A tecnologia não se resume a processadores cada vez mais rápidos ou smartphones com câmeras cada vez mais capazes. A tecnologia muda vidas, e essa notícia é mais uma prova de que já passou da hora de fabricantes e desenvolvedoras focarem mais em soluções voltadas para solucionar problemas humanos.
Nathan Copeland sofreu um acidente de carro há mais de 10 anos, quando tinha 18 anos de idade. Copeland quebrou o pescoço no acidente e acabou ficando tetraplégico. Ou seja, sem sentir e sem a capacidade de mover as pernas e braços por conta própria.
Eu senti como se meus dedos estivessem sendo tocados
Agora, um novo experimento realizado para Universidade de Pittsburgh (UPMC), nos EUA, permitiu que ele controlasse um braço robótico com a mente e até sentisse o toque feito pelos dedos robóticos. Os cientistas implantaram quatro chips no cérebro de Copeland para realizar o feito — e essa foi a primeira vez que um implante neural permitiu que uma pessoa sentisse o toque por meio de uma prótese ao estimular o cérebro.
"Funcionou muito. Eu senti como se meus dedos estivessem sendo tocados ou puxados", explicou Copeland. A pesquisa foi publicada no jornal Science Translational Medicine e abre um novo capítulo nos estudos e desenvolvimentos de próteses: esse resultado pode ajudar na criação de próteses mais próximas da maneira que nossos corpos integram toque e movimento.
Copeland durante testes
Implante
Todo o processo começou em 2015, quando os cientistas da UPMC implantaram quatro conjuntos minúsculos de eletrodos no cérebro de Copeland: dois conjuntos foram colocados na região que governa os movimentos do corpo, conhecido como córtex; e outros dois na parte responsável pelas sensações, conhecida como córtex sensorial.
Luke Skywalker teve a mão cortada fora, no dia seguinte ele estava com uma prótese
Como nota o The Verge, o interessante disso é que o braço robótico que permitiu a sensação de toque não estava junto ao corpo de Copeland, mas sim separado. O implante utilizado está sendo avaliado pela Food and Drug Administration dos EUA, que dá o aval para novos dispositivos médicos — para trabalhar na legalidade, os cientistas conseguiram uma exceção da FDA.
Um ponto que ainda falta ser melhor trabalhado, de acordo com os envolvidos no projeto, é uma maneira mais "suave" para integrar todos os cabos e próteses ao corpo do paciente. Até o momento, como citado, os braços robôs ficam separados do corpo.
"O Luke Skywalker teve a mão cortada fora, e no dia seguinte ele estava com uma prótese robótica. Ficaram espetando a prótese e ele dizia: 'Sim, eu consigo sentir isso' (...) Poderia ser uma pessoa real — e nem tão longe no futuro", afirmou Copeland em vídeo.