Depois de lançar seu primeiro celular, em 2015, o Quantum Go, a marca brasileira Quantum resolveu expandir o seu portfólio em 2016. A empresa colocou no mercado mais três modelos diferentes no ano passado e continua com o Go em seu catálogo. Com isso, o MÜV Pro é o intermediário básico da marca, que está concorrendo com os aparelhos da linha “X” da LG e com a versão mais simples do Moto G4. O Galaxy J5 da Samsung também pode ser considerado um dispositivo similar.
- Bom desempenho para a categoria
- Interface do sistema bem limpa
- Preço médio interessante
- Tela ruim
- Câmeras bem medianas
- Unidades com problemas na qualidade de construção
- Autonomia de bateria bem mediana
Além do fato de ser tupiniquim, o maior destaque do MÜV Pro é o seu hardware relativamente interessante e também a interface do Android, praticamente intocada pela fabricante. Ou seja, a Quantum é segunda marca a oferecer o “Android Puro” no Brasil, depois da Motorola. Mas será que vale a pena investir seu dinheiro nesse aparelho? O que ele oferece de bom em comparação com os modelos de marcas maiores?
Oito núcleos da MediaTek
O smartphone da Quantum tem um hardware que segue de perto o que a concorrência veio lançando em 2016 nessa categoria, a dos intermediários mais baratos. Por isso, temos aqui um processador com oito núcleos da MediaTek capazes de funcionar a 1,3 GHz. Isso, combinado aos 2 GB de RAM, garante que o MÜV Pro seja ágil para tarefas cotidianas. Dessa forma, você consegue lidar com apps de redes sociais e de mensagens instantâneas sem nenhum tipo de problema ou lentidão.
É possível navegar na web com o Google Chrome com uma velocidade mediana e também assistir a vídeos em apps como YouTube e Netflix tranquilamente. Contudo, na nossa postagem de Primeiras Impressões sobre o MÜV Pro, usuários relataram problemas de áudio ao usar o app de vídeos da Google. É muito provável, entretanto, que esse problema seja isolado ou limitado a algumas unidades defeituosas.
Seja como for, também joguei no MÜV Pro e percebi que ele tem um desempenho satisfatório para games mais básicos e alguns títulos intermediários. Deu para jogar PinOut com gráficos na intensidade média sem muitos atrasos, mas Sky Dancer mostrou muita lentidão na maior parte das vezes, deixando o jogo bem menos fluido do que ele realmente é. Isso significa que a GPU não consegue dar conta de tarefas muito exigentes.
Confira agora os detalhes técnicos do celular:
Os números do MÜV Pro
Para a realização desta análise, o Quantum MÜV Pro foi submetido a três aplicativos de benchmark. São eles: 3D Mark (Ice Storm Unlimited), AnTuTu Benchmark 6 e Vellamo Mobile Benchmark (HTML5 e Metal).
O teste Ice Storm Unlimited, do 3D Mark, é utilizado para fazer comparações diretas entre processadores e GPUs. Fatores como resolução do display podem afetar o resultado final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
Um dos aplicativos de benchmark mais conceituados em sua categoria, o AnTuTu Benchmark 6 faz testes de interface, CPU, GPU e memória RAM. Os resultados são somados e geram uma pontuação final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
O Vellamo Mobile Benchmark aplica dois testes ao aparelho: HTML5 e Metal. No primeiro deles é avaliado o desempenho do celular no acesso direto à internet via browser. Já no teste Metal, o número final indica a performance do processador. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
Não veja suas fotos na tela dele
O display do MÜV Pro foi um dos pontos mais intrigantes durante o tempo em que passei com o celular em mãos. Logo de cara, percebi que se tratava de uma tela de qualidade intermediária, o que fazia sentido, dada a faixa de preço do produto. Contudo, ao usar a câmera do celular, notei que a qualidade das fotos era muito pior do que eu esperava, especialmente depois de a Quantum nos explicar que o sensor era acompanhado de foco PDAF e tinha uma série de recursos interessantes.
Continuei fotografando e fiquei mais decepcionado ao usar o celular ao ar livre, já que o brilho da tela não é tão forte e não consegue vencer o sol em algumas situações. Porém, quando abri as fotos no computador, parecia que eu as tinha feito com outro celular, não o MÜV Pro. Só então eu percebi o que havia de errado nisso: a tela do celular prejudicava a impressão que eu tinha da câmera.
Me surpreendi com a diferença
A nossa diretriz para fazer análises aqui no TecMundo é sempre fotografar o máximo possível e, depois, avaliar as imagens na tela do PC. Mas como eu só fiz isso quando já tinha tirado muitas fotos, me surpreendi com a diferença.
