No dia 20 de junho, a Samsung anunciou oficialmente no Brasil a chegada da sua nova linha de televisores QLED. Essa família de TVs foi mostrada ao mundo pela primeira vez durante a CES 2017 e parece ter tido como principal objetivo criar uma categoria ainda mais premium dentro de um segmento cada vez mais exigente. Os aparelhos se baseiam em novas tecnologias de imagem e apostam em design e experiência do usuário para conquistar uma parcela diferenciada do público.
Os modelos apresentados durante o evento e que passam a fazer parte do portfólio da marca por aqui são das séries Q7F, Q8C e Q9F, com telas que vão de 55 polegadas a 88 polegadas – no formato plano ou curvo, dependendo da edição escolhida. Parte dos equipamentos já está disponível no varejo e divide as vitrines com novos acessórios, que vão desde bases que modificam a disposição das TVs – com um suporte giratório ou na forma de cavalete – a suportes customizáveis e um cabo óptico com 15 metros de extensão.
Mesmo para quem já possui um aparelho top de linha do ano passado, há motivos para que os abonados e early-adopters façam o upgrade. Isso porque todos os novos produtos saem de fábrica com a versão mais recente da plataforma Smart Tizen, trazem versões bem mais robustas do HDR e possuem integração completa com o hub One Connect e com o controle remoto único da Samsung. Não se preocupe: a resolução 4K e o painel de pontos quânticos continuam marcando presença em toda a família.
Os donos do pedaço (para quem puder pagar)
Quem abre a porteira das novidades é a linha Q7F, que traz modelos de 55 polegadas (R$ 9.999) e 65 polegadas (R$ 18.499) com tela plana. Ambos os televisores possuem resolução Ultra HD (3840x2160 pixels) e alto-falantes de 40 W, além de trazerem um cabo óptico de 5 metros e a central de conexões One Connect. A dupla aposta em imagens que saltam aos olhos e oferecer um painel com suporte a HDR1500, que corresponde a 1,5 mil nits de brilho.
Na fatia do meio dessa série QLED, temos as TVs com o selo Q8C, com opções de 65 polegadas (R$ 21.999) e 75 polegadas (R$ 36.999). A diferença para os modelos anteriores além do tamanho e do preço? A tela curva já bastante característica da Samsung, uma carcaça metalizada na parte traseira e as caixas de som integradas com 60 W de potência. Fora isso, temos as mesmas conexões, suporte a acessórios e tecnologia HDR dos aparelhos Q7F.
Dito tudo isso, o destaque do bolo, claro, é o monstrinho chamado Q9F – que, diferentemente de seus irmãos, só deve chegar ao Brasil em setembro. Apesar de não trazer o painel plano do flagship da Samsung de 2016, esse modelo esbanja recursos e números. Afinal, estamos falando de uma TV 4K de 88 polegadas, com suporte a HDR2000 – que, sim, diz respeito aos 2 mil nits de brilho do aparelho. O preço do luxo? Nada menos que R$ 86.999.
Acessórios temáticos
Se você é do tipo que se preocupa com a disposição, o espaço ou mesmo a forma como a TV é exibida na sala de casa, alguns opcionais podem se revelar importantes para a criação de um cenário bem minimalista na hora da sessão pipoca. A base Gravity (R$ 2.999) permite girar a televisão em torno de um eixo central com muito mais facilidade, enquanto o Studio (R$ 2.749) pode dar um ar de obra de arte para o aparelho.
Os suportes No-Gap, por sua vez, permitem que os produtos sejam instalados mais próximos da parede e habilitam ajustes de rotação e inclinação desses equipamentos, com versões para até 65 polegadas (R$ 599) e 75 polegadas (R$ 699). Por fim, o cabo óptico de 15 metros (R$ 899) dá a possibilidade de levar o One Connect para mais longe e deixar a sua TV praticamente livre de fios e cabos visíveis.
