(Fonte da imagem: Divulgação/Razer)
Quem está acostumado a acompanhar o mundo da tecnologia certamente já ouviu falar da Razer. A empresa que fabrica equipamentos para games e computadores é relativamente nova: ela iniciou suas atividades em 2005.
De lá pra cá, a Razer trilhou um caminho de sucesso e firmou seu nome como uma das maiores empresas de tecnologia da atualidade. A companhia trabalha com uma grande linha de produtos — passando por mouses, teclados e notebooks —, mas todos eles utilizam a mesma lógica: qualidade e inovação.
Segundo o CEO da empresa, Min-Liang Tan, a principal força de Razer é a coragem para acreditar e investir em novas ideias, coisa que muitas outras empresas não conseguem fazer, pois não querem abrir mão da segurança. Inovar é difícil e pode custar caro, e a Razer está disposta a correr esse risco.
Christine, o computador modular da Razer
Um grande exemplo de como a Razer está tentando reinventar a roda é o Project Christine, o computador que a companhia apresentou durante a CES 2014. O conceito de máquina inteiramente modular não é algo que nunca tenha sido pensado, mas a Razer foi a única que teve coragem de investir na ideia e transformá-la em produto.
O Project Christine é um desktop quase tradicional com processador, memória e placa de vídeo. A diferença é como os componentes são conectados uns aos outros. A máquina possui um esqueleto principal, e o hardware é conectado a esse esqueleto como se fossem “cartuchos de video game”. Quer trocar de placa de vídeo? Basta remover a antiga e plugar a nova no lugar. Desse modo, qualquer um poderia fazer upgrade no seu PC rapidamente e sem maiores dificuldades.
A ideia de se fazer uma máquina modular surgiu da necessidade da Razer em criar um desktop para jogos. Com o lançamento da linha Blade — notebooks gamer superpoderosos da Razer —, a pressão para que a companhia tivesse um desktop crescia cada vez mais.
De acordo com o CEO da companhia, a reunião que deu origem ao conceito do Christine só deu certo porque todos os presentes são, antes de tudo, gamers. Para a definição do projeto, foram levantadas algumas questões básicas: se é uma máquina gamer, ela precisa ser poderosa. E, se é um desktop, a portabilidade não é um problema. Além disso, a máquina não pode fazer barulho e, para completar, precisa ter a possibilidade de ser atualizada rapidamente, de forma modular.
O problema é que esse equipamento seria um pouco mais caro que o tradicional, e foi aí que Tan trouxe um novo modelo de negócios: a assinatura. Por uma mensalidade, qualquer um poderia ter direito a substituir as peças sempre que uma nova estivesse disponível. Quem não quisesse pagar o preço total da assinatura teria direito a peças mais simples, e assim por diante.
O problema é que esse tipo de conceito não pode ser desenvolvido apenas pela Razer. Para isso funcionar é preciso que todo um ecossistema de produtos seja desenvolvido, e é aí que entram os fabricantes OEM.
O que acontece é que, segundo Tan, o mercado está acostumado a um modelo de negócios diferente, baseado em vendas e margem de lucro. Por isso, os fabricantes acabaram ficando meio céticos quanto ao Christine, uma vez que a Razer não tem como prever os custos do investimento e nem a margem de vendas dos novos componentes.
“O mercado de PCs não recompensa a inovação. Ele recompensa a comoditização.”, diz Tan. Isso porque todos querem inovação, mas dificilmente querem pagar o preço que isso custa.
(Fonte da imagem: Divulgação/Razer)
Tan continua: “Nós estamos tentando encorajar os fabricantes OEM, nós estamos literalmente falando para eles: ‘Olha, nós não vamos ganhar um centavo com isso. Nós queremos fazer parte de um ecossistema; nós estamos felizes em abrir isso para todos”. Ou seja, a Razer desenvolveu o projeto, mas não pretende cobrar nada para compartilhar os designs com outros fabricantes que quiserem embarcar na ideia.
O ideal de Tan é que os consumidores tenham uma grande variedade de componentes para escolher e não precisem ficar reféns de algumas marcas. Se o Project Christine vai dar certo, somente o tempo dirá. Mesmo com a aparente falta de interesse dos fabricantes, a companhia diz que não pretende abandonar o projeto.
Pulseira inteligente ou smartwatch?
Outro dispositivo que está sendo apresentado pela Razer é a Nabu, uma pulseira inteligente que mostra as intenções da companhia. A companhia não se vê apenas como uma empresa de games — ela se vê como uma empresa para os gamers. E a pulseira se encaixa perfeitamente neste modelo: oferecer algo que possa enriquecer as experiências do público.
A Nabu funciona como um smartwatch: ela possui um pequeno display que mostra algumas informações importantes que podem ser enviadas pelo smartphone. A pulseira também pode registrar dados sobre atividades físicas, entre outros.