Seja como for, essa qualidade inferior da tela é provavelmente fruto da baixa densidade de pixels, já que a tela é grande (5,5’’), e a resolução HD não consegue dar conta de oferecer mais de 300 pixels por polegada. Deve haver também alguma incongruência na calibração, pois esses problemas não ficam tão evidentes na hora de assistir a vídeos, por exemplo.
Para fotografar ao ar livre
Por conta da situação detalhada acima, eu estava sob a impressão de que as câmeras do MÜV Pro eram genuinamente ruins. Acontece que a tela do celular não estava fazendo jus às imagens como deveria. Quando observei as fotografias em meu computador, notei que elas eram melhores.
O MÜV Pro até consegue fazer boas fotos, mas é interessante ressaltar quais são as limitações
Sob condições favoráveis de iluminação, o MÜV Pro até consegue fazer boas fotos. Mas é interessante ressaltar quais são as limitações do sensor traseiro, para você não se surpreender negativamente quando comprar esse smartphone. Ele não consegue lidar muito bem com diferenças de iluminação em vários planos.
Por exemplo, se você tirar uma foto do seu gato na janela, o felino pode sair perfeitamente representado na foto, mas o céu ao fundo vai ficar estourado. Não há muito o que fazer aqui, pois se arrastarmos o foco para uma parte mais clara, o gato fica escuro e o céu consegue ficar mais ou menos azul.
Portanto, as condições favoráveis são iluminação natural sem muitas diferenças entre os planos. Assim, se você tirar uma foto no parque, ela certamente vai sair bem exposta. Dentro de casa, a câmera também não se acerta direito em alguns momentos, mas é mais fácil conseguir imagens melhores por conta da luz mais uniforme.
A câmera da frente, em nossos testes, não se saiu muito bem. Ela não pega muito detalhe, e o foco não é tão preciso quanto o do sensor traseiro. Por isso, borrões e ruídos são comuns. Apesar disso, há uma série de recursos no app da câmera, inclusive HDR, captura por gestos e também o modo embelezador. A minha recomendação é nunca utilizar esse último, pois o rosto na sua selfie vai ficar muito artificial.
Câmera traseira
Câmera frontal
Android praticamente puro
Fora a Motorola, a Quantum é a única marca que oferece o Android com sua interface original no Brasil. Apesar disso, o MÜV Pro vem com algumas modificações. A gaveta de apps tem um visual diferente, e alguns ícones de apps foram trocados, mas sem nenhuma modificação nos aplicativos em si. A área de notificações tem um atalho a mais, e a tela de configurações conta com opções extras também.
É bastante provável que ele seja atualizado para o Android Nougat 7.0
Contudo, nada disso chega a alterar o visual geral do sistema, muito menos sua estrutura. Estamos falando aqui do Android 6.0 Marshmallow, e é bastante provável que ele seja atualizado para o Android 7.0 Nougat em algum momento. Infelizmente, não há informações sobre quando isso deve acontecer.
No geral, o sistema rodou muito bem no MÜV Pro, sem nenhum momento de lentidão aparente. O único problema de software que encontramos foi um comportamento estranho da tela, que às vezes acende quando o celular está bloqueado, mas continua preta. Só dá para perceber a luminosidade.
Sólido e brilhoso
A sensação que o Quantum MÜV Pro passa nas mãos é a de um celular sólido. Eu não tenho como dizer se ele é resistente ou não a quedas, pois não podemos fazer esse tipo de teste durante nossas análises, mas acredito que ele seja tão resistente quanto a média da categoria. Fora o vidro na frente, o celular é todo feito em plástico, com uma tampa traseira brilhosa.
A Quantum forneceu ao TecMundo duas unidades para testes, uma na cor “Midnight Blue” (preto) e outra em “Cherry Blossom” (rosa). A tampa traseira é bem suscetível a riscos, e quem comprar o celular terá que usar uma capinha para evitar isso. Na nossa unidade preta, essa tampa também não se encaixa perfeitamente no celular, deixando umas “rebarbas” invisíveis, porém sensíveis ao toque. A versão rosa não tinha nenhum problema de acabamento desse tipo.
O design do celular não é dos mais discretos, mas também não podemos dizer que ele é feio. Na verdade, a versão rosa é bem esquisita por conta da moldura branca na frente com detalhes pretos em volta da tela. As duas outras cores, entretanto, são bem mais coesas nesse sentido. Fora isso, tudo é bem tradicional. Ainda assim, achamos que o MÜV Pro poderia ser mais compacto, já que as bordas, especialmente aquela abaixo da tela, é bem espessa.
Vale destacar também que é possível acessar a bateria do celular e removê-la com as mãos sem usar qualquer ferramenta. Há ainda dois espaços para chips de operadoras no padrão micro SIM e um para micro SD de até 128 GB, lembrando que o celular em si conta com 16 GB de armazenamento nativo.