Um pouco dos bastidores das QLED
Antes de revelar seus produtos para o mercado brasileiro, a Samsung convidou o TecMundo para uma visita à sua sede, em São Paulo, onde pudemos conferir em primeira mão um showroom feito sob medida para mostrar todos os detalhes da família QLED. Na ocasião, fizemos um tour pelo local e, claro, batemos um papo com Guilherme Campos, gerente de produtos da divisão de TVs da empresa, que explicou quais são os objetivos da marca com essa nova linha de televisores e o potencial delas para o público brasileiro.
Busca por uma melhor experiência para os clientes
Segundo o executivo, um dos principais insights da companhia ao desenvolver esses equipamentos foi a busca por uma melhor experiência para seus clientes. “Muitas vezes o consumidor não consegue computar, por si só, quais são os atributos que uma TV deve possuir para que ele tenha uma boa experiência com ela”, explicou Campos, dizendo que, fora a questão da imagem – que costuma ser bem clara para a maioria das pessoas –, costuma ser difícil externar de forma detalhada esse tipo de desejo.
Guilherme Campos
“Então, a Samsung colocou muito esforço e investimento para entender essa dificuldade e prover a melhor solução como um todo”, afirmou. Todo esse processo de estudo e pesquisa levou à criação de três grandes pilares que compilam bem as necessidades e soluções geradas por esse ecossistema: o Q Picture, que trata exatamente da qualidade de imagem; o Q Style, que aborda estilo, design e conexões; e o Q Smart, que oferece imersão, conteúdo e interações com a televisão.
Imagem
Ao falar do Q Picture, por exemplo, o gerente relacionou os pontos quânticos e o HDR de altíssimo brilho de cada uma das TVs ao fato de os antigos vitrais de igrejas e catedrais precisarem de uma grande quantidade de luz para mostrar todas as suas cores e detalhes. “Tudo nessa TV funciona de uma maneira diferente. A luz do LED azul, em contato com o ponto quântico, proporciona cores muito mais vívidas”, comentou Campos. É o que se espera de aparelhos certificados para a reprodução de 100% do volume de cor captado em uma cena.
“O conceito de volume de cor diz que quanto maior a iluminação de um ambiente em que determinada imagem foi gravada, mais difícil é para a TV reproduzir isso. Na QLED, a gente consegue ter uma reprodução total e fiel à original”, afirmou o executivo, reforçando o mantra que a televisão não precisa mais ser uma barreira para que o consumidor possa ter a melhor qualidade possível de imagem.
Estilo
Pulando para o Q Style, Campos revelou que um dos grandes focos da Samsung foi eliminar quase que completamente o emaranhado de cabos que entram e saem da TV. A proposta faz sentido, já que, com as pessoas recorrendo a cada vez mais aparelhos para complementar sua experiência de entretenimento, dispositivos como players de Blu-ray, video games, soundbars e outros gadgets acabam tornando a organização em torno do televisor um verdadeiro inferno. A solução foi tirar as conexões da televisão e movê-las para um local mais discreto.
“De todas essas TVs QLED só saem dois cabos: um de força e um cabo óptico. O grande destaque fica para o segundo item, que tem uma espessura mínima e conecta a TV a um hub externo chamado One Connect, que agrega todas as conexões que você precisa”, explicou Campos, dizendo que isso cria algo que eles chamam de “conexão invisível”. Os acessórios de suporte – Gravity e Studio – também partilham desse conceito, trazendo canaletas que escondem o máximo possível o cabo padrão de 5 metros ou o opcional de 15 metros.
Imersão
Ok, mas se tudo fica afastado da TV – de conexões HDMI e USB até os próprios periféricos e players –, como garantir que o usuário não precise ficar zanzando de um lado para o outro da sala para ligar dispositivos e fazer ajustes em cada um deles ou tenha que depender de uma batelada de controles remotos? É aí que entra em cena o Q Smart. Centrado principalmente em uma versão customizada do Tizen – feita sob medida para a linha QLED – e no Controle Remoto Único, o conceito propõe uma experiência mais suave e simples para o consumidor.
Ao apertar o botão Hub do acessório, o sistema exibe todos os equipamentos conectados ao televisor e dá acesso direto a eles – com direito a configurações personalizadas de reprodução para cada um. O mais interessante é que esse reconhecimento e controle sob os dispositivos não se restringe apenas a outros produtos da Samsung, o que amplia bastante as possibilidades para criar um ecossistema de entretenimento bem variado na sua casa.
