Durante nossa cobertura da IFA 2014, tivemos a oportunidade de participar de um painel comandado pela Qualcomm no qual a empresa apresentou sua visão para o futuro da “internet das coisas”. Através do grupo AllSeenAlliance — que atualmente já conta com 70 membros — a companhia conseguiu estabelecer um padrão de comunicação que possibilita que aparelhos aparentemente distintos conversem entre si.
Segundo Jan Brockmann, CTO da Electrolux, o estabelecimento de um padrão único é algo necessário para que o conceito de uma “casa inteligente” realmente se torne aplicável na prática. Ele afirma que, com a evolução tecnológica combinada aos resultados obtidos pela aliança, finalmente chegou o momento em que companhias podem pensar em tornar algo do tipo uma realidade.
A mesma opinião é compartilhada por Liat Ben-Zur, diretora sênior de gerenciamento de produto da Qualcomm e uma das diretoras da AllSeenAlliance. Ela acredita que a busca por um único padrão é que algo que “não é somente para a casa inteligente, mas para tudo. Precisamos ter uma única linguagem em comum”.
Apesar de destacar o rápido crescimento da aliança — que já conta com nomes de peso como a já citada Electrolux e a Sony —, Liat afirma que esse é somente o começo do processo. O objetivo final da aliança é criar um padrão realmente aberto que fuja dos erros cometidos por iniciativas semelhantes feitas no passado, que resultaram em padrões semelhantes, mas que eram usados de formas bastante restritas por cada uma das companhias envolvidas.
Hora da demonstração
“Não fazemos simplesmente comunicados à imprensa, fazemos produtos reais”, anunciou Liat em determinado momento de sua fala. A afirmação serviu como prenuncio para a pequena demonstração que a Qualcomm fez para os jornalistas presentes no evento, em que foi possível ver produtos já disponíveis no mercado conversando entre si.
Na primeira demonstração, vimos uma fechadura inteligente se comunicando com produtos de marcas distintas. Basta girar a chave para que as luzes se acendam, um filtro de ar entre ação e uma música pré-programada pelo usuário do sistema comece a ser reproduzida — tudo isso de forma automática, sem que um botão ou aplicativo precisasse ser usado.
Já no outro exemplo montado pela empresa, vemos um quarto de criança no qual as luzes se ajustam automaticamente ao horário de dormir — com direito a um adaptador em forma automática que traz funções inteligentes a um purificador de ambientes sem conectividade nativa.
Em um televisor presente nesse segundo ambiente, um vídeo mostrava as possibilidades que um universo totalmente compartilhado pode trazer aos consumidores. Ao acabar um produto em sua geladeira, por exemplo, um sensor inteligente transfere essa informação a uma lista de compras presente em um smartwatch — que também apresenta alertas automáticos quando um item desejado entra em promoção em uma loja.
Toda essa comunicação é feita através de pequenos chips presentes dentro dos dispositivos presentes no ambiente, que conseguem se comunicar entre si graças ao padrão estabelecido pela AllStarAlliance. Segundo a Qualcomm, basta possuir uma rede de internet local para que esses produtos com características — e fabricantes — distintas se “encontrem” e possam ser controlados com o auxílio de um aplicativo disponível para tablets e smartphones.
Tecnologia promissora
Embora tenha ficado claro que a apresentação montada pela Qualcomm tivesse o claro intento de promover as ações da AllStarAlliance, foi difícil não se surpreender com a maneira como os produtos apresentados conversam. Apesar de a ideia de ter uma geladeira que conversa com você pelas caixas de som de seu sistema de áudio caso a porta fique aberta durante muito tempo pareça estranha na teoria, na prática é difícil não desejar ter algo assim dentro de seu ambiente doméstico.
Assim como aconteceu com o conceito de smartphones e tablets, a “internet das coisas” parece algo do qual não necessitamos para viver, mas que faz uma grande diferença quando a tecnologia é bem utilizada. O mais surpreendente é perceber que todos os produtos apresentados no local já estão disponíveis comercialmente — por mais que muitos deles ainda passem longe das terras brasileiras.
Segundo Mike Stauffer, diretor sênior de gerenciamento de produtos da Qualcomm, a intenção da empresa é trabalhar com diversos segmentos de mercado — atingindo desde aparelhos eletrônicos a itens como brinquedos para crianças. Além de providenciar aos parceiros interessados chips com WiFi integrado, a companhia oferece um SDK de desenvolvimento (com os padrões estabelecidos pela aliança) que possibilita aproveitar totalmente as possibilidades que a nuvem traz a esse novo universo de produtos.
A equipe do TecMundo viajou à IFA 2014 a convite da TP Vision/Philips.
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