As luzes ficam ligadas o dia todo…
… mas isso não quer dizer que a autonomia de bateria desse smartphone é excepcional. Na verdade, ela é bem mediana. Portanto, você consegue passar um dia todo com o celular funcionando em uso moderado — mandando mensagens, usando apps de redes sociais e fazendo uma foto ou outra. Mas, quando você volta para casa à noite, já é preciso plugar o celular na tomada, às vezes até antes. Assim, se você for para um happy hour depois do trabalho, é melhor levar um power bank ou lembrar de carregar durante o dia.
O MÜV Pro demora bastante para recarregar sua bateria
Falando em carregamento, o MÜV Pro demora bastante para recarregar sua bateria. Ele não tem qualquer protocolo de carregamento rápido e, mesmo assim, seu carregador fica bem quente depois de algum tempo na tomada.
Eu ainda realizei o nosso teste-padrão de bateria, que consiste na execução contínua de vídeo no YouTube com WiFi ligado e brilho da tela no máximo. Nos primeiros 15 minutos, a carga caiu de 100% para 96%. Na marca dos 30 minutos, registramos 91% e, por fim, em 60 minutos, 80%.
Com isso, eu concluí que a bateria do MÜV Pro consegue dar conta de 5 horas de uso intenso. Essa marca é mediana para a categoria.
Vale a pena?
Apesar dos problemas com a tela, o MÜV Pro é, sim, um celular interessante. Ele conta com uma série de pontos positivos que justificam a sua compra. Comparado ao LG X Cam, por exemplo, podemos dizer que o celular da Quantum é uma opção melhor, já que a qualidade extra das câmeras do celular da LG não compensa o fato de o MÜV Pro ser mais ágil e ter um design mais interessante — pelo menos na minha opinião. O preço de ambos é muito similar.
Já contra o Moto G4, o MÜV Pro não se sai tão bem. O desempenho em ambos é muito similar, com uma pequena vantagem para o celular da Motorola/Lenovo. Contudo, o design do Moto G4 sofre menos com problemas de acabamento e tem uma tela de melhor qualidade. As câmeras também são mais interessantes no modelo da concorrente, que, em média, custa R$ 100 a mais.
O MÜV Pro normalmente custa algo em torno de R$ 850, o que é algo muito próximo do preço do Moto G4 e do Galaxy J7, que são celulares melhores em vários pontos. Nessa faixa de preço, não vale a pena optar pelo celular da Quantum. Contudo, é possível encontrá-lo por R$ 750 ou até menos, o que torna o MÜV Pro mais atraente. Nessa faixa de preço mais baixa, o Quantum vale mais a pena que os três concorrentes citados.
Se você se decidiu e optou por comprar esse modelo brasileiro, só faça isso caso o preço esteja realmente justo. Na faixa dos R$ 850 ou mais, o MÜV Pro concorre com celulares que ele não consegue bater.
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Perguntas dos leitores
Ele é Dual-SIM? Dá para usar dois chips e cartão de memória ao mesmo tempo?
Sim, o Quantum MÜV Pro é dual-SIM, sendo as duas entradas compatíveis com redes 4G. A bandeja dos chips não é compartilhada com o micro SD, o que garante a possibilidade de usar dois SIM e um cartão de memória sem problemas.
Na faixa de preço dele, há opções com especificações técnicas melhores?
Se formos considerar a faixa de preço oficial, R$ 850, que é o valor na loja da própria Quantum, dá para citar pelo menos o Moto G4 e o Galaxy J7 como alternativas melhores. O Vibe K5, da Lenovo, também tem um hardware mais interessante nessa faixa. Contudo, o preço médio do MÜV Pro no mercado online é de R$ 750 para baixo. Nesse caso, ele é um dos melhores em questão de hardware.
Qual é o principal foco desse smartphone?
Ele não tem uma função diferentona que o destaca dos demais aparelhos dessa categoria. Até porque isso é um tanto incomum entre os intermediários de baixo custo. Mas, no meu entendimento, a ideia é trazer um celular com interface limpa e desempenho aceitável por um preço não muito alto.
Como se sai a bateria dele?
Bem mediana. Se fizer um uso de moderado para baixo, ele consegue durar um dia com tranquilidade. Mas ele certamente não consegue dar conta daqueles dias longos, quando você tem aula à noite ou vai sair com os amigos.
Comparando com o Moto X de primeira geração, qual seria o veredicto?
O Moto X de primeira geração, mesmo tendo sido lançado há quase quatro anos, tem um desempenho bem mais interessante que o celular da Quantum. Afinal, ele era um top de linha, e não um intermediário. Contudo, não recomendamos comprar nenhum smartphone tão antigo assim.
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