A plataforma foi criada para facilitar a vida do cliente de todas as maneiras
Também vale notar que, mesmo que se trate de uma solução do tipo “tudo em um”, o conjunto oferece o mesmo tipo de opções – ou, em alguns casos, até mais delas – do que os controles ou interfaces originais dos aparelhos e serviços. “A plataforma foi criada para facilitar a vida do cliente de todas as maneiras”, afirmou o executivo, lembrando, inclusive, que para chegar nesse ponto de experiência do usuário, foi preciso não só um esforço interno da Samsung, mas também promover um trabalho em conjunto com parceiros que figuram nas suas telas.
“É possível, por exemplo, assistir a um jogo de futebol e, aos 45 minutos do segundo tempo, já selecionar qual programa você vai ver em seguida na Netflix, sem sair do jogo. Quando a partida acabar, você não vai entrar na Home do app da Netflix: basta um clique para ir direto ao conteúdo escolhido”, explicou Campos, adicionando que essa ação também vale para outros serviços, como YouTube, Google Play Filmes, Globo Play e outros.
Alta qualidade, sem conteúdo, não é nada
Quando falamos com Guilherme Campos a respeito da importância dessa relação com os parceiros e na oferta de conteúdo que possa mostrar todo o potencial das TVs da casa, o gerente foi enfático em admitir que essa é uma parte primordial de todo o processo. “Tenho pessoas no meu time, assim como equipes no headquarter global só conversando com parceiros para prover as melhores soluções para os consumidores. Afinal, estamos falando de uma abordagem que envolve a parte técnica nossa e deles”, revelou.
Basta pensar que, há alguns anos, quando as marcas começaram a colocar suas primeiras TVs 4K no mercado, não havia exatamente uma abundância de conteúdo nessa resolução para que os usuários pudessem conferir na prática o que o salto do Full HD para o Ultra HD significava. Com isso, muita gente acabou postergando o upgrade e se mantendo em aparelhos mais antigos que não “estouravam” a resolução das novelas ou outros programas dos canais convencionais.
Os produtores de conteúdo já possuem acervo em 4K e HDR
Como evitar que esse cenário não se repita em televisores que têm um HDR de alto nível e são capazes de reproduzir cores de forma ultrafiel? Há conteúdo para isso? “Realmente, o 4K conseguiu superar essa barreira, com o consumidor entendendo que Netflix, YouTube e Blu-rays já contam com muito conteúdo nessa resolução. Além disso, as próprias pessoas podem produzir material 4K a partir de câmeras e celulares. Então, há realmente um acesso mais fácil e garantido à tecnologia”, analisou o gerente.
“Com o conteúdo HDR e essa explosão de cores que a gente vê, eu acho que vai ser até um pouco mais fácil de ganhar impulso”, acredita Campos. “Porque a indústria cinematográfica já está preparada para produzir conteúdo assim. A migração desse material com a máxima qualidade para as TVs será muito mais simples do que se imagina. Mesmo aqui no Brasil, marcas como a Globo já têm um acervo gigantesco de produções de altíssima qualidade, esperando apenas que o consumidor tenha acesso a um equipamento que consiga reproduzi-las”.
Detalhes e mercado
A Samsung aposta e vai continuar apostando nas telas curvas
Durante o bate-papo, outros assuntos também vieram à tona. Um deles foi o motivo que levou a Samsung a colocar a tela curva apenas no modelo “intermediário” da linha QLED e não no top de linha dessa família. Segundo Campos, não houve qualquer tipo de limitação técnica ou relação com o HDR mais avançado do modelo Q9F de 88 polegadas: foi uma simples escolha estratégica da marca. Mas isso não significa que o romance da sul-coreana com o recurso teve um fim. “A Samsung aposta e vai continuar apostando nas telas curvas”, avisou.
