem chamando deve despertar a atenção de grandes nomes da tecnologia, como Google e Facebook, então, não seria surpreendente se ofertas pela aquisição do Musical.ly fossem feitas em breve. O fato é que temos uma nova febre entre os jovens e, pelo visto, ela ainda crescerá um bocado.
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