Kuba Disco 2 Pro tem som impressionante, mas é desconfortável [análise]

Na última semana, recebi meu tão esperado Kuba Disco 2 Pro. O fone de ouvido over-ear promete longevidade, peças intercambiáveis e som de altíssima qualidade — tudo isso de uma marca que se diz 100% brasileira, a Kuba.

A busca por um novo fone surgiu da necessidade de encontrar um periférico de qualidade por um preço abaixo de R$ 1 mil, que atendesse às demandas básicas de um usuário avançado de PC: uso contínuo, paixão por músicas e jogos. Era essencial que fosse over-ear, e aspectos como longevidade e capacidade de reparo eram bem-vindos.

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Foi então que, por meio de um anúncio no Instagram, conheci a Kuba Audio, empresa fundada pelo audiófilo e youtuber Leonardo Drummond e pela designer Eduarda Vieira. A marca, que se enquadra na categoria de startup, busca atender uma ampla variedade de consumidores, mas com a qualidade e a proximidade de produtos feitos à mão e com componentes escolhidos por especialistas do setor.

Como foi a experiência de compra?

Drummond já foi entrevistado em um artigo no TecMundo, mas não foi informado sobre minha aquisição. O acessório foi comprado por conta própria e todo o processo ocorreu como se eu fosse um consumidor comum.

A experiência de compra da Kuba é um diferencial por si só. Os fones são vendidos diretamente no site da empresa, que é intuitivo e direto ao ponto. São poucos os modelos disponíveis para venda, sendo a vitrine composta por:

• Disco 2 Clássico;
• Disco 2 Bluetooth;
• Disco 2 Pro;
• Nia;
• Uni (intra-auricular).

Os modelos atendem diferentes faixas de preço, sendo o Uni o mais barato (R$ 169). Entre os headphones, o Nia é a opção mais acessível, custando R$ 649. As variantes do Disco 2 ficam na casa dos R$ 800, enquanto o Disco 2 Bluetooth é o mais caro do catálogo, custando R$ 1.599.

Escolhi o Disco 2 Pro por alguns motivos: construção do arco em metal e cabo reforçado. Não preciso de microfone ou de extensão de cabo para PC.

Junto ao headphone, adquiri um adaptador USB-C com amplificador e DAC (R$ 109) para conectar ao meu Galaxy S22 Ultra, que não tem entrada para fones de ouvido. A compra foi rápida, exigindo um cadastro para fornecimento de dados de entrega.

Aqui vale um detalhe importante: os fones da Kuba são manufaturados, vendidos em lotes. Na página de compra, a empresa informa a data estimada de entrega considerando a aquisição e a aprovação do pagamento no mesmo dia. As entregas seguem a ordem de compra.

Adquiri meu Kuba Disco 2 Pro em 22 de janeiro, com previsão de entrega para meados de fevereiro.

O atraso com justificativa

Por padrão, as encomendas da Kuba levam mais tempo para serem entregues do que compras em grandes varejistas — e isso é compreensível, dado o zelo pela qualidade. No entanto, minha compra levou mais tempo do que o esperado.

No fim de fevereiro, recebi um e-mail: “Nossa produção de fones foi feita com sucesso, mas tivemos um pequeno contratempo com a entrega de cabos, o que atrasou a fase final de montagem”. A entrega foi, portanto, adiada para março.

Ainda assim, a Kuba não me deixou na mão: a empresa acrescentou um ano extra de garantia para todos os componentes do meu Kuba Disco 2 Pro — totalizando seis anos para algumas peças — e me concedeu um cupom de 10% de desconto para qualquer item da loja.

Devido ao atraso, precisei alterar o endereço de entrega. O contato foi feito em resposta ao e-mail da Kuba e atendido por um funcionário em poucas horas. A mudança foi feita sem problemas.

Felizmente, não houve novos adiamentos. Meu fone foi enviado via Sedex dentro do novo prazo estimado.

Como é o Kuba Disco 2 Pro?

A experiência de unboxing do Kuba Disco 2 Pro é simples — talvez até demais. O fone chega em uma caixa de papelão estilizada e elegante, com o logo da Kuba Audio. Ele vem fixado em um encaixe de papelão e, abaixo dele, estavam o DAC e o cabo Pro — este último solto.

Não há luxo no unboxing, mas o visual do fone impressiona. O Kuba Disco 2 Pro tem um arco de aço inoxidável maleável e um cabo emborrachado com conectores de metal, transmitindo robustez. No topo, há uma almofada removível, costurada à mão e bem acabada.

As conchas são idênticas às do Disco 2 e do Disco 2 Bluetooth, com controle de graves e falantes de titânio com ímã de neodímio. No entanto, sua construção em plástico não transmite a mesma robustez do restante do fone.

As especificações dos falantes são:

• Potência máxima suportada (pico): 30 mW;
• Potência máxima suportada (contínua): 20 mW
• Resposta de frequência: 20 Hz - 20 Khz;
• Diâmetro do falante: 40 mm;
• Impedância Nominal: 32 Ω;
• Sensibilidade: 113 dB/mW.

As almofadas são de material sintético com espuma de memória, proporcionando bom isolamento sonoro e graves mais presentes.

Como é usar o Kuba Disco?

Não sou audiófilo, tampouco tenho a audição refinada o suficiente para pontuar sobre a qualidade sonora ou o projeto acústico dos fones. Porém, na minha experiência como amador, posso afirmar: o Disco 2 Pro é um ótimo fone.

Os falantes do Disco 2 Pro entregam um som muito agradável para diferentes estilos musicais e o controle de graves de cada concha oferecem uma camada a mais para personalizar a experiência. Aqui, configuradas no maior nível possível (entre 0 e 4), os graves são apresentados com bastante impacto, mas não comprometem a entrega de outras frequências.