A pulseira inteligente está em desenvolvimento por mais de três anos e, segundo a Razer, já está sendo bem recebida pelos desenvolvedores. Atualmente, a Nabu está em fase de testes e a companhia estuda a possibilidade de incorporar o “Razer Comms”, o serviço de comunicação em jogos da empresa.
(Fonte da imagem: Divulgação/Razer)
Funcionaria assim: se você estiver no meio de um jogo, por exemplo, seu amigo poderá receber uma mensagem na pulseira com um convite para jogar.
Tan quer garantir que a Nabu seja uma extensão do seu smartphone ou tablet. Para isso, ela precisa ser compacta e não pode atrapalhar a movimentação e nem distrair muito o usuário.
Máquinas para jogos
Quando a Razer decidiu criar o Blade, um notebook gamer, ela tinha duas coisas em mente: o equipamento precisava ser incrivelmente fino e portátil e ao mesmo tempo poderoso. A máquina foi um sucesso maior que a própria Razer imaginava. O seu produto incorporou uma série de recursos importantes e realmente mudou o modo como muita gente via notebooks gamer, que geralmente são grandes, pesados e desengonçados.
O Razer Blade traz o Switchblade, um teclado secundário completamente programável que oferece funções avançadas aos games. Você pode incluir uma tecla para selecionar uma arma específica em Battlefield, por exemplo.
(Fonte da imagem: Divulgação/Razer)
O Switchblade foi uma ideia que surgiu na forma de um notebook ultraportátil que chegou a ser desenvolvido, mas nunca chegou ao mercado. E essa é uma das filosofias da empresa: a Razer realmente ama tudo o que desenvolve. “Os produtos podem evoluir ou mudar, mas nós nunca matamos completamente um produto”, completa o CEO.
Outro produto desenvolvido pela Razer é o Project Fiona, um tablet que possui dois joysticks laterais para facilitar a diversão. Esse equipamento chegou ao mercado como Razer Edge e é um dos tablets gamer mais poderosos da atualidade. Tan garante que as vendas vão muito bem, inclusive.
A Razer também está de olho no mercado de Steam Machines, mas ainda não anunciou nenhum produto específico para o setor. Segundo Tan, é provável que a empresa traga novidades no futuro, mas ele não garantiu nada.
Um dos exemplos da vontade que a Razer tem de criar coisas novas está na recente parceria que a empresa fez com a Koenigsegg, uma fabricante de veículos esportivos sueca.
O acordo entre as duas não foi comercial, mas apenas reflexo da admiração que uma companhia tem da outra. O fruto da parceria foram seis laptops com o tema da Koenigsegg. Dois ficaram para Christian Koenigsegg (fundador da Koenigsegg), dois para Min-Liang Tan (CEO da Razer) e outros dois foram doados para fãs da Razer — ou seja, nenhum foi vendido.
(Fonte da imagem: Reprodução/Autoevolution)
O resultado agradou tanto aos fãs das duas marcas que não param de chegar solicitações. As pessoas querem comprar o Koenigsegg Razer Blade pois sabem que esse é um produto desenvolvido em parceria por duas companhias que tem prazer em fazer o que fazem, e isso resulta em equipamentos de grande qualidade.
Periféricos para todos os gostos
A Razer cria produtos com qualidade e oferece sempre um design diferenciado. Algumas pessoas dizem que isso é apenas marketing, mas a qualidade de seus produtos é, no mínimo, muito boa. A única desvantagem disso é que o custo nem sempre é o melhor. Você pode ter produtos com qualidade premium, mas esteja preparado para pagar por isso.
A Razer também se esforça para melhorar os seus equipamentos. Um exemplo são os teclados mecânicos da empresa. Tan diz que a companhia é uma das maiores vendedoras desse tipo de periférico atualmente e garante que isso se dá devido ao capricho com que a Razer constrói seus dispositivos.
(Fonte da imagem: Divulgação/Razer)
O Razer Mechanical Switch é uma nova tecnologia desenvolvida especialmente para os games; o sistema apresenta uma resposta mais eficiente nos comandos através de teclas muito mais precisas.
Qual o futuro da Razer?
Os planos da Razer são grandes. Para o futuro, Tan garante que a companhia deve continuar com a mesma linha de pensamento: se arriscando muito e tentando levar para o consumidor sempre os melhores produtos.
O único medo do executivo é que isso possa acabar mudando um dia, que a empresa perca a coragem de assumir grandes riscos. Isso é algo que poderia acontecer se a companhia abrisse o capital na bolsa de valores, por exemplo — uma vez que os investidores pressionam as empresas para garantir o lucro, inovar o tempo todo pode não ser compatível com esse ideal.
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