Touch2See: tecnologia permite que pessoas cegas 'sintam' o futebol

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O torcedor merece as melhores condições possíveis para acompanhar uma partida de qualquer esporte no estádio. Pessoas com deficiência visual ou baixa visão, porém, têm limitações para compreender todos os lances e ter a experiência completa de saber o que está acontecendo no campo.

Nesses casos, normalmente elas precisam da ajuda de uma pessoa com visão que "narre" os acontecimentos em campo. Ainda assim, pode ser difícil entender exatamente como um lance aconteceu e se confundir em meio ao barulho da torcida.

Uma tecnologia criada por uma startup promete mudar isso e tornar a ida ao campo uma atividade inclusiva. O dispositivo, que se chama touch2see, já é visto como uma possível revolução na acessibilidade e deve ser cada vez mais visto em estádios ao redor do mundo.

Times como o italiano Cagliari já testaram o dispositivo em partidas — e a reação de satisfação e felicidade dos torcedores que agora podem acompanhar melhor um jogo no estádio mostra a importância desse tipo de projeto.

Como o touch2see funciona?

O touch2see é, basicamente, uma espécie de tablet com recursos táteis e sonoros. Em vez da tela, ele traz uma superfície que representa o campo daquele esporte.

O dispositivo é formado por três mecanismos que se complementam: um ímã que representa a bola e é movimentada em tempo real, uma descrição em áudio que resume as ações daquele momento e leves vibrações que indicam a intensidade do lance, como um risco real de gol.

O touch2see é usado no colo do torcedor e é como uma miniatura do estádio. (Imagem: Divulgação/touch2see)
O touch2see é usado no colo do torcedor e é como uma miniatura do estádio. (Imagem: Divulgação/touch2see)

Quando um time vai ao ataque, por exemplo, o ímã se move de acordo com a posição atual da bola — e o torcedor pode saber exatamente por qual pedaço do campo acompanhando esse movimento com os dedos.

Segundo a fabricante, o touch2see é um dispositivo intuitivo de se usar e autônomo, ou seja, que não precisa de conexão com a tomada. Ele é pensado até mesmo para quem vai ao estádio sozinho ou não tem o suporte de uma pessoa com visão ao lado.

A criação é de Arthur Chazelle, um empresário que foi inspirado pelo trabalho de um colombiano que viralizou há alguns anos: Cesar Daza, que "traduz" partidas de futebol para pessoas cegas usando uma miniatura de um campo, descrições e as mãos do torcedor.

Implementação gradual

Até o momento, o touch2see foi implementado apenas em alguns lugares do mundo e para determinados esportes. Testes aconteceram na Copa do Mundo de Rúgbi de 2023, nos Jogos Paralímpicos de Paris, na Copa Africana de Nações e no Campeonato Francês de futebol em 2024, com alto índice de aprovação.

O basquete também é um esporte suportado pela tecnologia, mas o objetivo da startup é fazer com que várias outras competições de bola tenham a própria versão no futuro — incluindo tênis, handebol, hóquei no gelo e futebol americano.

O funcionamento do aparelho, entretanto, depende também das capacidades dos estádios e da disponibilidade de clubes. As arenas precisam ter sensores e câmeras que registram todos os movimentos, uma plataforma que converta o material em vídeo para dados e uma conexão 5G estável para a transmissão de informações ao touch2see de cada usuário.

Algumas operadoras de telefonia como a europeia Orange já demonstraram interesse na tecnologia e participaram de alguns dos testes.

Como essa é uma tecnologia já presente em muitos locais para outras funções, como análise de desempenho e o assistente do árbitro de vídeo (VAR), a implementação pode ser mais rápida do que o esperado.

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