Dessa forma, consegui ouvir músicas com uma considerável riqueza de detalhes, bem como distinguir elementos sonoros em jogos e ainda manter a imersão desejada. Os graves e os efeitos da jogatina não camuflaram totalmente a voz de meus colegas no Discord, portanto era tudo que eu esperava para o modelo.

Para um bom fã de músicas eletrônicas, em especial Drum and Bass, e rock estilo Post-Punk, o Disco 2 proporciona uma escuta imersiva, rica e encorpada.

Os problemas do Disco 2 Pro

Em todas as reviews que assisti sobre o Disco 2 Pro, uma queixa era comum: ele aperta bastante a cabeça. De começo, achei que fosse um exagero, mas estava enganado.

Ao longo do tempo, os fones criam um certo desconforto proveniente da resistência do arco. Como alternativa, a Kuba sugere lacear o produto manualmente, esticando o arco até atingir a pressão desejada. Ainda não fiz o procedimento, mas espero que resolva.

Outro ponto de desconforto são as almofadas. Embora sejam adjetivadas como tamanho “XL” (sigla para “Extra Large”, em inglês), acho que seu diâmetro é pequeno. Isso faz com que o fone não cubra totalmente minhas orelhas, mas fique apertada contra o lóbulo, gerando um desconforto ao longo do tempo.

Esse tamanho reduzido foi minha maior frustração, principalmente considerando que sou um ex-dono de um HyperX Cloud Alpha.

Não sei dizer se almofadas maiores mudariam significativamente no projeto acústico do Disco 2, mas certamente seriam bem-vindas. Fato é, porém, que elas não se encaixariam perfeitamente nas conchas da Kuba, já que elas têm o mesmo diâmetro das almofadas XL.

Quero comprar um fone Kuba, mas qual devo escolher?

Graças à intercambiabilidade dos componentes, a escolha entre os fones da Kuba se resume aos detalhes. O Nia Headset, o mais acessível da linha, é uma ótima porta de entrada para a família, e pode ser aprimorado posteriormente com conchas da linha Disco 2 ou conexão Bluetooth.

O Disco 2 Clássico, o Disco 2 Pro e o Disco 2 Bluetooth possuem a mesma qualidade sonora, compartilhando as mesmas conchas, mas se diferenciam em funcionalidades e construção. O Disco 2 Bluetooth já vem com arco compatível com conexão sem fio; o Disco 2 Clássico conta com um arco de madeira e cabo padrão; enquanto o Disco 2 Pro apresenta arco metálico e cabos Pro.

Se a necessidade incluir um microfone, é preciso adquirir separadamente o Cabo Headset, compatível com qualquer headphone da Kuba. Ele é vendido em tamanho único de 1,5 m e possui revestimento em tecido. Como não o adquiri, não posso avaliar sua qualidade de captação.

Vale a pena comprar um Kuba Disco?

Na minha opinião, vale a pena comprar um Kuba Disco 2 — mas somente se você estiver com tempo de sobra para esperar. Os fones são construídos em boa qualidade, o potencial de reparos oferecidos pela construção é excelente e a qualidade sonora atendeu às minhas necessidades para ouvir músicas, conversar com amigos na internet e jogar.

Sim, algumas coisas poderiam melhorar: a construção das conchas podia ser um pouco mais bem trabalhada — plástico não é o problema, mas o tipo escolhido contrasta significativamente com outras partes do produto. Visualmente, não tenho o que reclamar: elas são bem elegantes e reconhecíveis.

Muito provavelmente, a substituição do material das conchas impactaria o projeto acústico dos fones, tornando o plástico uma escolha estratégica para alcançar o som esperado. No entanto, para um modelo que se intitula "Pro", eu esperava uma construção mais robusta. Acredito que a diferença de preço entre o Disco 2 Clássico e o Disco 2 Pro poderia ser ainda maior caso houvesse uma distinção significativa na qualidade dos materiais utilizados.

Quanto à entrega, embora tenha demorado mais do que uma compra convencional na internet, o tempo estimado para a confecção dos lotes é aceitável considerando a montagem artesanal. No meu caso, a espera foi maior do que o estimada, mas imagino que seja algo atípico dentro da Kuba — e a compensação foi bem agradável.

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Por fim, existe a questão do conforto. Uso fones diariamente para trabalho e entretenimento, portanto preciso de algo confortável para encarar essas longas jornadas. O aperto do arco é solucionável, mas o tamanho das conchas não é. Infelizmente, não existem almofadas em tamanho maior à venda no site da Kuba, porém, se tivesse, eu certamente compraria para evitar esse cansaço.

As mudanças de projeto

Após ler a análise, Leonardo Drummond posicionou a marca quanto às queixas do Kuba Disco 2 Pro. Segundo o audiófilo, as conchas do Kuba Disco 2 Pro chegaram a ter construção em metal, mas foi revertido para plástico justamente para tornar o produto mais leve — e, por consequência, mais confortável. Segundo ele, a troca reduziu o peso do periférico em cerca de 25%.

Além disso, a peça de metal também tornava o produto mais frágil, descolando facilmente após quedas. “Ao trocar a peça por plástico, você perde no luxo, mas ganha muito mais em conforto, através da redução de peso, e em robustez para o fone”, disse ao TecMundo.

Quando ao aperto, o executivo também reforçou a sugestão de lacear o produto. Segundo ele, o processo é bem rápido e não oferece riscos ao dispositivo.

Esse artigo foi atualizado em 25/03/2025 com a resposta de Leonardo Drummond, cofundador da Kuba.