De acordo com o executivo, o formato traz uma melhor imersão e um maior conforto visual e tem uma resposta fantástica do público, com seu nível de adoção melhorando ano após ano e se destacando muito no ponto de venda. “Inclusive, a Q8C vai ser a flagship da empresa no que diz respeito à comunicação, aparecendo em peças publicitárias e comerciais. Ou seja, há um destaque para a TV curva do nosso portfólio”, explicou o gerente, dizendo que a tecnologia marca presença em pelo menos um modelo de todas as linhas 4K da casa.
Outro ponto abordado foi se há espaço no mercado brasileiro para um produto tão caro e sofisticado, mesmo com a própria Samsung já tendo outras séries top de linha à disposição do público. “É uma coisa completamente diferente do que vimos com a KS9800 no ano passado, que já é uma TV fantástica. São tantos patamares de inovação e benefícios que as pessoas realmente sentem que é algo novo e com uma diferença palpável”, afirmou Campos, lembrando que as QLED tiveram uma resposta bem positiva desde que foram anunciadas.
Alguns pitacos
Com mais de uma hora de conversa e interação com todos os modelos de televisores QLED e seus acessórios, foi possível ter uma noção do que esse projeto significa para a Samsung e como o consumidor pode receber esse tipo de novidade. Para começar, esses novos produtos parecem sim fazer parte de um esforço grande da marca em se superar e uma empreitada que depende de todos os escritórios e filiais da empresa ao redor do mundo para dar certo. Os olhos do pessoal da Samsung “brilha” na hora de falar de cada equipamento.
Pudera, já que as TVs são realmente impactantes e cheias de recursos. A imagem da tela – seja em HDR1500 ou HDR2000 – é simplesmente uma das mais lindas que já vimos, a ponto de causar até um pouco de estranheza antes que o seu olhar se acostume com o nível de detalhes e cores em exibição. O design de toda a família – das TVs aos periféricos – também é muito bonito e parece ser robusto, realmente completando a experiência mais minimalista que encabeça a série.
Palmas para a Samsung também no quesito interface. Depois de anos sendo metralhada de críticas e comparações com concorrentes que há tempos trazem plataformas rápidas, intuitivas e completamente integradas a serviços de terceiros, a sul-coreana parece ter aprendido a lição – mesmo que de forma um pouco tardia. O Tizen finalmente está atraente, roda liso nos televisores QLED e oferece atalhos, funcionalidades, configurações e opções para ninguém botar defeito. A UI é agradável e casa com a solução de Controle Remoto Único.
Considerações finais
Dito tudo isso, não dá para deixar de apontar uma realidade óbvia: os produtos são bem caros e pouco acessíveis para boa parte dos brasileiros, ficando restritos a early-adopters com um belo cacife e entusiastas da tecnologia. Eventualmente os preços devem baixar e alguns dos recursos podem pular para linhas mais baixas, mas esse não é o momento atual. Mesmo se você conseguir bancar esses brinquedinhos, ainda há alguns pequenos detalhes a serem levados em consideração.
A escolha de manter as conexões da TV afastadas, embora prática, pode trazer algumas dores de cabeça – dependendo, claro, do seu perfil de usuário. No caso dos gamers, por exemplo, isso pode representrar alguns entraves com o pareamento com e sem fio dos controles junto ao console, principalmente se o seu One Connect estiver na extensão máxima do cabo óptico 15 metros. Algumas conexões de emergência no televisor já resolveriam facilmente um cenário como esses. Felizmente, isso não deve ser um problema para as cada vez mais populares soundbars, que se aproveitam das conexões wireless da TV e podem continuar a repousar embaixo dela sem problemas.
Fica difícil criticar as QLED muito mais além disso
Seja como for, fica difícil criticar as QLED muito mais além disso tendo um contato tão breve com os equipamentos. Trata-se realmente de detalhes que podem ser pinçados no conjunto, e não defeitos que tiram o mérito da Samsung na construção da sua nova família de televisores. E você, acredita que pode ter uma dessa em casa em pouco tempo? Acha bacana que as TVs podem, muito em breve, não limitar a qualidade dos seus filmes, shows, programas e até games favoritos? Deixe a sua opinião mais abaixo, na seção de comentários.
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