Nesta quarta-feira (22), os processadores Intel Pentium completam 30 anos. Lançada em 22 de março de 1993, a quinta geração de CPUs x86 foi por décadas a linha de processadores mais popular, estando presentes em praticamente todos os computadores domésticos até meados dos anos 2000.
Contudo, a Intel confirmou que 2023 não irá mais fabricar novos modelos de processadores Pentium. Dessa forma, além de completar três décadas, este será o ano derradeiro para a família de CPUs que é, possivelmente até hoje, a mais conhecida da empresa.
Pensando nisso, o TecMundo preparou um histórico sobre os CPUs Intel, indo dos primeiros modelos ao “guerreirinho” que moldou gerações e fez parte, não apenas da história da empresa, mas dos alicerces da atual economia global digitalizada.
Processadores Intel através dos anos
A Integrated Electronics foi fundada em 1968, no estado da Califórnia. Criada por Gordon Moore — o mesmo da Lei de Moore — e Robert Noyce, a Intel começou sua trajetória projetando e fabricando circuitos integrados. Apenas em 1971 a empresa lançou seu primeiro microprocessador comercial.
Era pré-x86
O 4004 foi um CPU de 4-bits, com frequências entre 108 e 740 kHz e 2.300 transistores. O processador compunha as UniCom 141P, primeiras calculadores programáveis com impressora. Apesar de inovadoras, o preço de US$ 695, equivalente a US$ 5 mil em 2023, tornaram o produto um fracasso comercial.
Calculadora programável Unicom 141P com primeiro processador Intel 4004.Fonte: Collectors Weekly / Reprodução
Em 1972, a Intel substituiu o 4004 pelo 8008, de 8-bits e com frequências que já se aproximavam a 1 MHz. Seu sucessor, por sua vez, demorou um pouco mais para ser lançado. Apenas em 1974 o Intel 8080 chegou ao mercado, equipando os Altair 8080.
Intel 8086 ao x486
A chegada dos processadores 8086, em 1978, marcou o início da arquitetura x86. Também conhecidos como iAPX 86, eles foram os primeiros CPUs comerciais da Intel com 16-bits, projetados para operar como controladores de sistemas embarcados.
Por anos, a maioria dos lançamentos da Intel eram variações do 8086, geralmente voltados para projetos específicos. Um dos clones foi o 8088, presente no IBM PC 5150 de 1981, modelo que definiu o principal padrão de computadores domésticos, já com o DOS 1.0 da Microsoft.
Os primeiros sucessores do 8086 chegaram apenas em 1982 com os 80186 e 80286, ambos com frequências de até 25 MHz. Enquanto o i186 ainda era voltado para sistemas embarcados, o i268 esteve presente nas duas gerações seguintes de computadores IBM, o PC/AT e o PS/2.
Lançado em 1985, o i386 introduziu o barramento de 32-bits, e conseguia realizar até 11 milhões de instruções por segundo (MIPS). Com o lançamento dos i486 em 1989, esse desempenho saltou para até 50 MIPS em frequências de 50 MHz, entregando mais que o dobro das instruções por ciclo.
No início da década de 1990, a AMD, já no mercado de CPUs, também utilizava a arquitetura x86 no nome de seus produtos. Para se afastar da concorrência e trazer um apelo menos técnico e mais amigável, em 1993 a Intel batizou de Pentium a sua 5ª geração de CPUs x86 — e justamente por ser a quinta é que o nome escolhido foi "Pentium", de "penta" — , criando o selo que dominou o mercado por quase duas décadas.
Intel Pentium (i586)
Em termos de desempenho, os principais rivais no segmento de CPUs eram os processadores RISC. A arquitetura original dos chips ARM utilizava conjuntos de instruções reduzidas, simplificando operadores e agilizando o desenvolvimento de softwares, bem como sua execução.
Os primeiros processadores Pentium i586, ou P5, não ofereciam grandes melhorias sobre o 486, e menos ainda em relação aos modelos RISC. Entretanto, muito disso se deu pelo esforço da Intel de manter a retrocompatibilidade com aplicações x86, sendo justamente este o aspecto que garantiu o sucesso inicial da nova marca.
As gerações seguintes continuaram a trazer pequenos incrementos e novas tecnologias embarcadas. Entre elas destacavam-se o conjunto de instruções para extensões multimídia (MMX), as linhas paralelas Xeon, para workstations com suporte a dois processadores físicos em uma mesma placa-mãe, e os Celeron, projetados como CPUs de baixo consumo, inicialmente para laptops.
A mudança mais notável para o público geral, todavia, foi o escalonamento de frequências, em uma disputa direta com a AMD. O primeiro Pentium chegou ao mercado com clocks de 200 MHz, subiu para 266 MHz na geração seguinte, e sucessivamente até os impressionantes 1,4 GHz a 2,2 GHz do Pentium 4.
Hyper-Threading e o princípio dos Dual Core
Aumentar frequências, no entanto, resultava em projetos térmicos cada vez mais elevados. Até hoje, alimentação e dissipação de calor são as principais barreiras para processadores mais rápidos. Com isso, a Intel optou por buscar uma solução para aumentar desempenho, focando em outros aspectos.
Em 2002, a empresa lançou os primeiros chips com a tecnologia de hyperthreading (HT), implementando a capacidade de processar dois fluxos simultâneos de instruções. Mesmo em clock mais baixos, CPUs de 3 GHz com HT chegavam a superar modelos com frequências superiores a 3,6 GHz.
Em 2005, a AMD apresentou os Athlon 64 X2, processador que contava com dois núcleos físicos num mesmo chip. Além disso, os novos CPUs também traziam a tecnologia de múltiplos threads, forçando a Intel a agir rapidamente para não perder espaço no mercado.
A resposta veio com os Core 2 Duo, em 2006. Apesar de também lançar o Pentium Dual Core, a empresa já ensaiava deixar de lado a marca para a chegada do que seria seu sucessor, os Intel Core.
Chegada dos Intel Core e fim de uma era
Em 2008, a Intel lançou os primeiros Intel Core i3, i5 e i7, oferecendo três linhas paralelas de produtos para segmentos diferentes. A partir deste ponto, os Pentium se tornaram uma família mais simples de processadores, com bem menos tecnologias que os Intel Core.
O Pentium Gold 8505, último modelo sob a marca, foi lançado em 2022. Ele até utiliza a arquitetura Alder Lake híbrida, mas limitada a 5 núcleos, sendo que apenas um deles é voltado para desempenho com suporte a hyper-thread.
Desde 2019, a série Intel Core ainda adicionou o Core i9, de altíssimo desempenho, mas o excesso de produtos nos segmentos inferiores criava modelos redundantes com aplicações similares. Dessa forma, a estratégia da Intel é agregar todos os CPUs desse nicho sob a marca Intel Processors, deixando o portfólio atual da seguinte forma:
- Intel Xeon — servidores e worksations;
- Intel Core i3, i5, i7 e i9 — desktops de entrada a topo de linha entusiastas;
- Intel Processors — CPUs baixo consumo com foco principal em sistemas embarcados;
- Intel Atom — CPUs de baixo consumo para sistemas seguros e de operação em condições extremas.
Após 30 anos de mercado, esse movimento encerra a série Pentium como modelo dedicado. Na prática, sua essência continuará a existir, mas comercialmente não fazia mais sentido manter diversos produtos sob selos diferentes.
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